Nessa quarta-feira (9), foi efetuada, a mando de Alexandre de Moraes, a prisão preventiva de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF durante o governo Bolsonaro. A prisão foi decretada no âmbito da operação que apura o uso das instituições públicas para a interferência nas eleições presidenciais de 2022.
Recordando, no segundo turno foram realizadas mais de 560 blitz da PRF, tendo foco especial no nordeste, reduto eleitoral histórico do PT e do presidente Lula.
Segundo representação feita pela Polícia Federal, ficou constatado que Silvinei Vasques atuou para dificultar e mesmo impedir o acesso de eleitores aos locais de votação.
À época já estava claro que se tratava do fato de que a burguesia estava utilizando o aparato estatal para garantir a vitória eleitoral de Bolsonaro.
Contudo, a imprensa burguesa não noticiou a ocorrência dessa maneira. Não tratou as ações da PRF como deveria ser tratadas: como uma tentativa da burguesia reeleger Bolsonaro violando as regras do jogo.
Pelo contrário, fez de tudo para dar uma aparência de normalidade à situação.
No dia 30 de outubro, Alexandre de Moraes chegou a intimar Silvinei para dar explicações e ameaçou-o com multa de R$100 mil e prisão preventiva. Uma medida para inglês ver, pois, no fim das contas, as blitz foram feitas.
Segundo foi noticiado naquele dia, o Moraes disse, dando presunção absoluta de veracidade às informações prestadas por Silvinei, que a operação da PRF “em alguns casos, retardou a chegada… mas, em nenhum caso, impediu os eleitores de chegarem às suas seções eleitorais”.
O ministro, dando aval para as ações da PRF, disse que “as operações realizadas, e foram inúmeras operações realizadas, foram, segundo o diretor da PRF […], realizadas com base no Código de Trânsito Brasileiro.”.
Colocando em outros termos, a simples explicação dada por Silvinei serviu para Alexandre de Moraes como um atestado de legalidade das operações. Uma postura bastante leniente contra um elemento de extrema-direita que estava agindo abertamente para fraudar as eleições a favor de Bolsonaro. Muito diferente da postura do ministro contra os trabalhadores que estão sendo perseguidas politicamente pelo 8 de janeiro. Diferente também da postura que ele assumiu contra elementos secundários do Bolsonarismo, como Allan dos Santos e Daniel Silveira. E o dizer que da postura do ministro em relação à Monark? Uma perseguição monstruosa que até impede o apresentador de podcast de trabalhar.
Enquanto Alexandre de Moraes persegue politicamente pessoas que não fizeram nada, que apenas questionaram o STF, o TSE e as eleições, nenhuma medida legal efetiva é tomada contra um diretor da PRF que agiu para fraudar as eleições, para impedir Lula de ser eleito.
Houve só um “puxão de orelha” por parte do caçador de fascistas.
Eis que, mais de nove meses após as eleições (e da tentativa da burguesia de fraudá-las a favor de Bolsonaro), o ex-direitor da PRF é preso preventivamente em decorrência de suas ações no dia 30 de outubro.
A imprensa, em seu cinismo, finge-se surpresa de que a PRF foi utilizada para impedir a vitória eleitoral de Lula.
Inclusive, aproveita para limpar a barra de Alexandre de Moraes, que nada de realmente efetivo fez à época; nada de efetivo para impedir ou desmantelar a ação da PRF e garantir que todos os eleitores pudessem votar sem empecilho.
Em matérias publicadas em vários jornais golpistas, a burguesia informa que Alexandre de Moraes ameaçou Silvinei de prisão, caso não fossem cessadas as blitz da PRF. Curiosamente, essa imprensa falsificadora da realidade se esquece de mencionar que o ministro disse que nenhum eleitor foi impedido de votar, e que tudo teria ocorrido dentro da lei, conforme informações dadas a ele pelo ex-diretor da PRF.
Ora, se foi assim, se nenhum eleitor foi impedido de votar, e tudo ocorreu dentro da lei, qual a razão da prisão de Silvinei agora, mais de nove meses após as eleições?
Segundo a decisão de Moraes, que decretou a prisão do ex-diretor: “As condutas imputadas a SILVINEI VASQUES são gravíssimas e as provas apresentadas, bem como as novas diligências indicadas pela Polícia Federal como imprescindíveis para a completa apuração das condutas ilícitas investigadas, comprovam a necessidade da custódia preventiva…”.
Veja-se que, segundo a decisão, a prisão decretada teve natureza preventiva, e se deu diante da gravidade da conduta e das provas apresentadas.
Ora, tudo isto (a gravidade da conduta e as provas) já estava presente no dia 30 de outubro de 2022. Afinal, a PF realizou os bloqueios à luz do dia. O país inteiro estava sabendo. Era suficiente para uma prisão preventiva e desarticulação imediata da blitz. Contudo, não houve nenhuma prisão. Apenas um puxão de orelha. No mínimo curioso para um ministro tão afoito em sair decretando a prisão de pessoas por falar e ocupar órgãos públicos.
Assim, a prisão de Silvinei é mais um dos episódios para sustentar farsa de que Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal estão combatendo o fascismo, a extrema-direita. Quando poderia surtir algum efeito, o ministro não prendeu o ex-diretor da PRF. Agora, a prisão preventiva dele não serve para nada.
Alexandre de Moraes está tentando mostrar serviço. Está agindo para sustentar a farsa de que ele é um agente da “democracia” e que o Supremo é uma instituição democrática. Essa farsa é direcionada especialmente à esquerda. Serve para que a esquerda, em especial o PT e o Lula, continuem acreditando que existe democracia no país, e que o STF e as demais instituições irá proteger o governo Lula contra eventual ofensiva golpista. E não só apenas para isto, mas serve para que a esquerda continue a apoiar as arbitrariedades do Supremo. Afinal, arbitrariedades feitas contra o bolsonarismo e a extrema-direita são válidas. Com o apoio da esquerda ao STF e ao aparato de repressão em geral, configura-se o caminho mais fácil para a burguesia aprofundar o autoritarismo de seu Estado, preparando o terreno para instaurar uma ditadura aberta, quando for necessária.
Como a esquerda ainda não percebeu, é preciso continuar reiterando. Alexandre de Moraes não é nenhum democrata. Não é antifascista. Não está do lado do povo. Se estivesse, não teria deixado a PRF agir livremente para impedir a eleição de Lula. Teria prendido o ex-diretor no mesmo dia, e não 9 meses após o fato. Se realmente fosse um caçador de fascistas, já teria desatado uma investigação contra o Alto Comando das Forças Armadas, por terem arquitetado o 8 de janeiro. Mas não. Vai atrás apenas de pobres coitados.
É uma farsa, e cada episódio que serve para sustentá-la deve ser exposto e denunciado.