O ex-deputado Deltan Dallagnol resolveu se juntar aos 27 deputados bolsonaristas e apresentou uma notícia-crime contra dois militantes do PCO, João Pimenta e Francisco Weiss.
A acusação é a de que ambos fariam “apologia” ao crime, pois defenderam o Hamas em falas em atos públicos em defesa da Palestina, ocorridos nas últimas semanas. A lógica idiota de Dallagnol é a de que o “Hamas é terrorista, logo os dois estariam fazendo apologia ao terrorismo”. Para começo de conversa, nem mesmo a ONU e o governo brasileiro consideram o Hamas um grupo terrorista.
Para apresentar a notícia-crime, Dallagnol juntou-se a um influenciador digital, Guilherme Kilter e os dois tiveram que se explicar para o próprio público. Afinal, a direita bolsonarista, depois de tanto falar em liberdade de expressão, é a primeira a querer censurar. E pior, não é qualquer censura, mas se trata de processos criminais, ou seja, querem colocar pessoas na cadeia por terem falado alguma coisa.
E Dallagnol, do alto de sua sabedoria de “power point”, explicou então que ele é a favor da liberdade de expressão, mas que o problema é que não se poderia “fazer apologia ao crime, ao terrorismo”. Grosso modo, Dallagnol e seu Robin, no vídeo, expressam a versão apresentada pela esquerda pequeno-burguesa e pela direita global de que a “liberdade de expressão deve ser limitada”.
Ou seja, Dallagnol é um inimigo total da liberdade de expressão. Logicamente que ninguém poderia ter dúvidas disso, mas é importante falar para mostrar a verdadeira cara dessa direita.
É importante falar também para mostrar para a própria esquerda que aplaudiu a censura inúmeras vezes sob o pretexto de que seria uma “luta contra o bolsonarismo” que a sua tese da “liberdade de expressão com limites” agora é adotada pelos mesmos bolsonaristas para calar a esquerda.
O bolsonarismo não tem nada a ver com a liberdade de expressão. O que essa escória fez até agora foi puro jogo de cena, puro oportunismo porque eram eles os perseguidos.
Eles se colocaram a favor da liberdade de expressão porque eles estavam sendo censurados. Funciona assim: eles não podem ser censurados, mas todo o resto, pode, e nem precisa de muita explicação.
Durante um período, fomos obrigados a ouvir, tanto da esquerda quanto da direita, a ideia idiota de que “a liberdade de expressão é uma pauta bolsonarista”. Agora está mais do que claro: não é!
Quem acreditou nisso foi trouxa, muito trouxa. O bolsonarismo foi usado para que a esquerda ficasse contra seus próprios interesses, ou seja, defendesse a censura contra a extrema-direita, preparando uma armadilha que seria usada depois contra a esquerda e o povo. É exatamente isso o que está acontecendo.
Os bolsonaristas não são a favor da liberdade de expressão. Eles são a favor dos famosos limites da liberdade de expressão, como a esquerda defendeu.
Na lógica dos bolsonaristas, falar contra trans, negro ou homossexual, é liberdade de expressão, mas defender o fim do Estado de Israel ou do fascismo, não.
Quem apoiou a censura pensando que seria uma luta contra o bolsonarismo fez papel de trouxa. Acabou, no fundo, apoiando a censura contra si mesmo.