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Cortina de fumaça

China x EUA: quem é a verdadeira ameaça?

Governo americano está utilizando o balão chinês e uma profusão de notícias sobre ovnis na grande imprensa como desculpa para mais ações militares

Destroços do balão

No último domingo (12/02), os EUA abateram o 4º objeto voador não identificado (OVNI) na mesma semana. O que começou com o abate de um balão chinês, ainda não confirmado se de fato era espião, transformou-se em um evento que se expande desde o Canadá, passando pelo Uruguai, até a China — que também alega perseguir OVNIs em seus céus. Até o momento, não se sabe a correlação entre os avistamentos (se é que exista algum), ou mesmo o que seriam esses objetos. O que está claro, no entanto, é a deterioração das relações sino-estadunidenses.

Após o abate burlesco de um balão chinês que trafegava sobre o território estadunidense por dias, o imaginário da população mundial foi capturado por notícias de objetos voadores não identificados. Em tom ambíguo, Washington cria um clima de pânico, permitindo que notícias dos grandes conglomerados da imprensa — órgãos externos do Estado Norte-americano —  martelem a tese de que os “balões espiões chineses estariam por toda a parte”. 

É no mínimo estranho, no entanto, que essas aparições de OVNIs ocorram logo após o abate do balão chinês. E, pior, nenhum dos supostos objetos voadores não identificados foram revelados para o público após o abate, diferentemente do balão chinês, que teve seus destroços amplamente divulgados. 

Ao que tudo indica, o primeiro abate foi o início de uma campanha de vilanização do Estado chinês. Divulgado em rede nacional, se esperou que o objeto entrasse nos EUA continental para que fosse abatido. A situação torna-se ainda mais circense quando se entende que, de acordo com as correntes de ar da região, o balão já havia passado pelo Alasca. 

A resposta do governo chinês foi direta: alegou que o objeto voador tinha por finalidade a mera pesquisa meteorológica e que se perdeu do curso estabelecido, vindo a adentrar os EUA. Tal alegação não é absurda. Um país como a China, ou EUA, dispõe, de diversos mecanismos sofisticados para realizarem seus trabalhos de espionagem. Caso o interesse fosse realmente esse, seria muito mais prudente utilizar um satélite. 

Por conta da espetacularização do abate, além da sua realização sem prévia comunicação com a China, o gigante asiático recusou um telefonema do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin. Este objetivava o diálogo com seu homólogo chinês, Wei Fenghe, após o primeiro balão ser derrubado. 

Em meio à crise, o porta-voz da chancelaria do país asiático, Wang Wenbin, respondeu a jornalistas: “Desde o ano passado, balões de alta altitude dos EUA operaram mais de dez voos ilegais no espaço aéreo chinês sem a aprovação das devidas autoridades”.

Sem entrar nas pequenas polêmicas — especialidade estadunidense — Wang continuou: “A primeira coisa que os americanos deveriam fazer é olhar para si mesmos e alterar seus modos, não manchar [a nossa honra] e incitar o confronto.”

O Sudeste asiático

É importante entender que este circo criado pelos Norte-americanos ocorre em meio ao aprofundamento das tensões no Mar do Sul da China. Em 02 de fevereiro as Filipinas anunciaram a ampliação da cooperação com os EUA. Quatro bases militares foram cedidas aos estadunidenses pelo Estado filipino, no que significa a maior presença militar Norte-americana na região desde 1993.

 No entanto, Mao Ning, porta-voz da chancelaria chinesa, foi taxativo sobre o acordo: “eleva tensões e põe em perigo a estabilidade regional. […] Países da região devem seguir vigilantes e evitar que sejam usados pelos Estados Unidos”.

Isso não é tudo

A presença estadunidense na região se estende para muito além das Filipinas. Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Havaí e o Alasca são alguns dos territórios que abrigam bases militares estadunidenses. Estamos falando de um “muro de contenção” anti-China que se estende de Norte a Sul. O Exército dos EUA no Pacífico tem aproximadamente 106.000 militares; além disso, mais de 300 aeronaves e cinco embarcações de reabastecimento designadas entre Japão e  Coreia, até o Alasca e o Havaí. Destaca-se que os números também incluem mais de 1.200 militares de Operações Especiais.

Seria cômico, se não fosse trágico

A verdade todos sabemos: a segurança nacional dos EUA não está em risco por conta de um balão. Os tais “OVINIs” apareceram após o abate do balão chinês. Nenhum dos supostos objetos voadores avistados e abatidos foram revelados ao público, diferentemente do balão chinês, onde o abate foi até televisionado. Somando esses elementos ao aumento de tensão sobre Taiwan e o lento (mas constante) avanço russo sobre a Ucrânia, cria-se um quadro que aponta o início de uma campanha psicológica para “pintar” a China como uma ameaça global, espionando do Uruguai ao Canadá sem oposição. De tal maneira que, internamente para o público estadunidense, torna-se premente a “defesa” contra a China e seus interesses. Externamente, os EUA vendem a OTAN como o único escudo contra os “tentáculos” euro-asiáticos. 

A verdade, no entanto, é teimosa. Os EUA continuam sendo, de longe, a maior ameaça ao mundo. Com 108 operações militares (confirmadas) desde de 1950. 740 bases militares confirmadas fora de seu território e outras 53 não confirmadas; além de inúmeros laboratórios químicos e biológicos. E para coroar, o Império Norte-americano conta com mais de 50 tentativas (bem e mal sucedidas) de “mudança de regime” em diversas nações desde 1945, o que inclui o golpe de 1964 e 2016 no Brasil.

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