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Cerco ao futebol brasileiro: ataques a Vini não são por acaso

Vinícius Júnior é a expressão de uma vitória da classe operária brasileira, que transformou o futebol numa potência de um país atrasado

O jogador Vinícius Junior foi novamente vítima de xingamentos racistas oriundos de torcedores espanhóis. Ele, que joga no Real Madrid, está vivenciando esta situação cada vez com maior frequência, já teve boneco seu pendurado, simulando enforcamento, e é constantemente chamado de “macaco” e “negro de merda”. 

Esses xingamentos foram ecoados pelos torcedores do Valencia, em partida vencida por este, em casa, por 1 x 0 contra o Real Madrid no dia 22 de maio. As transmissões ao vivo pegaram claramente os xingamentos de “mono” [macaco em espanhol] sendo repetidos continuamente. Ao final da partida, Vini foi agarrado pelo goleiro adversário e, depois, sofreu um golpe de mata-leão do jogador espanhol Hugo Duro. Revidando, Vini deu um tapa no rosto do espanhol e foi expulso, enquanto nada ocorreu contra os verdadeiros agressores. Segundo um dublador nas redes sociais, Vini teria saído de campo reclamando: “está tudo comprado”. Ele ainda provocou os torcedores do time rival, afirmando que o Valencia irá cair para a segunda divisão do Campeonato Espanhol (La Liga).

Os ataques a Vinicius Júnior não ocorrem por acaso. Primeiro, têm a ver com o próprio crescimento da extrema-direita espanhola, que permeia as torcidas organizadas do país. Segundo, ocorre diante do cerco que o imperialismo europeu está realizando contra o futebol brasileiro. Por isso, mesmo que haja ataques racistas contra outros jogadores negros, o caso não é tão alarmante quanto o que ocorre, praticamente em todas as partidas disputada pelo Real Madrid como visitante, contra o jogador brasileiro.

Vini é, provavelmente, o segundo melhor jogador do mundo, atrás apenas de Neymar, outro brasileiro, cuja perseguição em campo, de torcedores europeus, da imprensa e da arbitragem, atinge, cada ano, níveis nunca antes vistos. Ambos são uma expressão de uma vitória da classe operária brasileira, que transformou o futebol numa potência de um país atrasado. Vinícius e Neymar são perseguidos porque são pretos de origem pobre que expressam o que há de mais bonito no futebol, transformado em arte pelos trabalhadores brasileiros nos campos de várzea, nas favelas e periferias. Para a extrema-direita europeia, isso é um insulto para suas aspirações políticas.

Como destacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Vini é “um menino pobre, que venceu na vida, que está se transformando provavelmente em um dos melhores jogadores do mundo. Certamente, no Real Madrid ele é o melhor”.

Para os países imperialistas, o futebol brasileiro, mesmo sendo sugado constantemente pelo poder financeiro deles, é um grande problema e precisa ser desmoralizado. No Brasil, jovens negros, como Vini e Neymar, transformaram o Brasil na única superpotência do futebol mundial — entrando em conflito com os monopólios capitalistas que querem a Europa como centro da especulação em relação ao futebol. Assim, colocam o Brasil a uma condição de mero exportador de craques para sustentar os clubes europeus; aproveitam dos brasileiros — nacionalidade que mais marcou na principal competição europeia, a Liga dos Campeões — e outros estrangeiros para elevar o nível de suas competições, enquanto o futebol propriamente europeu entra em profunda decadência; mas, simultaneamente, atacam de tudo quanto é forma estes jogadores, para desmoralizá-los e, assim, tentar manter a farsa da “superioridade” do futebol europeu.

Por isso, o presidente da La Liga, Javier Tebas, atacou Vinícius Júnior após este denunciar os xingamentos que sofreu. Tebas é apoiador declarado da extrema-direita espanhola e eleitor Vox, descendente direto do fascismo franquista. Ele é membro do Comitê Executivo da UEFA desde 2021, ou seja, um importante dirigente do futebol europeu.

Sobre punições

Enquanto isso, toda a imprensa golpista brasileira aproveita o caso para defender a sana repressiva nos estádios de futebol. Ao invés de apontar os verdadeiros problemas, os jornais capitalistas defendem a prisão de torcedores e a punição com pontos dos clubes, além de multa — como ocorreu recentemente quando torcedores do Corinthians chamaram atletas do São Paulo de “bichas”. Isso, no entanto, não é uma solução real, trata-se apenas de uma política autoritária contra as torcidas e os clubes, o que facilita o controle do futebol por aqueles que, realmente, tem o poder para punir: os grandes capitalistas e os cartolas ligados a eles.

A esquerda comete um grande erro ao defender estas medidas em defesa ao “combate ao racismo”. Em entrevista ao Boa Noite 247, por exemplo, o deputado Chico Alencar, do PSOL, defendeu “medidas drásticas”.  “A investigação vai, primeiro, processar criminalmente um a um, uma a uma, quem tava lá no brado criminoso. Em segundo lugar, o clube, detectando-se que estes são torcedores de uma determinada agremiação, perde os pontos nessa partida e o estádio fica interditado por um período. Só assim, com medidas drásticas para combater esse crime, que é um racismo estrutural, que está impugnado”, sugeriu.

Alencar e o PSOL, que não são uma exceção, confirmam que a esquerda pequeno-burguesa deixou totalmente de lado a defesa dos direitos democráticos, como a liberdade de expressão e a política contrária à repressão policial e estatal. Isso, ao contrário do que se pensa, joga os torcedores no colo da extrema-direita. 

No caso Vini Jr, por exemplo, a esquerda não pode apoiar a censura e a repressão. Ao contrário, deve defender um combate por outros meios, principalmente através da organização das torcidas e dos jogadores, que devem ter o direito de se expressar livremente e se organizarem em greves e boicotes.

A volta ao Brasil

No entanto, no Brasil, é importante ainda realizar uma grande campanha pela volta dos jogadores ao país. Os ataques a Vini, Neymar e outros jogadores, como Antony e Richarlison — criticados por driblar, ou seja, por jogarem como brasileiros — estão cada vez mais constantes, com o objetivo de desmoralizar o futebol nacional. O retorno destes jogadores ao país, é, ao mesmo tempo, uma política para valorizar o futebol brasileiro; uma medida para melhorar ainda mais as competições nacionais, as mais difíceis do mundo; e uma forma de combater o imperialismo europeu, que suga nossos atletas para o exterior para depois escorraçá-los.

Nossos craques devem retornar ao Brasil e se tornarem ídolos de nossos clubes, inclusive para se desenvolverem de fato como jogadores brasileiros. Isto é importante, inclusive, para ganhar a próxima Copa do Mundo.

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