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"Frente ampla"

Boulos explica que sua candidatura será burguesa

Depois da capitulação do PT em São Paulo, Boulos dá entrevista e mostra o que tem para oferecer à burguesia.

O PT oficializou o apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo no último sábado. Pela primeira vez na sua história o partido não terá candidato próprio na maior cidade do País. Após flertar com ninguém menos do que José Luiz Datena, um propagandista da violência policial na televisão e do golpe de Estado, Boulos recebe de mão beijada o eleitorado do PT na capital do estado. Não demorou para que o mesmo recebesse o paparico da imprensa golpista, onde apontou sua estratégia para as eleições municipais de 2024.

O pré-candidato foi entrevistada por O Globo, que destacou na manchete uma fala de Boulos que diz “vamos reeditar frente ampla de Lula”. Após afirmar que as divergências internas no PT em torno da abdicação de candidatura própria seriam “página virada”, o psolista detalha quem estaria envolvido nessa “frente ampla”. Para disputar a prefeitura, a coligação teria além de PT e Psol os seguintes partidos: PCdoB, PV, Solidariedade, Rede Sustentabilidade, Agir, Avante e PROS. O PSB estaria fora da coligação no primeiro turno, pois pretenderia lançar Tabata Amaral, a funcionária de Jorge Paulo Lemann. Mas Boulos conta com o apoio dela num segundo turno. Mas vai ainda além, ao contar com o PDT, do anti petista raivoso Ciro Gomes.

Em primeiro lugar, cabe desmistificar a propaganda do próprio PSOL, que procura se apresentar como um partido à esquerda do PT, uma “esquerda diferente”, que não faz o jogo da conciliação. É relevante lembrar disso, pois os setores mais anti petistas do partido fazem uso desse argumento para atacar o PT. Durante o processo do golpe de Estado contra o governo Dilma, esses setores atuaram desmobilizando a militância de esquerda, argumentando que o PT seria praticamente equivalente ao PSDB. Nesse importante acontecimento político, Boulos foi agraciado com uma coluna na Folha de S. Paulo, onde disparava contra o governo Dilma, que seria para ele “indefensável”.

Mas qual a diferença entre a conciliação de Lula e a de Boulos? Não seria a mesma política?

Abstratamente, é até possível equiparar a posição de ambos em relação a compor com partidos da burguesia. A rigor, ambos defendem uma política errada, que limita suas possibilidades de levar adiante políticas públicas que impactem profundamente a situação da população brasileira, além de fortalecer a mesma direita que quando convier vai partir para o ataque contra a esquerda. No entanto, existe uma diferença fundamental entre os dois políticos no que diz respeito ao grau de independência que têm em relação à burguesia.

Lula é fruto de um movimento de massas, uma efervescência política que explodiu no final da ditadura militar. Participou como figura de destaque na criação do Partido dos Trabalhadores, que reuniu quase a totalidade da esquerda nacional, e na criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma organização operária gigantesca. Durante esse processo político, não foram poucas às vezes que Lula foi puxado para a esquerda pelo movimento de massas, independente das suas ideias iniciais. Mesmo que leve adiante uma política de conciliação de classes, essa bagagem dá a ele um certo grau de autonomia, que se expressa principalmente na sua política externa, que contraria muitas vezes a política determinada pelo imperialismo. Como exemplos recentes temos a interrupção do envio de munições para a Ucrânia, a articulação para substituição do dólar em transações internacionais e seu apoio decidido à autonomia política em Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Por sua vez, Boulos é um político artificial. Foi lançado nacionalmente pela imprensa golpista a partir da campanha “Não Vai Ter Copa”, financiado diretamente pela Fundação Ford, num momento em que o golpe de Estado já estava sendo gestado. Em seguida, ganhou coluna na Folha de S. Paulo para minar o apoio da esquerda ao PT. Durante as mobilizações contra o golpe, criou uma frente alternativa à Frente Brasil Popular e tentou sobrepor a palavra de ordem “Não Vai Ter Golpe” por um combate ao “ajuste fiscal de Dilma”. A partir daí, sua atuação em prol da burguesia ficou cada vez mais nítida, como na sabotagem dos atos “Fora Bolsonaro” na Avenida Paulista.

Após uma campanha da burguesia e da esquerda pequeno-burguesa contra as manifestações de rua e a tomada da Avenida Paulista por manifestantes bolsonarista, algumas torcidas organizadas tiveram protagonismo na retomada desse importante palco de atos públicos para a esquerda. Boulos, que até o dia anterior era contra as manifestações com o mote do “fique em casa”, se apresentou como “líder” da manifestação e realizou um acordo com a Polícia Militar. O acordo previu um revezamento entre direita e esquerda na Avenida Paulista, o que permitiu que os bolsonaristas fizessem um grande ato de 7 de setembro em 2021 e que os atos “Fora Bolsonaro” fossem sendo esvaziados.

Esse histórico, aliado ao fato de estar na folha de pagamento do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), mostra que Boulos não merece um pingo de confiança da esquerda. Além de defender uma política direitista, ao contrário de Lula ele não tem nenhum grau de independência. Se a burguesia é obrigada a aturar Lula, por outro lado não se cansa de exaltar a figura de Boulos, inclusive sugerindo que o psolista seria um substituto natural do atual presidente. Boulos é ao mesmo tempo uma figura fraca, que pode ser descartada se necessário, e alguém alinhado com a política do imperialismo para o Brasil. Ao entregar o PT de São Paulo nas mãos deles, o partido prepara uma armadilha para si próprio, para sua militância e a para a população pobre em geral.

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