As eleições de 2024 tem tudo para serem movimentadas no país dado o acirramento da polarização política. Apesar da volta de Lula e do PT ao poder ser uma fonte de ilusões para muitos, que acreditam que agora o bolsonarismo está esgotado e que Lula está encaminhando uma pacificação nacional, a realidade se mostra diferente. A polarização só cresce, com o movimento bolsonarista se mostrando não só mais vivo do que nunca, mas também, um perigo para o governo Lula. A declaração da inelegibilidade de Bolsonaro atiçou os ânimos da militância de extrema direita, que agora se coloca como injustiçada na situação política e vai procurar ocupar cada vez mais espaço político, e fortificar cada vez mais a sua oposição ao governo. As eleições municipais de 2024 serão uma oportunidade que o bolsonarismo vai explorar para se reorganizar e fortificar a sua presença nacional.
As disputas nos municípios no ano que vem se darão em um cenário de polarização, sempre em uma disputa direta entre os candidatos de Bolsonaro e os candidatos do PT, com o apoio de Lula. Essas disputas serão uma amostra do que poderemos ver acontecer em 2026: Muita polarização entre a extrema direita e o PT, algo para que o PT tem que se preparar, visto que o seu tradicional apoio a candidaturas direitistas para angariar apoio no pleito nacional pode acabar levando o partido a um isolamento nos municipios. Com o bolsonarismo ocupando todo o terreno devido ao baixo apelo que candidaturas do chamado “centro” político tem quando em uma disputa contra a extrema direita.
Um caso que mostra que o PT se encaminha mal para as disputas municipais é o caso da prefeitura de São Paulo, onde o PT aparentemente negocia um apoio ao candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que não é um verdadeiro aliado do PT, e pode muito bem bandear para o lado da tercerira via em 2026 visto o seu histórico com organizações ligadas ao imperialismo, como é o caso da Fundação Ford e do Ned (National Endowment for Democracy), uma fachada dos serviços de inteligência dos Estados Unidos. Entregar os municípios para candidatos como Boulos é desarmar o PT localmente, facilitando que a direita tome as ruas, podendo levar a consequências catastróficas para o PT até antes de 2026, como inclusive uma derrubada do Governo pelo bolsonarismo nas ruas, fora o fato de que, dar o apoio do PT à esquerda golpista, leva a uma desmoralização da militância e consequente desmantelamento do partido.
As alianças com a direita tradicional também não serão efetivas, visto que esses setores não tem apoio popular real nem base política para enfrentar o bolsonarismo, e mesmo que tivessem algo, na hora H não haveria garantia de que ficariam ao lado PT em 2026, como já vimos inúmeras vezes esses “importantes aliados” traírem o PT quando lhes é conveniente ou dada uma ligeira pressão do imperialismo, da imprensa ou do grande capital.
O PT tem que levar as bases às ruas em 2024 e investir em fortalecer a polarização, com candidaturas próprias que venham a fortalecer o partido e levá-lo à esquerda. A única saída para evitar um resultado catastrófico em 2024 é largar mão do falido centro político e se colocar com uma política de massas, não depender de supostos aliados como Boulos e fazer uma campanha eleitoral combativa que defenda o governo e fortaleça o movimento das massas.