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Solidariedade à Palestina

Atos do dia 29 indicaram o caminho da mobilização

Tendências sectárias que estavam dificultando o desenvolvimento do movimento acabaram saindo derrotadas

“Abaixo o genocídio israelense na Faixa de Gaza!” Essa frase, acompanhada seja de uma bandeira palestina ou de uma bandeira de Israel riscada, já foi impressa dezenas de milhares de vezes no último mês pelos comitês de luta, que estão distribuindo e colando cartazes contra o massacre do povo árabe.

A pequena cidade do Crato, localizada no sertão do Cariri, no Ceará, está entre as dezenas de municípios que já testemunharam a existência desses cartazes. No dia 29 de novembro, um grupo de militantes e ativistas do comitê de luta da cidade organizou uma manifestação em solidariedade ao povo palestino.

“Vimos que haveria atos em vários cidades do mundo nesta data, que marca também o Plano da ONU de Partilha da Palestina”, nos contou Lino Alves, um dos integrantes do comitê. “Não havia nenhum ato marcado em toda a região do Cariri, então decidimos fazer o nosso”.

Militantes e ativistas do Comitê do Crato

A situação narrada por Lino Alves expressa a situação que vive o movimento em defesa do povo palestino. Ao mesmo tempo em que há uma tendência à mobilização, com a “opinião pública” cada vez mais desfavorável para Israel, o movimento vem encontrando dificuldade de se desenvolver por causa de uma série de decisões sectárias e amadoras de organizações que o compõem. Apesar das amarras impostas por essa política, o Partido da Causa Operária e os setores mais ativistas do movimento têm conseguido fazer a mobilização avançar por iniciativas como a do Comitê do Crato.

Em João Pessoa, as mesmas tendências vieram à tona. A diferença, no entanto, é que, além do PCO e do Comitê de Luta da cidade, outras agremiações participaram.

Segundo Camilo Duarte, militante do Partido da Causa Operária da Paraíba, as reuniões que antecederam a manifestação eram marcadas por um “desinteresse total”. “Nessas reuniões, as direções não compareceram, a CUT não foi, dos parlamentares do PT, só foi uma pessoa. (…) Se não fosse a nossa iniciativa, o ato não iria acontecer”. Duarte ainda destacou que, embora algumas organizações tivessem comparecido ao ato, a organização da manifestação recaiu sobre o PCO e a Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB), entidade que foi convidada pelos próprios integrantes do Comitê de Luta.

“O único material que tinha eram os nossos cartazes e os nossos boletins. A tenda era nossa. A única bandeira que tinha havia sido feita por um militante do PT com material cedido pela ADUFPB. A caixa de som era da ADUFPB…”

Manifestantes em João Pessoa exibem faixa palestina

Situação semelhante foi enfrentada na capital federal. Expedito Mendonça, dirigente do PCO em Brasília, criticou as entidades pela falta de mobilização:

“Só tem convocatória nas redes sociais. Não tem atividade de panfletagem, chamada… Os sindicatos não estão envolvidos, não tem mobilização nenhuma. (…) Nós comparecemos com cartazes, bandeiras da Palestina. com a bandeira do Partido, panfleto”.

Onde as tendências se expressaram mais claramente, contudo, foi no ato de São Paulo – maior cidade do País. Em declaração concedida a este Diário na edição de 30 de novembro, João Jorge Caproni Pimenta, membro da direção nacional do PCO, afirmou que a manifestação “foi uma vitória muito importante porque, em primeiro lugar, conseguimos acabar com tendências sectárias no interior do movimento que queriam dividir as manifestações. Conseguimos, finalmente, uma unidade com base na democracia operária, onde todas as forças falam e falam o que pensam, sem censura”, afirmou Pimenta.

Ao criticar as tendências sectárias, o jovem dirigente se refere a atitudes como a de pessoas ligadas ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), que tomaram o microfone da mão de Henrique Simonard, outro dirigente do PCO, por defender o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

“Nós que já fomos censurados nesse movimento”, continuou João Pimenta”, mostramos que não queremos censurar ninguém. Teve gente que falou até defendendo a Ucrânia – o que não gostamos, não concordamos -, mas deixamos falar. Nunca impusemos nenhuma condição contra ninguém. Isso é um exemplo da democracia operária. Isso é muito importante porque começa a acabar com esse sectarismo que é muito danoso para o movimento em defesa da Palestina”.

Manifestação na Avenida Paulista

A condução democrática do carro de som por parte do PCO foi ainda complementada com o seu bloco de militantes, filiados e simpatizantes, que, mais uma vez, foi o maior da manifestação. Com bandeiras do Hamas, da Jiade Islâmica, da Frente Popular para a Libertação da Palestina e da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, o bloco distribuiu centenas de panfletos e cartazes e gritou, durante toda a manifestação, palavras de ordem contra os sionistas.

“O bloco do PCO”, afirmou Uriel Roitman, militante do Partido, “era o mais animado, o mais combativo, trouxe bateria, faixa, milhares de materiais. E mostrou que, nessa luta, defender a resistência armada, de fender o Hamas é defender a Palestina. Tanto é que mesmo organizações que não defendiam [o Hamas] passaram a defender. Sempre que se dizia Hamas, sobre a vitória da resistência armada se comemorava”.

No Rio de Janeiro, o PCO também se destacou como o maior do ato.

“Fomos o primeiro a chegar”, contou Vinicius Rodrigues, também militante da agremiação trotskista. “Nossa participação foi a mais organizada de todas. Éramos os únicos com tenda, com mesa, materiais da Palestina. A Bateria Zumbi dos Palmares foi, também, a única bateria do ato, que deu vida ao ato. Infelizmente, o ato estava menor do que o último, mas, em relação ao impacto que nosso bloco causou, com certeza foi o mais importante”.

Diante de tudo o que aconteceu nos atos do dia 29, agora é preciso dar um novo passo. Agora que as tendências sectárias sofreram uma importante derrota, é preciso tomar uma série de iniciativas para que as manifestações se desenvolvam. É preciso ampliar e fortalecer os comitês em defesa da Palestina.

Nem os atos, nem mesmo a organização deles deve ficar restrita a meia dúzia de representantes de entidades. É preciso tornar os comitês organizações amplas, é preciso que sejam abertos a todos os que querem defender a Palestina. Os comitês devem, com essas iniciativas, trazer toda a comunidade árabe, em primeiro lugar, independentemente das organizações que representam e, por fim, mobilizar o conjunto da esquerda que não está saindo às ruas.

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