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Após Gabão

Camarões: o principal candidato a sofrer próximo golpe na África

Com 90 anos de idade, e há mais de 40 anos no poder, o presidente Paul Biya é um serviçal do imperialismo que mantém seu povo na miséria

Nos últimos anos houve vários golpes de Estado no continente africano, os quais levaram ao poder governos com maiores contradições com o imperialismo, ou seja, governos tendendo a uma política nacionalista.

Em 14 de agosto de 2020, no Mali, militares derrubaram o presidente Ibrahim Boubacar Keita, um político serviçal do imperialismo francês e do norte-americano. No ano de 2021, no dia 15 de setembro, foi a vez de Guiné. Militares liderados por Mamady Doumbouya derrubou Alpha Condé, político pró-imperialista que governava o país havia mais de uma década.

Mais recentemente, em 24 de janeiro de 2022, militares Burkina Faso destituíram o presidente Roch Marc Christian Kaboré. Em seguida ao golpe, o tentene-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba tomou posse como presidente. Contudo, não conseguindo controlar uma crise interna que ocorria no país, especialmente em decorrência da ação de jihadistas, ele foi deposto em novo golpe, no dia 30 de setembro. Subiu ao poder o capitão Ibrahim Traoré que, desde então, vem se mostrando um político de fortes características nacionalistas.

Já no presente ano, há menos de um mês deu-se novo golpe nacionalista. Desta vez, no Níger. Logo de imediato, o imperialismo condenou o golpe, instando os países da CEDEAO, sob a liderança da Nigéria, a invadir o país e “restaurar a ordem constitucional”. A invasão ainda não aconteceu, mas o imperialismo continua com as ameaças. Por fim, na última semana, especificamente na quarta-feira (30), novo golpe de tendências nacionalistas ocorreu, agora no Gabão, em que foi derrubado do poder Ali Bongo, outrora homem de Obama na África, agentes do imperialismos norte-americano e francês.

Já está claro o que vem ocorrendo no continente Africano nos últimos tempos: generaliza-se progressivamente um movimento de caráter nacionalista, especialmente voltado a expulsar o imperialismo francês da região, mas também entrando em conflito com o restante do bloco o imperialismo.

A questão agora é: qual será o próximo governo pró-imperialista a ser derrubado?

Se, a primeiro momento, os golpes estavam se concentrando em países no norte da África, em especial os da região do Sahel, agora parece que o movimento está tomando formas na África Central.

Sendo o Gabão um dos países do centro da África, é possível que o recente golpe tenha sido o pontapé para um efeito dominó.

A fim evitar isto, quase que de imediato ao golpe, os governos pró-imperialistas de Camarões, Uganda e Ruanda realizaram expurgos em suas forças armadas. Uma medida tomada provavelmente para evitar golpes militares contra os respectivos presidentes. Isto demonstrou que ambos os países podem estar entre os próximos na lista de rebeliões militares de tipo nacionalista. Um expurgo pode não ser suficiente para barrar isto.

Contudo, destaque deve ser dado para Camarões.

O país é governado há mais de quatro décadas por Paul Biya. Com 90 anos idade, o político fora primeiro-ministro entre 1975 e 1982. Durante seu mandato, realizou reformas políticas para garantir um sistema de partido único. Isto deixou o terreno assentando para o regime ditatorial que se seguiu à sua subida à presidência do país.

Durante todo esse tempo, o governo foi uma peça chave do imperialismo na África, em especial o francês na manutenção de seu domínio neocolonial sobre o continente. O apoio imperialista ao governo de Biya não se limita à França, sendo também apoiado pelo restante do bloco, incluso os Estados Unidos da América.

Mas por que razão Paul Biya e seu governo podem ser o próximo alvo de um golpe nacionalista?

Pela combinação de alguns fatores.

Em primeiro lugar, reitera-se: o presidente camaronês está há mais de 40 anos no poder. No que diz respeito à duração de seu mandato, é o segundo mais longo do mundo atualmente, atrás apenas de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente da Guiné Equatorial. Contudo, Biya é 10 anos mais velho que seu homólogo.

O longo período no poder e sua idade avançada são fatores que o enfraquecem perante tentativas golpistas. Especialmente considerando-se a crise por que passa o Camarões. Com retração da indústria e inflação crescente, o país caracteriza-se por uma situação política profundamente instável. Especialmente considerando-se o conflito civil que se iniciou no ano de 2016.

O conflito, conhecido com Crise Anglófona, deu-se entre o governo central do país e um movimento separatista de camaroneses falantes da língua inglesa, que lutam pela República Federal da Ambazônia, cujo território, segundo eles, abrange partes da região oeste do território do país.

Dessa forma, diante da grave crise política e econômica por que passa o Camarões, combinada com fato de que seu presidente tem 90 anos de idade e está há mais de quatro décadas no poder, é possível que o próximo golpe de Estado nacionalista ocorra no país. De outro lado, é possível que o imperialismo seja forçado a organizar uma transição (podendo também ser através de um golpe), para se antecipar a um golpe nacionalista.

Vários especialistas na política do continente africano já aventam essa possibilidade. Inclusive, alguns chegam a afirmar que o recente expurgo realizado nas forças armadas pode não ser suficientes para barrar um golpe, pois o mesmo pode ser dado pela própria força de segurança do presidente. Afinal, durante todos esses anos de governo, Paul Biya só enriqueceu como agente do imperialismo, enquanto a miséria galopante assola o povo camaronês.

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