Matéria publicada na RT, neste 3 de dezembro, traz declaração de Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN: “Devemos estar preparados para más notícias”. Stoltenberg também disse que a indústria do bloco militar não atingiu o nível necessário para satisfazer Kiev.
Desde o início da operação especial russa na Ucrânia se fala da incapacidade da OTAN em produzir munição suficiente para suprir os ucranianos, os estoques de muitos países estão já em um nível preocupantemente baixo. Não bastasse isso, o conflito na Palestina exige que o imperialismo, mergulhado em uma crise que só aumenta, concentre seus esforços em manter Israel respirando.
O orçamento militar russo (US$ 65.9 bi), apesar de ser menos de um décimo do americano (US$ 877 bi), por exemplo, tem produzido muito mais armas, mais eficientes, e a um custo bem mais baixo. O neoliberalismo, além da corrupção desenfreada, destruiu a indústria dos Estados Unidos e da Europa. Para se ter ideia, um único drone MQ-9 Reaper custa US$ 64,2 milhões. O modelo mais recente de um míssil Patriot, o PAC-3, chega a US$ 4 milhões. O sistema todo, incluindo lançadores, radares etc, tem um custo médio de US$ 1,5 bi.
É por essa razão que Stoltenberg disse pensar que “um dos problemas que devemos resolver é a fragmentação da indústria de defesa europeia. Não somos capazes de trabalhar tão estreitamente como deveríamos”. Além disso, apelou aos Estados-membro para “superarem os interesses nacionais e estreitos” e aumentarem a oferta em vez de desfrutarem do aumento dos preços”.
Nesta quarta-feira (29/11), após reunião com ministros de Negócios Estrangeiros da OTAN, em Bruxelas, o secretário-geral alertou: “a Rússia acumulou um grande arsenal de mísseis antes do inverno”.
Na verdade, não se trata apenas de a Rússia ter acumulado armas, mas de as estar produzindo em um ritmo forte, como se estivesse em “pé-de-guerra” e que, portanto, “aumentar a produção é de importância decisiva”.
Fracasso na ofensiva
O ministério da Defesa russo declarou que nos últimos seis meses, o que corresponde à “contra-ofensiva” ucraniana, Kiev perdeu 125 mil soldados. A realidade é tão crua que o próprio Stoltenberg reconheceu em uma entrevista ao canal de televisão alemão Das Erste, neste sábado, que as linhas da frente ucraniana têm permanecido praticamente inalteradas. E acrescentou “as guerras são difíceis de programar”.
O clima não é dos melhores, Stoltenberg dizer que precisam estar preparados para más notícias, é praticamente admitir a derrota. Pouco vale ele declarar que as “as guerras ocorrem por fases” e que devem “apoiar a Ucrânia, tanto nos bons como nos maus momentos”. Ele deveria se perguntar se a classe trabalhadora europeia está disposta a se comprometer nesse “casamento” que tem provocado um número enorme de vítimas e aumento no custo de vida.
Stoltenberg não pode admitir publicamente, mas o fato é que já estão abandonando a Ucrânia. O governo Zelensky passa por uma grande crise, pois há setores que pensam em um acordo de paz e outros que querem continuar endividar o país com o imperialismo. Por isso já se fala em demitir o alto-comando das forças armadas. O prefeito de Kiev, Vitaly Klitschko, disse que Zelensky evoluiu para o autoritarismo e que toda a Ucrânia está refém do “humor” de uma única pessoa, mas sabemos que o presidente ucraniano não passa de um fantoche do imperialismo.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou que a Ucrânia está desaparecendo dos noticiários e da vista do público, o que, segundo ela, pode ser catastrófico. No entanto, simultaneamente, a Alemanha tenta reduzir sua participação no Mecanismo Europeu para a Paz (EPF), o orçamento desse fundo da União Europeia, de 20 milhões de euros, tem sido canalizado quase que exclusivamente para Kiev. Os alemães representam 25% do montante.
Crise atrás de crise
O imperialismo vem sofrendo enormes reveses e os problemas surgem em espaços de tempo cada vez menores. Após o Vietnã, os Estados Unidos foram derrotados no Iraque, na Síria, no Afeganistão, na Ucrânia, nessa guerra por procuração; e as coisas, a despeito de toda a propaganda e morticínio, não vão bem para Israel contra os palestinos.
O imperialismo está tentando a duras penas controlar a China, o continente africano e, no meio de todas essas frentes que vão se abrindo, a Venezuela começa a reivindicar território, o que tensiona a América Latina.
A dominação imperialista se encontra em sua pior crise, os países oprimidos começam a levantar a cabeça e a se rebelar. O recente ataque palestino a Israel acabou desfazendo o mito de “Israel invencível”. Os sionistas estão bombardeando impiedosamente civis na Faixa de Gaza, porém não conseguem sucesso na incursão terrestre, que seria fundamental para controlar. Em vez disso, sofreram pesadas baixas com a destruição de centenas de blindados.
A situação política em todo o Oriente Médio é explosiva, os governos subservientes ao imperialismo estão por um fio, pois as populações querem ação em favor do povo palestino. Uma derrota israelense, combinado com o enorme fracasso na Ucrânia, podem fazer ter um efeito devastador para imperialismo.