Recentemente foi divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos) um levantamento de dados sobre a saúde dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal encomendado pela Fenae (Federação das Associações do Pessoal da Caixa), onde aponta que o banco bateu o recorde de afastamento por doenças laborais no ano de 2022, sendo que mais de 70% desses adoecimentos foram por motivos mentais.
Segundo o levantamento do Dieese, 524 funcionários da Caixa se licenciaram em 2022, superando o maior pico, em 2013, com 464 afastamentos temporários. Dentre esses 524 afastamentos, 75,4% deles se deu por questões psicológicas e comportamentais adquiridas no ambiente de trabalho.
Procurada pela imprensa, a direção da Caixa “afirma que as informações não procedem e os dados não confirmam a realidade”. (Site Folha de São Paulo 23/07/2023) Além disso, a Caixa, cinicamente, diz que “o índice de absenteísmo por doença ocupacional é o menor do mercado bancário nos últimos três anos”. (Idem)
O contingente de funcionários da Caixa, nos últimos quatro anos, teve uma gigantesca redução, passando dos 101 mil para pouco mais de 80 mil. Enquanto isso, segundo dados do próprio Dieese, houve um aumento de 65% de atendimento nas agências. A média de atendimento que era em 2015 de 1070, hoje chega a 1775.
Além disso, é sempre bom lembra que, no período da pandemia, com a adoção do auxílio emergencial, a Caixa atuou praticamente sozinha para atender milhões de brasileiros: em consequência, o que se verificou foi o aumento de adoecimento, não só de características mentais, mas pelo contágio do coronavírus.
Os acordos assinados pelo banco, baseados em promessas, não valem nada para os trabalhadores. Entra acordo, sai acordo, a cláusula que consta nele é só para inglês ver. “A Caixa seguirá desenvolvendo, com recursos próprios, campanha objetivando zelar e promover a saúde e a qualidade de vida do conjunto de seus empregados” (Act Geral 2022/2024 da Caixa; cláusula 16)
Os bancários é uma das categorias que mais corre o risco de desenvolver distúrbios psicológicos, são trabalhadores que correm o risco duas vezes e meia maior de se afastarem do trabalho por mais de 15 dias consecutivos por problemas mentais, e a depressão é uma das principais causas desses adoecimentos.
O assédio moral nas relações de trabalho, ou seja, a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras dos chefes, as cobranças de metas para garantir os bilionários lucros dos banqueiros, o terror das demissões, a sobrecarga de trabalho, o desrespeito aos direitos do trabalhador, enfim, um implacável sistema de opressão no trabalho debilita e afeta – muitas das vezes profundamente – as já precárias condições de vida e de saúde da categoria bancária.
Ao contrário do discurso de “criação de melhores condições” pelo banco aos seus funcionários, a situação do bancário da Caixa é um verdadeiro caos.