Um grupo de bancos de médio porte solicitou um socorro financeiro à reguladora das agências bancárias norte-americanas. O pedido, que uma autoridade norte-americana anunciou que não poderá ser aceito, consistia na tentativa de que o governo dos Estados Unidos assegurasse os depósitos de seus clientes, em razão da crise financeira que está para vir por conta da desvalorização do Credit Suisse.
No pedido, os bancos queriam que a Corporação Federal de Seguros e Depósitos (FDIC), órgão responsável por garantir os depósitos aos bancos, assegurasse inclusive aqueles que ultrapassem o limite máximo da instituição, que é de US$ 250 mil (o que equivale, na cotação atual, a R$ 1,5 bilhão).
Esse sistema, em momentos de estabilidade, funciona para dar rotatividade ao setor financeiro. Quando o banco não consegue pagar um depósito, ele recorre ao dinheiro do FDIC. No entanto, o órgão estabelece o limite de 250 mil dólares por depósito – o que não costuma ser um problema em tempos de estabilidade.
Entretanto, com o aprofundamento da crise capitalista nos países imperialistas a vista, a situação é extremamente instável. O fluxo de pessoas retirando suas economias do banco tende a aumentar significativamente, o que pode impossibilitar tais instituições de cumprirem com suas obrigações.
Neste cenário, os bancos tendem a recorrer ao Estado para se manter. O problema é que tal processo não acontece com somente um banco, mas com todos os bancos do país – ou, ao menos, com a maioria significativa. De tal modo que, se o Estado estiver atravessando uma crise, torna-se impossível sustentar os banqueiros, que quebram.
Aqui, evidentemente, entram uma série de questões. O fato de o sistema financeiro não estar sobre o controle do Estado, mas da iniciativa privada – leia-se dos banqueiros – torna a questão mil vezes mais grave e incontornável. O modo como os bancos sugam e chantageiam o Estado nacional também entra nessa complexa equação para tentar definir o que acontecerá em breve; a participação dos banqueiros na bolsa de valores e a tendência a explosão de bolhas econômicas também entra em questão.
Finalmente, há toda uma receita para uma profunda crise social com a quebradeira de bancos. O domínio do capital financeiro e da especulação sobre a economia podem estourar com muita força graças a essa crise, e os resultados são imprevisíveis.
Tudo isso teria como ponto de partida a quebra dos bancos médios. Ocorre, disso, a seguinte questão: eles, de fato, irão quebrar? Com a tendência da retirada do dinheiro deles e o não-socorro por parte do FDIC, isso se tornaria provável. Acrescente-se a isso o fato de que, em uma sabatina no parlamento norte-americano, o governo anunciou que não irá socorrer os bancos médios – ou seja, que não aceitará o acordo para assegurar os depósitos que ultrapassem 250 mil dólares.
Como consequência dessa declaração, a tendência é que todo mundo com dinheiro nesses bancos corra o mais rápido possível para tirá-lo. Afinal, se deixarem para depois, pode ser que nunca mais consigam vê-lo.
Ou seja, a declaração pública de que o governo não socorrerá os bancos médios tende a piorar ainda mais a situação para eles. Os bancos, com isso, podem ter a falência em seu panorama próximo, e os Estados Unidos podem presenciar uma quebra generalizada. Obviamente, muita coisa pertence ao campo das especulações: é necessário ver como será a reação da economia e da população, se haverá grandes filas para sacar o dinheiro e como isso afetará o principal país imperialista do mundo.
Por fim, é válido citar que os Estados Unidos estão em feriado bancário desde antes da declaração no Congresso e saem dele nesta segunda, portanto, apenas a partir de hoje será possível estimar o efeito dela. Os capitalistas já deixaram claro que não irão socorrer os bancos médios e é possível que sequer tenham condição de socorrer os grandes bancos, a depender do desenrolar da crise. Trata-se, finalmente, de uma debacle sem precedentes no interior do imperialismo desde o fim das guerras mundiais.