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"Mulher negra no STF"

Caso Greg News escancarou o caráter imperialista do identitarismo

Os comentários do apresentador mostraram para muita gente o que é o identitarismo

O apresentador e humorista Gregório Duvivier fez um episódio de seu programa, Greg News, chamado “Eu avisei” onde critica Cristiano Zanin e defende a escolha de uma mulher negra para o STF, na próxima vaga que será aberta com a saída de Rosa Weber.

O apresentador afirma que os votos de Zanin foram “trágicos”, critica também Jorge Messias e Bruno Dantas, considerados os preferidos de Lula para a vaga. Sobrou até mesmo para o editor do Brasil 247, Leonardo Attuch. Duvivier ironiza a posição de Attuch que criticou o “linchamento público” sofrido por Zanin, insinuando até mesmo que o jornalista poderia estar ganhando uma por “ainda defender Zanin”.

Como pano de fundo do debate está a política de defesa da “diversidade” no STF. De fato, Duvivier já “tinha avisado”, ou seja, ele havia defendido essa política quando Lula ainda estava escolhendo Zanin.

Uma coisa é importante dizer sobre o debate suscitado por Duvivier: ele esclareceu muita coisa sobre quem é quem. Vejamos caso a caso.

Em primeiro lugar, é preciso ter muito claro que Duvivier pode ter a opinião que ele quiser. Não se trata, como alguns órgãos de imprensa que o defendem disseram, de cancelamento ou censura. “Quem fala o que quer, escuta o que não”, já dizia o ditado. A opinião do apresentador, no entanto, deve ser claramente situada: é a mesma opinião da imprensa golpista e do imperialismo. Em visita ao Brasil, a representante do governo norte-americano, Desirée Cormier Smith, afirmou que “já passou da hora de o STF ter uma ministra negra”.

Duvivier pode achar que a opinião “dele” é dele mesmo. Mas fato é que ela está em total coincidência com a do imperialismo. Não devemos deixar de dizer, ainda, que a emissora onde Duvivier defendeu tal opinião, a HBO, é uma grande empresa norte-americana.

Isso tudo são argumentos políticos. O ex-PCB e youtuber, Jones Manoel fez um vídeo em seu canal para defender Duvivier dizendo que as pessoas o estavam “atacando”, no sentido de que tais ataques não seriam críticas, mas uma espécie de cancelamento. Na verdade, Jones Manoel só falou mais uma besteira para acrescentar em seu currículo bestial. Justamente o que foi dito acima é um ponto importante da discussão e sobre isso, Duvivier não tem nada a dizer. Por que sua opinião é a mesma do imperialismo e da imprensa golpista?

Outro argumento importante que não é colocado por Duvivier é o seguinte: “desde quando a cor da pele e o sexo da pessoa são garantias de alguma coisa?” Seria isso uma espécie de neo eugenismo? E se ele está tão certo, como explicar a atuação golpista do negro Joaquim Barbosa e das mulheres Carmen Lúcia e Rosa Weber?

Voltando a Jones Manoel, ele diz, ainda, que Duvivier não “atacou” o Brasil 247, nem Zanin”, mas fez “críticas”. De fato, como dissemos, cada um fala o que quer e tem o direito de ter sua opinião. Mas o debate merece uma atenção especial. Vejam bem, esquerdistas como Jones Manoel, vivem transformando críticas em ataques. Agora, quando Duvivier “critica” o 247, chegando a insinuar algo de desonesto por trás da defesa de Attuch, isso não é ataque.

Descobrimos que para a esquerda pequeno-burguesa, ataca é quando ela não concorda e crítica é quando ela concorda. Esse é o único critério de Jones Manoel.

Há mais um aspecto maravilhoso do debate suscitado pelo programa de Duvivier. Como ele avançou um pouco do limite e acabou criticando o Lula, o político mais popular do Brasil, muita gente foi para as redes sociais mostrar que a posição de Duvivier era identitária. E é mesmo.

É o identitarismo a ideologia imperialista que embasa a opinião de Duvivier. Mas a quantidade de pessoas que o acusou de identitário foi tão grande que isso obrigou o próprio a se defender.

Em entrevista para a revista Fórum, que saiu em defesa do apresentador, Duvivier afirma: “As pessoas que me acusam de ser identitário também me acusam de ser um rico do Leblon. Quem acusa isso está sendo, precisamente, identitário.” A frase mostra que Duvivier não sabe o que é identitarismo, mas as pessoas estão com uma visão cada vez mais crítica sobre essa ideologia. Porque de fato, o que explica a opinião de Duvivier é o identitarismo, ou seja, não há política, não há classes sociais, nem luta de classes; há a “mulher negra trans etc”.

Na mesma entrevista, Duvivier afirma que “a dicotomia entre identitarismo e trabalhismo é falsa”. Outra besteira do apresentador. O que ele não sabe é que o identitarismo é uma ideologia – ou se quisermos, um amontoado de ideologias – que substitui a questão “trabalhista” por outras coisas.

O que Duvivier não entende é que o identitarismo não é a luta por direitos dos grupos oprimidos da sociedade. O identitarismo é a ideologia que acredita que é preciso fazer determinados ajustes culturais na sociedade, a linguagem, por exemplo. Não é uma luta sequer por reformas concretas e objetivos, mas por questões subjetivas.

Principalmente, o identitarismo retira o problema central da sociedade, que é a luta de classes, para introduzir outras questões. Por exemplo, se um operário for homofóbico, segundo os identitários, ele precisa ir para na cadeia. Não importa se a cadeia é uma máquina de prender gente pobre, nem importa se o operário vai preso, o que importa é o bem-estar de algum gay que se sentiu ofendido por aquele operário.

O problema, portanto, é que não se deve mais organizar os trabalhadores, unificar os trabalhadores e os oprimidos para lutar contra os capitalistas. O que importa é cada grupo defender o seu próprio interesse na sociedade. Se Lula colocar uma “mulher negra” no STF, como quer Duvivier, não importa qual a política que ela leve diante, o problema das mulheres negras estaria a um passo de ser resolvido. Que mundo maravilhoso!

Isso é puro identitarismo. E isso não tem nada a ver com defender os trabalhadores, nem mesmo defender os direitos reais das mulheres negras.

Logicamente que Duvivier e as pessoas que o apoiam dirão que Zanin não é um defensor da classe operária. Até aí, sem novidades. Mas não é esse o debate. Em última instância, o STF deve ser extinto, sua função, não importa quem esteja lá, é antidemocrática. 

O debate é que Lula deve colocar alguém de sua confiança, já que ele é o presidente. Lula não tem que colocar uma mulher negra, nem um homem branco, nem uma mulher trans, nem um anão, nada disso. Lula precisa de alguém que minimamente possa confiar.

E a julgar pela pressão que os norte-americanos e a imprensa golpista brasileira estão fazendo pela “mulher negra”, é mais prudente Lula descartar totalmente essa possibilidade, porque aí tem coisa!

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