No dia 5 de novembro, o presidente norte-americano Joe Biden, do Partido Democrata, aproveitou um evento de levantamento de fundos em Boston para atacar publicamente o Movimento de Resistência Islâmica – Hamas:
“Nas últimas semanas, sobreviventes e testemunhas dos ataques [de 7 de outubro] partilharam relatos horríveis de crueldade inimaginável. Relatos de mulheres violadas — repetidamente violadas — e de seus corpos mutilados enquanto ainda estavam vivos — de cadáveres de mulheres serem profanados, de terroristas do Hamas infligindo tanta dor e sofrimento quanto possível a mulheres e, depois, assassinando-as. É terrível”.
O presidente norte-americano, então, concluiu dizendo que o mundo “não pode simplesmente desviar o olhar para o que está acontecendo” e que “cabe a todos nós, forçosamente, condenar, inequivocamente, a violência sexual dos terroristas do Hamas”.
A declaração de Biden foi dada no mesmo dia em que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, condenou as supostas agressões sexuais do Hamas a mulheres. Usando tom mais truculento, como lhe é característico, Netanyahu criticou as “organizações de direitos humanos”:
“Eu digo às organizações de direitos das mulheres, às organizações de direitos humanos: vocês ouviram falar de estupro de mulheres israelenses, de atrocidades horríveis, de mutilação sexual – onde diabos vocês estão?”.
No dia anterior às declarações dos chefes de Estado, uma congressista do Partido Democrata já havia se pronunciado contra os “atos de guerra” do Hamas:
“Deixe-me esclarecer novamente que condeno inequivocamente o uso de estupro e violência sexual pelo Hamas como um ato de guerra. (…) Isto é horrível e, em todo o mundo, devemos apoiar as nossas irmãs, famílias e sobreviventes de violação e agressão sexual em todo o mundo para condenar esta violência e responsabilizar os perpetradores”.
A congressista em questão é Pramila Jayapal, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos desde 2017, que vinha sendo uma das defensoras do “cessar-fogo”. – isto é, supostamente, alguém que seria contra os ataques de Israel na Faixa de Gaza. A sua condenação do Hamas serve, portanto, para tentar legitimar os ataques de Israel sobre Gaza.
Nem Netanyahu, nem Joe Biden, nem a congressista apontaram qualquer prova das tais agressões do Hamas. Pelo contrário: a única “prova” seriam declarações que, curiosamente, somente apareceram dois meses depois da Operação Dilúvio de 7 de outubro. Mesmo o Estado de Israel sendo o maior interessado em apontar o Hamas como um grupo que “estupra” e “mutila” mulheres, até agora, não apareceu uma única imagem comprovando a prática de tais atos. Tudo não passa de “declarações” de pessoas que supostamente ouviram testemunhos de pessoas que viram as “agressões” do Hamas!
Em comunicado no canal do Telegram, o Hamas disse que denunciou a “tentativa de Biden de acusar falsamente” seus combatentes de cometerem “violência sexual” no dia 7 de outubro. O grupo ainda acusou Biden de se unir a Israel nas tentativas de encobrir os crimes de guerra em Gaza.
O que torna tudo ainda mais ridículo nas acusações de Biden ao Hamas é que o suposto “grande defensor das mulheres” – que, na verdade, é um charlatão usando a causa das mulheres para defender uma política genocida – não tem, digamos, uma “reputação” muito condizente com essa defesa.
Biden foi acusado, em 1993, de ter estuprado uma ex-funcionária, seguindo a tradição de seus correligionários democratas, como o à época presidente Bill Clinton. Além disso, oito mulheres já denunciaram que Biden teria lhes tocado de maneira impropriada ou teria violado sua privacidade. Biden também tem sido criticado por fazer repetidos comentários sobre a aparência física das mulheres que trabalharam em sua campanha. E fica ainda pior: imagens mostram um “afeto” do ex-presidente não só por mulheres, mas também por crianças.
As acusações de Biden são, do ponto de vista dos fatos, pura calúnia: são acusações sem prova. Do ponto de vista da “moral”, se torna ainda mais ridícula: o presidente americano seria o último ser humano do planeta a poder acusar quem quer que seja de qualquer coisa relacionada a violência sexual. É uma perfeita expressão da decadência total da sociedade norte-americana.