Uma sequência de acontecimentos recentes evidenciaram ainda mais o processo de polarização política, que se encontravam anteriormente, de certo modo, contidos. Essa sequência é fruto de um mesmo fenômeno. Dentro de si mesmo o sistema capitalista gesta o seu próprio fim. Esse fim é um processo. Isso é importante salientar para apartar os entusiastas da tese de que esse processo pode ocorrer de maneira tranquila. A própria sequência de acontecimentos demonstra isso não pode acontecer e que não existem tendências que apontem para essa constatação. Demonstra, pelo contrário, que o capitalismo, se for cair, vai cair atirando.
A XV Cúpula dos BRICS, que resultou na aceitação da Argentina, Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Irã, foi até então a maior evidência do atual enfraquecimento do imperialismo, com a adesão inclusive de aliados históricos deste último. Ainda existem outros diversos países esperando a aprovação para entrar no bloco político e econômico dos países de capitalismo atrasado.
Essa movimentação demonstra um verdadeiro grito dos países de capitalismo atrasado diante das negociações políticas, diplomáticas e econômicas profundamente desvantajosas e prejudiciais, quando não são impostas com a força militar das nações imperialistas para que os países mais fracos aceitem passivamente.
Uma situação que apontava para esse descontentamento geral foi o embate relativo às sanções contra a Rússia no âmbito das Nações Unidas, onde a esmagadora maioria dos países manteve uma posição de neutralidade ou rechaçaram a medida arbitrária.
A colocação de maneira aberta de diversos países na procura de uma alternativa ao dólar, como tem sido o caso do Mercosul, também demonstra que os tempos são outros.
A atual crise no continente africano, onde diversos países têm levantado a cabeça para garantir seus interesses nacionais, tem colocado mais lenha na fogueira da geopolítica internacional. Ninguém tomaria esse gesto se não houvesse condições de avanço entorno dessas reivindicações, mas também se não fossem impelidos e encurralados para tal.
O próprio enfraquecimento no que toca a política interna dos países imperialistas, também possibilitou a abertura desses diversos flancos no terreno internacional, tendo de enfrentar internamente uma série de greves, a questão inflacionária e de implementar uma política econômica contracionista com a manutenção da alta taxa de juros, retirando assim, dinheiro da economia real para favorecer o sistema financeiro com os quais estão completamente comprometidos.
O fracasso da contra-ofensiva na Ucrânia e a incapacidade de retomar o acordo de grãos do mar negro, somados aos apontamentos para uma saída negociada, como foi feito pelo presidente da França e pelo primeiro-ministro da Alemanha, revela que a continuidade do conflito contra Rússia é um verdadeiro suicídio para estabilidade interna dos donos da União Europeia.
Essa constatação relativa ao enfraquecimento do imperialismo é um motivo para se comemorar, mas que também precisa colocar as organizações dos trabalhadores em alerta, para evitar qualquer ilusão de que as burguesias nacionais dos países de capitalismo atrasado tem capacidade de levar esse enfraquecimento até suas últimas consequências. Diversos exemplos históricos comprovam que esse segmento em última instância tende a capitular diante do imperialismo.
É preciso, portanto, criar a força política necessária para levar adiante a política de ruptura com imperialismo até as último termo que abra caminho para revolução.
