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Oriente-Médio

Jenin: Estado de Israel promove limpeza étnica na Cisjordânia

Acuado pela crise, o governo fascista comete crimes de guerra em Jenin

A decadência imperialista dos dias de hoje atinge não apenas os EUA e a Europa, mas também os estados vassalos aliados a eles. Israel, descrito por muitos como “o 51o estado norte-americano”, vem enfrentando uma enorme crise política que levou a extrema-direita ao poder no final de 2022. A recente escalada das tensões na cidade de Jenin, na Cisjordânia, resultou na maior incursão do exército israelense na região nos últimos 20 anos. Iniciada na segunda-feira, dia 3 de julho, a operação durou dois dias, e contou com ataques aéreos com mísseis e drones, e terrestres com snipers, cerca de 150 veículos armados e mais de mil soldados, deixando 12 mortos, incluindo cinco crianças, além de mais de 120 feridos. 

Segundo a Al Jazeera, “antes de 21 de junho, quando Israel realizou um ataque de drones perto de Jenin que deixou várias pessoas mortas e irritou combatentes palestinos, não houve ataques de drones na Cisjordânia ocupada desde 2006.”

A volta de Benjamin Netanyahu ao cargo de primeiro-ministro, com seu gabinete de extremistas fascistas como o líder religioso sionista Bezalel Smotrich (Ministério das Finanças) e o ultranacionalista apoiador de terroristas Itamar Ben-Gvir (Ministério de Segurança Nacional), desencadeou não só grandes manifestações do setor liberal, mas também um aumento da repressão do governo e da violência dos colonos contra a população árabe, e por consequência, o crescimento da resistência palestina.

A cidade de Jenin tem uma longa história de desafios contra Israel e sua ocupação.  Símbolo da resistência palestina, ela foi apelidada pelo aparato de segurança israelense de o “vespeiro”. O ataque aconteceu no campo de refugiados de Jenin, criado em 1953 para abrigar parte dos 750 mil palestinos que foram brutalmente expulsos de suas casas pelas forças israelenses durante o Nakba, “a catástrofe palestina”, após 1948. A pequena área de 0.42km2 e mais de 12 mil pessoas, é considerada uma “área liberada” por facções da resistência armada como a Brigada Jenin, a Jihad Islâmica da Palestina (PJI), a Brigada dos Mártires de Al-Aqsa (braço armado do Fatah, o partido político que antes era conhecido como Movimento de Liberação Nacional da Palestina) e o Hamas.

O governo de Netanyahu afirma que a operação militar teve como objetivo frear os ataques a Israel por palestinos armados, uma espécie de “guerra ao terror” ao estilo estadunidense. Mas assim como no caso norte-americano, a “guerra ao terror” é apenas uma desprezível distorção dos fatos. O massacre da população civil em Jenin mostra que é o regime de apartheid israelense o verdadeiro terrorista. O prefeito da cidade, Nidal al-Obaid, declarou que a violenta invasão de Jenin por Israel, “nos lembra os dias de Nakba”. A situação humanitária em Jenin é catastrófica”, disse o prefeito. 

A operação começou com ataques aéreos sobre a região densamente populosa por volta da uma da manhã de segunda-feira e o ataque terrestre veio em seguida. O exército bloqueou as ruas, tomou casas e prédios, e snipers atiraram de telhados. Mísseis atingiram casas e palestinos foram mortos nas ruas. Ao longo da operação, tanques blindados e escavadeiras destruíram casas, prédios, ruas e infraestrutura, cortando o abastecimento de água da cidade e a eletricidade. Os moradores, mulheres e crianças, aterrorizados, escondiam em suas casas que eram invadidas por soldados israelenses quebrando as paredes para passar de casa em casa. Duras batalhas, bombas de gás lacrimogênio, tiros e explosões ecoavam no centro da cidade onde a resistência palestina enfrentava os soldados do regime sionista.

Ataque aéreo de Israel à população civil no campo de refugiados de Jenin – Ronaldo Schemidt – AFP via GETTY IMAGES

O motorista de ambulâncias palestino, Khaled Alahmad, disse ao jornal Monitor do Oriente Médio: “o que está acontecendo no campo de refugiados é uma guerra real. Houve ataques aéreos visando o acampamento toda vez que entramos, cerca de cinco a sete ambulâncias, e voltamos cheios de feridos.” O ministro da Saúde disse que os soldados atiraram dentro de hospitais. 

Jornalistas palestinos disseram que foram alvo das forças israelenses, junto com médicos e civis. Vídeos mostram jornalistas sendo alvejados com munição real, apesar de claramente marcados como imprensa, lembrando o assassinato da jornalista Shireen Abu Akleh, que foi atingida por um tiro mortal de um soldado israelense ali mesmo no campo de refugiados de Jenin no ano passado.

A relatora especial da ONU para os palestinos, Francesca Albanese, acusou Israel de cometer crimes de guerra durante a operação. O secretário geral da ONU Antonio Guterres disse estar profundamente perturbado pelo óbvio uso de forças excessivas no ataque e apelou para que Israel seguisse as leis internacionais. 

“Orgulhoso de nossos heróis em todas as frentes e, nesta manhã, especialmente de nossos soldados que operam em Jenin”, tuitou o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que recentemente pediu que Israel mate milhares de militantes, se necessário. “Orando pelo sucesso deles.”

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, acusou o arqui-inimigo Irã de estar por trás da violência ao financiar grupos militantes palestinos. Os palestinos rejeitam tais acusações. Para eles, a violência é uma resposta natural aos 56 anos de ocupação desde que Israel capturou a Cisjordânia na guerra de 1967 no Oriente Médio.

Ao redor do mundo, várias manifestações surgiram em defesa do povo palestino, apesar da imprensa capitalista tentar esconder ou amenizar os crimes dos sionistas. Na Inglaterra, houve manifestações em várias cidades como Londres, Manchester e Leicester. Nesta última, os protestos aconteceram em frente à fábrica de armas israelenses Elbit System. No Brooklyn, nos EUA, o rabino anti-sionista Yisroel Dovid Weiss liderou um protesto contra o ataque de Israel. Em Sana’a, a capital do Iêmen, dezenas de milhares se reuniram para prestar solidariedade ao povo palestino, enquanto queimavam bandeiras dos EUA e Israel.

De Paris, Marian Bishara, analista político da Al Jazeera disse que os israelenses “aparentam ser o que são: uma potência que ocupa e usa força e violência desproporcionais contra uma população majoritariamente civil, destruindo a infraestrutura civil para reforçar não sua segurança, mas sua supremacia”. E acrescentou: “Há uma certa agressão, um certo sadismo em relação aos palestinos, com a tentativa de puni-los, machucá-los e matá-los – sabendo muito bem que isso não funcionou no passado”.

Em uma declaração conjunta, o Hamas e a PIJ alertaram que “a situação atual exige consenso sobre um plano nacional abrangente para enfrentar o projeto sionista. Deve ser implementado imediatamente, incluindo a realização de uma reunião dos secretários gerais das facções palestinas”.

Mais de 4 mil pessoas deixaram suas casas no campo de Jenin para tentar fugir do terror israelense, tornando-se mais uma vez refugiados. Na terça-feira, Israel iniciou a retirada do exército, e moradores começaram as reconstruções. Segundo o vice-governador da cidade, Kamal Abu al-Rub, quase 80% das casas no campo de refugiados foram danificadas após os dois dias da operação de Israel. 

As várias facções palestinas celebraram a resistência dos combatentes em Jenin e a retirada de Israel. O batalhão das Brigadas Al-Quds de Jenin disse: “A vitória [foi] alcançada”. A Jihad Islâmica também elogiou os combatentes: “o “batalhão de Jenin e seus combatentes lideraram bravamente a vitória em Jenin”. 

Apesar da retirada israelense, fica claro que a pausa nos ataques é apenas temporária. Logo depois da retirada do exército em Jenin, as Brigadas Al-Quads relataram estar em confronto com as forças israelenses nas ruas de Nablus, uma cidade a uma hora de Jenin. Assim como os EUA e os países imperialistas da Europa provocaram e hoje procuram escalar o conflito na Ucrânia, buscando administrar suas enormes crises, Israel deve continuar escalando a violência na Palestina, para tentar manter sua dominância. É fácil perceber, no entanto, que estes objetivos, tanto dos países imperialistas, quanto de Israel, ficam cada vez mais difíceis de realizar.

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