No último domingo, dia 25 de junho, o Ministério das Relações Exteriores da China apoiou os esforços da Rússia na busca pela segurança e estabilidade do país. A declaração foi feita logo após o desfecho da crise entre o governo Putin e o grupo paramilitar Wagner na semana passada. O apoio à Rússia por parte dos chineses reforça o compromisso que vai muito além da diplomacia entre gigantes estratégicos da região euro-asiática. São dois países que constroem laços econômicos e políticos em comum com maior intensidade há uma década aproximadamente.
Desde a crise de 2008 o imperialismo torna-se cada vez mais débil. A vitória de Lula e a sua política de governo nos seus seis primeiros meses mostrou um vigor nacionalista e principalmente uma política externa muito positiva em termos de enfrentamento contra o imperialismo, por mais que o governo não tenha assumido uma postura pró Rússia de uma maneira direta. O crescimento dos BRICS e o alinhamento de vários países na direção da Rota da Seda comandada pela China, das aproximações entre a Arábia Saudita e o Irã e da parceria entre Brasil e Argentina no Mercosul com ideia de moeda comum a partir da defesa do próprio presidente Lula, assim como da própria Argentina com relações comerciais Sul-Sul.
Todos esses processos conjugados são o reflexo da crise estrutural do imperialismo e sua política decadente em várias frentes e que empurraram vários países atrasados para alternativas de fortalecimento, com intenção de se protegerem contra o imperialismo. O consórcio sino-russo é a mais importante iniciativa de coalizão anti-imperialista desde antes da Segunda Guerra Mundial. E as declarações chinesas de apoio a Rússia no que diz respeito a defesa do seu país faz parte da estratégia de associação de duas potências regionais em franca expansão em termos econômicos e força política.
Esta é a primeira reação oficial da China à situação na Rússia. Neste sentido, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, foi recebido no último domingo pelo ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang.
Essa reciprocidade de longa data, desde o início das aproximações entre Rússia e China na entrada do século XX e muito mais intensa com a crise do imperialismo entre o final da primeira década de 2000 e a entrada da segunda com os eventos da chamada “Primavera Árabe”, com o ápice do golpe na Ucrânia em 2014 e no Brasil em 2016. A imprensa burguesa frequentemente acusa a Rússia de autoritária e de país invasor a um país livre justamente porque se trata de um inimigo das grandes potências. O declínio econômico e político do imperialismo e o avanço geopolítico e geoeconômico da aliança sino-russo mostra que o apoio da China à Rússia é mais que diplomático, porque vai na direção do fortalecimento anti-imperialista que contribui para a dissolução de um dos sistemas mais prejudiciais para os povos no mundo todo.