Diante da falência de inúmeros bancos regionais nos Estados Unidos, da falência do Silicon Valley Bank, da necessidade de resgate de dezenas de outros bancos, e do alastramento da crise para os bancos europeus (tal como o Credit Suisse), banqueiros expressam preocupação e temem possível crise mundial.
Em entrevista à Sputnik, Lawrence McDonald, ex-vice-presidente da corporação de serviços financeiros Lehman Brothers, disse que “mais 50 bancos podem colapsar antes que eles resolvam o problema estrutural”. Mcdonald prevê uma iminente recessão na economia norte-americana nos próximos meses, caso o governo não consiga controlar a crise. Segundo o banqueiro, o que aguarda o povo dos Estados Unidos é um declínio acentuado na atividade econômica, com redução drástica de empregos e, por conseguinte, redução no do produto interno produto (PIB).
Para termos uma ideia de que não estamos falando de uma pessoa qualquer, e de que Lawrence McDonald é alguém que sabe dos meandros internos da especulação financeira, a Lehman Brothers Holdings Inc. foi um banco de investimento e provedor de outros serviços financeiros, com atuação global, sediado em Nova Iorque. Era uma empresa global de serviços financeiros, até declarar sua falência com a Crise de 2008.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, estrategistas da JPMorgan Chase & Co, uma empresa multinacional americana de serviços financeiros, com sede em Nova Iorque (o maior banco dos Estados Unidos e um dos maiores do mundo, diga-se de passagem), alertam que a crise bancária que se vê nos países imperialistas (Estados Unidos e da Europa Ocidental), pode provocar um colapso do mercado mundial.
Os estrategistas dizem que, a cada dia que passa, aumentam as chances do que eles chamam de “momento Minsky”. O nome faz referência do economista americano Hyman Minsky.
E o que seria esse tal “momento Minsky”? Significa o término de um período de “crescimento econômico”, no qual investidores foram estimulados a assumir um risco muito grande, emprestando uma quantia de dinheiro muito maior do que os tomadores desse crédito seriam capazes de devolver.
Na verdade, não há período nenhum de crescimento econômico. Há apenas um período de especulação financeira desenfreada, gerando uma bolha financeira.
Em outras palavras, o tal “momento Minsky” que se aproxima, segundo os estrategistas da JP Morgan, seria o estouro de uma bolha financeira especulativa, após esta crescer demais. E esse estouro poderia fazer com que a crise bancária dos EUA se tornasse uma crise mundial, aos moldes das crises de 1929 e 2008. Aliás, uma crise ainda pior!
Vejam bem, leitores, se até os banqueiros estão se segurando em suas poltronas, é porque a coisa está feia! Ou, pelo menos, está em perigo de ser tornar pior do que já está.
O governo norte-americano enfrenta grandes dificuldades de contornar a crise. Precisa enfrentar vários dilemas, dentre eles se equilibrar entre conter a crescente inflação da economia norte-americana, aumentando a taxa de juros (o que pode levar à maior inadimplência, agravando a crise bancária) e, ao mesmo tempo, frear a alta, evitando o agravamento da crise.
De qualquer forma, a preocupação demonstrada pelo ex-banqueiro da Lehman Brothers e pelos estrategistas da JP Morgan é um indicativo de que a crise bancária nos países imperialistas pode vir a se agravar, levando a uma crise mundial generalizada.