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Crise imperialista na África

Chances de ocorrer invasão imperialista do Níger aumentam

Ameaças do imperialismo podem levar a uma guerra de dimensões continentais na região

O impasse no Níger se aprofunda. Longe de chegar a um acordo sobre a retomada institucional no país, a CEDEAO e o imperialismo continuam defendendo a guerra como uma opção viável. Enquanto isso, o bloco regional permanece entrecortado por países sob controle de militares anti-imperialistas.

Após expirar o ultimato feito pela CEDEAO aos militares do Níger, vimos o início da preparação de uma gigantesca operação militar.  O Bloco do Oeste africano voltou seus canhões para o Níger, que por sua vez conta com o apoio militar do Mali e Burquina Faso, além do apoio tácito da (também membro suspenso da CEDEAO) Guiné e a República Centro Africana. Não é preciso mencionar, obviamente, a Rússia com seu grupo Wagner atuando em diversas localidades no continente africano, incluindo o Mali. 

Devido à complexidade de uma intervenção militar da CEDEAO sobre o Níger, que imediatamente abriria fronts em Burquina Faso e Mali, opções diplomáticas sempre estiveram à mesa, mesmo com tal retórica belicosa. Não à toa, a Subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, responsável, dentre outros feitos, pela articulação do golpe de 2014 na Ucrânia, a srª. Victória Nuland, foi até o Níger em busca da capitulação dos militares nacionalistas. O que não alterou os rumos dos militares nigerinos.

Da mesma maneira, as articulações no continente africano continuaram. Em um primeiro momento, Bola Tinubu, presidente da Nigéria e atual presidente rotativo da CEDEAO, havia dado a entender que proporia um novo prazo para a retomada da normalidade constitucional, tendo como modelo a transição da própria Nigéria, que ocorreu ao longo de nove meses. No entanto, a própria CEDEAO negou a afirmação do presidente, defendendo a tese de que as palavras de Bola Tinubu não eram “literais” e que o presidente estava apenas estabelecendo que os militares nigerinos deveriam ceder o poder em um processo negociado, tal qual os militares nigerianos em 1999.

No momento, a Argélia é o único país com uma proposta concreta para a transição de poder no Níger. Ainda em julho, o país africano anunciou, através de seu Ministro dos Negócios Exteriores, Ahmed Attaf, o que todos nós já sabíamos: “a maioria dos países com quem falamos são contra a intervenção militar para acabar com a crise”. Ou seja, apesar da propaganda belicosa, o imperialismo francês, estadunidense e seus lacaios na CEDEAO, foram incapazes de galvanizar mais uma intervenção militar no continente. 

A proposta argelina tenta construir um entendimento que encurte os três anos de transição institucional requisitados pela junta nigerina, para apenas seis meses. O general Abdourahamane Tiani, pediu “um período de transição que dure no máximo três anos”, lembrou o Ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ahmed Attaf, numa conferência de imprensa em Argel. “Mas, em nossa opinião, o processo pode ser concluído em seis meses, para que o atual golpe de Estado não se torne um ‘facto consumado’”, acrescentou.

Ahmed Attaf não especificou se Mohamed Bazoum, o presidente deposto no Níger, participaria da transição.  Mas a proposta vai além, estabelecendo um processo de transição “por um período máximo de seis meses, com a participação e aprovação de todos os partidos no Níger sem exclusão”, sob a supervisão de uma “autoridade civil chefiada por uma figura consensual aceita por todos os setores da classe política”, objetivando alcançar a “restauração da ordem constitucional no país”, segundo Attaf.

Apesar de apoiar uma transição institucional e um governo civil, o Ministro dos Negócios Exteriores da Argélia foi incisivo na posição do país com relação a qualquer apoio, em qualquer esfera, para uma operação militar contra o Níger:

Rejeitamos uma solução militar, como poderíamos autorizar o uso do nosso espaço aéreo para uma operação militar?

Ahmed Attaf, Ministro dos Negócios Exteriores da Argélia

Somam-se as palavras de Attaf, as declarações do Presidente Tebboune, que anunciou no dia 6 de Agosto que “rejeita categoricamente qualquer intervenção militar externa” no Níger, descrevendo tal aventura como “uma ameaça direta à Argélia”. O ministro Attaf alertou que os “efeitos catastróficos” de uma intervenção militar podem “empurrar milhares de nigerinos para o caminho da migração” e que um novo conflito nesta região tem o potencial de tornar-se “uma incubadora adicional para o terrorismo e o crime organizado” que já empesteiam a faixa do Sahel. Perguntou o chefe de Estado argelino, apontando como exemplo a Líbia e a Síria, dois países que vivem há anos em guerra civil:

Em que situação estão hoje os países que sofreram uma intervenção militar?

Presidente Tebboune

É fácil compreender o motivo de tanta preocupação dos países da região, como já tratamos neste artigo, Mali e Burquina Faso estão em aliança com o Níger o que traria uma intervenção neste último em uma guerra de alcance continental com consequências desastrosas para todos os envolvidos diretos. Mas não é só isso, observando o mapa dos membros suspensos da CEDEAO por conta de golpes de Estado contra as instituições fantoches do imperialismo, entendemos que o conflito tem o potencial de escalar dentro do próprio bloco regional com a incerta Guiné

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