Ano vai, ano vem, e o Estado de São Paulo, seja a Capital, sejam as cidades do interior, continua a sofrer com as chuvas.
Na tarde do dia 18 de fevereiro de 2023, várias cidades do Estado de São Paulo foram atingidas por fortes temporais, nelas inclusa a Grande São Paulo.
No interior, cinco cidades tiveram de declarar estado de emergência e, por óbvio, festividades de carnaval tiveram de ser canceladas. As cidades em questão foram Sorocaba, Piedade, Salto de Pirapora, São Bento do Sapucaí e Boituva. Dezenas de bairros foram alagados, e um número maior ainda de famílias precisaram deixar suas casas, muitas de barco, em razão do alto nível a que chegou a água.
As fortes chuvas também atingiram o litoral paulista. Em Ubatuba, uma criança de 7 anos morreu em decorrência de um deslizamento de terra sobre uma residência, durante a madrugada. Outras duas mortes foram noticiadas, sendo uma delas um bebê de 9 meses e de uma mulher de 40 anos de idade.
Na capital, inúmeros pontos de alagamento foram registrados, como de costume. Certamente notícias de mortes e desaparecidos virão.
A questão que fica é: por que estas tragédias continuam a se repetir, ano após ano? Talvez em maior intensidade?
Não são meras tragédias. São crimes contra o povo brasileiro.
Ora, as cidades brasileiras estão caindo aos pedaços, no que diz respeito à sua infraestrutura de controle de escoamento pluvial (e em vários outros aspectos). Soma-se a isto o fato de o povo brasileiro ser forçado a viver em moradias precárias, em encostas de morros, ou em fundos de vales, pois não possuem uma renda digna para poder alugar um imóvel em um lugar seguro para se morar (lugar este que está cada vez mais raro de se encontrar no Brasil).
Afinal, para se alugar imóveis em locais que não são assim tão afetados pelas enchentes, a pessoa precisa despender pelo menos mais de dois salários mínimos. E como fazer isto se a maioria dos brasileiros sequer ganha um salário mínimo, o qual, por si só, já é uma miséria (R$1.302,00)?
E de quem é a culpa dessa situação? Do povo, que joga lixo na rua, e entope os bueiros, dirão os moralistas de plantão…
Não, a culpa é da burguesia, em especial dos banqueiros parasitas que comem metade do orçamento nacional com os juros da dívida pública.
Com todo esse dinheiro indo para a mão dos bancos e dos especuladores financeiros, o Estado Brasileiro não tem condições de investir na infraestrutura necessária para reverter o cenário de destruição que vemos por todas as cidades brasileiras, para construir verdadeiros sistemas de escoamento pluvial.
Ademais, cumpre mencionarmos que enquanto a maior parte do povo brasileiro é forçado a viver em moradias precárias, há dezenas de milhares de imóveis ociosos em locais centrais nas grandes cidades brasileiras. Tais imóveis ociosos servem puramente à especulação imobiliária, à serviço dos grandes capitalistas, das grandes construtoras e, eventualmente, dos mesmos banqueiros que parasitam o orçamento público, conforme mencionado acima. O povo que reside precariamente poderia ser perfeitamente abrigado em tais imóveis.
No entanto, o capital fala mais alto.
Para a burguesia de agora, o pais e o povo pode se explodir. A vida do povo pode ser o inferno na terra. Os capitalistas têm a confiança de que o teto não irá cair sobre a cabeça deles, mas dos próximos, somente depois que eles tiverem colhido todos os louros. Ledo engano. A esse ritmo, o dia do acerto de contas não tardará a chegar, e o teto cairá sobre a cabeça dos burgueses também. Não pela chuva, mas pela revolta popular.