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Abutres contra Lula

Capital financeiro e seus agentes contra Lula e o povo brasileiro

Estadão, Folha e mercado financeiro em posição contra presidente Lula

A Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, o conjunto da máquina de propaganda da imprensa golpista e o mercado financeiro viraram seus arsenais de guerra contra Lula. Por meio de editoriais, os grandes jornais da burguesia se posicionaram contra o governo em defesa da independência do Banco Central.

O estopim para o início dos ataques da burguesia contra Lula foi uma entrevista concedida por este, em 3 de fevereiro, à RedeTV!, em que criticou duramente os juros altos do Banco Central, sua independência e o seu presidente bolsonarista Roberto Campos Neto.

Desde então, desenrolou-se uma série de acontecimentos. Por parte do governo, diversas críticas ao presidente da autarquia e à política neoliberal que ele está tentando levar à revelia do resto do país – chegando a classificar como uma tentativa de levar o Brasil à recessão. Por parte da imprensa burguesa, foi uma semana de duras críticas ao petista: toda imprensa agiu em bloco, durante os todos os dias, para atacar o governo, defender Campos Neto e apresentar a independência da formulação da taxa de juros como o suprassumo da democracia.

Anteontem, dia 7 de fevereiro, a Folha de S. Paulo publicou um editorial chamado “Estado e governo”. Em resumo, defende que existam aquelas instituições de Estado, plenamente independente do governo, cujos cargos sejam exercidos por tecnocratas. Ocorre que, em uma democracia, é o povo que deve tomar as decisões por meio de seus representantes eleitos. Se a política monetária é definida por pessoas não-eleitas, tem-se, ao contrário, uma ditadura da burocracia – e a burocracia estatal, inevitavelmente, é absorvida pelos capitalistas.

Nisso consiste a “independência do BC” em linhas gerais defendida pela Folha. Mas não foi só a Folha que decidiu defender os banqueiros: o Estadão fez um editorial cujo único tema era atacar o Lula. Para o jornal da burguesia paulistana, é uma vergonha que o “líder máximo do PT” busque explorar o antagonismo entre ricos e pobres, bem como é um verdadeiramente lamentável que Lula não tolere “o empresariado, a imprensa, o Judiciário, o Congresso…”.

Finalmente, é muito claro o que todos esses artigos querem dizer. Não se trata apenas de uma defesa da política neoliberal de Campos Neto, embora também seja isso; tampouco se limitam a ser uma defesa de um Banco Central sem qualquer controle popular, apesar de que também é isso. Na realidade, todos esses artigos apontam para um significado mais profundo: são um ataque ao governo Lula de conjunto. Os capitalistas estão rodeando Lula que nem um predador rodeia sua presa, mas, neste caso, estão rodeando com ataques de propaganda.

Aqui, todos os devaneios com a “burguesia democrática” são jogados no lixo da maneira mais vergonhosa para aqueles que tiveram a inépcia de acreditar neles. Os sonhos infantis de que a burguesia golpista teria se horrorizado com Bolsonaro e, por conta disso, passado para o lado da democracia são refutados pela realidade com especial força. Afinal, o essencial é a economia; e, na economia, toda a burguesia não só defende a política neoliberal mais baixa, como ataca o governo Lula da maneira mais dura possível.

O Estadão, em seu editorial, atacou Lula da seguinte forma: “mal esquentou a cadeira presidencial, Lula já soou o apito para que seu rebanho militante arrebanhasse seus surrados bodes expiatórios. Segundo levantamento do Estado, em um mês Lula já apelou ao menos oito vezes ao antagonismo entre ricos e pobres”. Além de revelar todo seu desprezo pelos trabalhadores e de evidenciar que se trata de um jornal a serviço dos patrões, tal comentário não pode deixar de evidenciar que não se tratam de críticas meramente econômicas. Não é como se eles estivessem ao lado de Lula na defesa da “democracia” e divergem na economia; muitíssimo pelo contrário, fica evidente que estão na mais dura campanha contra o presidente da República, o que é lógico, visto que a economia é a base da sociedade.

E tal não é o posicionamento isolado do Estadão e da Folha. O comentarista Valdo Cruz, da Globo, publicou em sua coluna que o presidente Lula não deve conseguir apoio no Congresso para reverter a privatização da Eletrobras e a independência do Banco Central nem mesmo entre sua base aliada, ficando restrito apenas ao PT. Dentro da burguesia financeira, o cenário não é diferente.

Se se usar o impacto das declarações de Lula sobre dólar para ver a reação dos especuladores, ter-se-á um retrato muito claro. Dia 7, a moeda norte-americana estava a R$5,13; quando Lula criticou a independência do BC novamente, ela experimentou alta e fechou o dia acima de R$5,20, revertendo a tendência de queda de semanas anteriores. Dia 9 de fevereiro, o dólar está sendo comercializado a R$5,26.

Ou seja, toda a imprensa burguesa está contra Lula – não só em um determinado assunto, mas contra o governo de conjunto. Todo o mercado financeiro também está contra o presidente; não há um único setor da burguesia, seja ela nacional ou estrangeira, que apoie Lula. Nisso, é-se obrigado a perguntar: onde foi parar a frente ampla? Se o setor “civilizatório” da burguesia prestaria apoio ao PT na luta contra o fascismo, por que todo ele, agora, foi parar no colo de Bolsonaro?

A resposta demanda apenas a aplicação da lógica formal: nunca existiu frente ampla contra o fascismo, visto que a burguesia não apoiou Lula. O petista foi eleito graça a mobilização popular em torno de sua candidatura, contra os patrões e contra essa gente da frente ampla, de modo algum graças a ela. Não à toa, viraram-lhe todo seu arsenal no segundo mês de governo. Nunca existiu “luta pela democracia contra o fascismo”, mas apenas a boa e velha luta de classes, em que pese os devaneios direitistas e as crenças toscas na burguesia que acometeram alguns esquerdistas. No entanto, a realidade força tudo isso a cair por terra da maneira mais brutal agora.

Mas nem só de devaneios direitistas vive o incauto. Às vezes, ele também desliza na análise e comete devaneios ultraesquerdistas: é o caso dos cidadãos que atacaram Lula por estar “alinhado ao imperialismo” – por incrível que pareça! A política, típica do PSTU, de substituir a luta de classes por uma luta “antigoverno”, agora os coloca do lado do Estadão, da Folha, de Campos Neto, de Valdo Cruz e de Joe Biden.

Quem considerou que Lula era um agente do imperialismo e do identitarismo – ou mesmo do “globalismo”, no caso de setores ainda mais confusos – terá a tarefa não tão honrosa de explicar por que, agora, todos os grandes capitalistas estão contra o presidente. E, pior ainda, terá de ter os ONGueiros da Fundação Ford como colegas de trincheiras.

De todo modo, ambas as políticas – a de apoiar a frente ampla e a de rejeitar Lula por ele ser “pró-imperialista” – partiram do mesmo ponto errado: acreditar que a burguesia estava do lado de Lula. Para fazer isso, desprezaram o golpe de 2016, a prisão de Lula em 2018 e toda base operária que Lula carrega detrás de si. Agora, com todos os capitalistas agindo em bloco contra o governo para subir a taxa de juros, enquanto o petista tem como ponto de apoio, única e exclusivamente, a CUT, o MST, a classe operária e suas organizações, prova-se a necessidade da defesa da palavra de ordem: Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.

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