Apesar das vacilações de Jair Bolsonaro, a sua base política, os bolsonaristas, expressaram um alinhamento automático com o nazismo na Europa e no Oriente Médio. Tão logo iniciou-se a ofensiva russa contra a OTAN na Ucrânia, o fenômeno apareceu na forma de voluntários dirigindo-se à Ucrânia para compor as fileiras ucranianas. Desde o surgimento do “300 do Brasil”, grupo organizado pela ex-militante do bolsonarismo Sarah Winter, o lema “ucranizar o Brasil” faz parte da agitação política bolsonarista.
Muito antes de declararem querer reproduzir no Brasil os horrores do Euromaidan, no entanto, os nascentes bolsonaristas já exibiam, orgulhosos, a Estrela-de-Davi nos chamados “coxinhatos”, as manifestações golpistas que pediam a derrubada da então presidenta, Dilma Rousseff. Impulsionados pela direita tradicional e seus órgãos de propaganda, os “coxinhas” formavam a massa da pequena-burguesia enlouquecida e até mesmo cânticos de torcidas organizadas da extrema-direita do sionismo foram importados de Israel, sendo amplamente utilizadas até o golpe de 2016.
Em 2019, o presidente à época, Jair Bolsonaro, chegou a trazer tropas israelenses para o Brasil, a pretexto de ajudar nas buscas pelas vítimas do crime de Brumadinho (MG). 130 soldados israelenses não fariam muita diferença para as operações de resgate e o Estado brasileiro tem todas as condições de mobilizar equipes próprias em volume muito maior, mas a operação tinha outro propósito: propaganda.
Na Câmara dos Deputados, a parlamentar Clarissa Tércio (PP-PE) usou o fato para pedir que o Brasil envie ajuda militar ao enclave imperialista. Claro que o País não atenderá, mas a chantagem mostra como tudo não passou de uma operação para tornar os sionistas simpáticos ao povo brasileiro.
Ao longo do governo Bolsonaro, as divergências no interior da direita colocaram o bolsonarismo em choque com o imperialismo. No exterior, a cisão entre os setores nacionalistas da burguesia e os setores imperialistas já haviam aparecido muito antes, e motivado a criação do termo globalismo, em referência aos interesses globais do segmento mais poderoso da classe dominante.
No Brasil, tais contradições criaram a ilusão de que a extrema-direita, representante dos setores mais frágeis da burguesia e alinhada ao bolsonarismo seria fascista, ao passo que a direita centrista, mais próxima aos monopólios mundiais, seria civilizada e democrática. No caso ucraniano e em Israel, entretanto, revelou-se o quão errada estava a percepção.
Ambos os segmentos terminam, de um jeito ou de outro, sendo instrumentos do imperialismo e da submissão da nação aos ditames da ditadura global. Se as contradições internas somem, é a política imperialista que determina as posições da direita e tanto na Ucrânia quanto na Palestina, elas ficaram evidentes na forma uníssona como os órgãos de propaganda e os articuladores políticos destes dois campos se posicionaram.
Os ditos opositores do “globalismo” foram usados pela ditadura mundial para derrubar o governo do PT em 2016 e para tentar impulsionar o apoio do País a Ucrânia, e a Israel. Serão novamente chamados a derrubar o governo brasileiro, tão logo o imperialismo se defina, cedo ou tarde.