Nesta segunda-feira (4) ocorreu na subsede do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil (SindCentral) uma assembleia dos trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Após terem recuado de uma greve marcada para o dia 15 de agosto, foi aprovado o “Estado de Greve” por tempo indeterminado e o lançamento de um plebiscito para o dia seguinte (5) na Quadra dos Bancários, em São Paulo.
A iniciativa é parte de uma grande campanha encabeçada pelos sindicatos Metroviários, Sintaema, dos Ferroviários e o da Central do Brasil, e apoiada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), entre outras entidades dos movimentos sindical e sociais. Até o dia 5 de outubro, com votos coletados em diversos locais públicos de São Paulo, o plebiscito deverá recolher 1 milhão de votos contra as privatizações e preparar a greve para o próximo mês (“Quadra dos Bancários recebe lançamento de plebiscito contra privatizações em SP”, SP Bancários, 6/9/2023).
O que chama a atenção nesta mobilização é a unificação de outras categorias e também, o envolvimento da população. Nada mais democrático, finalmente, do que dar a decisão sobre as privatizações para o povo e não para governadores ou deputados. É preciso, no entanto, ressaltar que só as greves e as mobilizações populares radicalizadas podem efetivamente brecar interesses neoliberais, que já rapinaram gigantes nacionais do porte da antiga Telebrás, Petrobras e a Eletrobrás.
Com quase 11,5 milhões de habitantes e mais de 20 milhões na região metropolitana – segundo o IBGE -, São Paulo já tem um transporte público sabidamente aquém das proporções colossais da cidade, o que termina levando o trabalhador da metrópole a um gasto diário médio de 3 a 4 horas nos deslocamentos. Resolver estes problemas demanda um aumento no número de linhas e da frequência dos trens disponíveis, além de trens e trilhos tecnologicamente mais avançados, proporcionando mais conforto e rapidez no transporte. Este, no entanto, nunca foi o interesse das empresas com as privatizações das empresas públicas.
Visando o interesse puramente financeiro, a burguesia se apodera dos bens públicos para extrair daquilo que elas mesmas jamais construiriam o máximo de lucros possível. Isso, naturalmente, em detrimento da manutenção deste patrimônio, sem qualquer preocupação com as necessidades do povo, que então deverá suportar a destruição gradativa dos serviços, até que algum dia as mesmas sejam entregues novamente ao Estado, já irremediavelmente deterioradas.