Ademar Traiano (PSD) é presidente da Assembleia Legislativa do Paraná desde 2015 e está na política institucional desde 1982, quando foi eleito vereador da Câmara de Santo Antônio do Sudoeste pelo PMDB. Traiano tem um extenso histórico com casos de corrupção e, inclusive, um desses casos foi confessado em acordo com o Ministério Público do Estado do Paraná. Em sua coluna no Brasil 247, Joaquim de Carvalho reuniu vários desses casos.
Esses casos de corrupção e suspeita de corrupção incluem receber confessadamente R$187 mil de propina para favorecer um contrato no valor de R$11,4 milhões da TV assembleia com a TV Icaraí, caso cujo corruptor foi o empresário Vicente Malucelli; supostamente praticar rachadinha e contratar funcionários-fantasma (o caso foi investigado, mas foi arquivado pelo Ministério Público do Paraná em fevereiro deste ano); supostamente receber 50 mil de Caixa 2 da Odebrecht para sua campanha eleitoral em 2010 (embora constasse em arquivos da Operação Lava Jato, não houve abertura de investigação da mesma para o caso); supostamente receber dinheiro de desvios do governo paranaense de Beto Richa, investigados na Operação Quadro Negro.
No caso confessado com a TV Icaraí, o acordo com o MP definia a devolução do valor e a confissão para evitar a condenação.
Ademar Traiano, além de corrupto, foi também um importante quadro lavajatista, paladino do combate contra a corrupção. Em 2016, ele promoveu a campanha de Deltan Dallagnol, na presença do próprio procurador e do juiz Sérgio Moro, nomeada como “Dez Medidas contra a Corrupção” em encontro na casa legislativa paranaense. Durante o evento, além do encontro público de um juiz de casos de interesse nacional com uma das partes deles, chamou a atenção o discurso de Traiano, uma convincente demagogia sobre necessidade do combate à corrupção, que foi pertinentemente lembrada por Joaquim de Carvalho em sua coluna:
“O Brasil clama por mudanças que passem o país a limpo. A Assembleia vem tomando medidas para tornar a Casa mais transparente com medidas objetivas para que qualquer cidadão possa ser um fiscal do Legislativo”.
Essa situação de apoio fundamental de um político corrupto à Operação Lava Jato não é simplesmente uma contradição curiosa. Ela mostra o motivo pelo qual as forças imperialistas, as grandes responsáveis pela operação farsesca que levou ao golpe de 2016, escolheu sediar a Lava Jato no Paraná. Havia uma miríade de organizações criminosas comuns dentro do aparelho do Estado e do governo com as características necessárias para colocar em prática, mediante o pagamento, a política imperialista para o Brasil.
A Lava Jato, nesse sentido, foi uma operação criminosa comum, envolvendo políticos e burocratas já corrompidos em outras ocasiões. Tudo sugere que bastou o pagamento e algumas instruções por parte da inteligência norte-americana para a realização dessa operação que serviu de pretexto para a investida midiática contra o governo do Partido dos Trabalhadores.