Com direito a apresentação de Maria Bethania e Diogo Nogueira, o ministro Luis Roberto Barroso tomou posse, na última quinta-feira (28), como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Barroso até cantou “Aquarela Brasileira” junto a seus convidados, em uma tentativa desastrada de se mostrar uma figura simpática, popular.
Junto às atrações musicais, Barroso também contou com uma grande cobertura da imprensa em seu evento de posse. Em seu discurso, Barroso se esbanjou na demagogia, jogando para todos os públicos. O ministro chegou ao ridículo de defender que a próxima ministra do STF fosse uma mulher negra – bandeira que nunca defendeu ao longo dos vários anos em que esteve no STF.
O que ninguém fala, contudo, é que o senhor Luis Roberto Barroso foi o principal ministro da Operação Lava Jato dentro do STF. Para os que têm memória curta, lembramos: quando Edson Fachin se tornou relator da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol disse que Fachin estaria de acordo com seus interesses, mas que “bom mesmo” era o ministro Barroso. Ou seja, para os lava-jatistas, ninguém apoiava tanto a operação quanto Barroso.
Durante os julgamentos que precederam a prisão de Lula, Barroso também teve grande destaque na imprensa, sobretudo na Rede Globo. Ele foi quem mais se destacou na defesa de que o então ex-presidente não recebesse um habeas corpus.
O que torna tudo muito preocupante é justamente o fato de que a burguesia está tentando apagar esse passado de Barroso, procurando reconciliá-lo com a esquerda através da demagogia identitária. Tamanha preocupação em apresentá-lo como um aliado da esquerda, quando todos sabem que foi uma peça-chave no golpe de 2016, é indicativo de que há uma operação em marcha.
Foi assim em todas as etapas importantes do golpe de Estado. Quando o imperialismo decidiu iniciar a perseguição aos dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou o então ministro Joaquim Barbosa para a tarefa. Mais recentemente, quando precisou estabelecer um controle muito mais rigoroso sobre os partidos políticos, preparou o terreno para que Alexandre de Moraes recebesse o apoio de uma parcela da esquerda. Ainda que não esteja clara qual será a próxima manobra, é evidente que Barroso será parte dela.
A posse de Barroso, cheia de pompas e circunstâncias, é um mau sinal. É preciso estar atento às novas investidas que virão da burguesia, em especial por parte do STF.