Pesquisa do Ipea

Aumento das mortes dos negros: resultado da crise, não das armas

Armar o povo é a solução da violência contra o negro, e não a causa

Na última semana, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou a mais nova versão do Atlas da Violência. A edição deste ano, que contém dados coletados em 2021, demonstra um aumento no número de mortes dos negros.

Segundo o estudo, a proporção de pessoas negras assassinadas no Brasil é a maior dos últimos 11 anos. Em 2011, pessoas negras erma 71,9% das pessoas mortas, percentual que aumentou para 78,5% em 2021.

Uma coluna publicada no portal Nexo tenta afirmar que esse aumento é culpa do aumento da circulação de armas na sociedade brasileira entre os anos de 2019 e 2021, com a legislação introduzida pelo governo Bolsonaro.

“Essa flexibilização de leis que facilita o porte de armas implica em outros dados assustadores que demonstram o quão cruel, covarde, misógina e racista é a geografia dos homicídios no Brasil: desde 2021, a taxa de homicídios contra pessoas indígenas cresceu 2,9%, no entanto o número total de homicídios caiu no Brasil”, afirma a coluna intitulada Os ‘novos negros’ e o que muda diante do Atlas da Violência, assinada por Luciana Brito.

Trata-se, todavia, de uma falácia. A principal causa da morte da população negra no Brasil é, sem sombra de dúvidas, as polícias – em especial a militar, mas todas as forças de repressão do Estado. Não é à toa que a todo momento são registradas chacinas nas mais diversas favelas brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.

Nesse sentido, armar o povo – algo que não foi feito por Bolsonaro – é a solução da violência contra o negro, e não a causa. Uma vez armada, a população pode reagir à máquina de matar que é a polícia, impedindo que chacinas como a do Jacarezinho, em 2021, aconteçam.

Ao mesmo tempo, as demais mortes, as que não são culpa da polícia, são culpa da crise do capitalismo e da devastação que o golpe causou no País, algo que atinge principalmente os negros, setor mais pobre da população. Isso, por sua vez, só pode ser solucionado por meio de uma mobilização política em prol dos direitos dos trabalhadores, restringir o acesso às armas também não ajudará quanto a isso.

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