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Ato “pela paz” demonstra falência das centrais e da esquerda

Manifestação minúscula das centrais sindicais em favor de uma paz abstrata e por uma solução diplomática do conflito deixa claro que não há uma política para defender a Palestina

Na última terça-feira (14), as centrais sindicais se reuniram em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo para um “Ato Pela Paz e Valorização da Diplomacia Brasileira”. A tentativa de manifestação foi um verdadeiro fracasso, demonstrando uma falência desses setores da esquerda brasileira, justificado pela falta de uma política real de defesa da luta dos palestinos.

A manifestação concentrou membros da CUT, CTB, Força Sindical, UGT, NCST, CSB e Pública Central do Servidor. Pela quantidade de centrais envolvidas, poderíamos esperar por um ato expressivo, mas os registros fotográficos mostram o contrário. Os grupos não reuniram nem 100 pessoas, mesmo com o tema da Palestina sendo a questão central da luta política internacional.

“O evento reforçou a solidariedade das centrais sindicais brasileiras ao povo palestino, instando não apenas uma resposta local, mas também uma ação global em prol da paz e da justiça na região. Após discursos de solidariedade de representantes de todas as centrais, sindicatos diversos e organizações de direitos humanos, o ato encerrou-se soltando balões brancos nos céus da cidade”, destacou o portal de notícias Vermelho.

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que essa defesa da “paz” é uma posição completamente despolitizada e que não coloca em evidência o que está em jogo na guerra da Palestina. Resumir uma luta de 75 anos, com um verdadeiro genocídio praticado pelo Estado de Israel, a uma luta em prol da “paz e da justiça” é um desrespeito com os palestinos que sofrem diariamente com os criminosos bombardeios dos sionistas. Um desrespeito com as milhares de crianças trucidadas por esse regime criminoso.

Ainda de acordo com o Vermelho, “o ato também considerou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva se destaca por promover a união nacional”, o que explicita a total desorientação da esquerda no momento. A posição de Lula diante do conflito também foi vergonhosa. Lula tenta se colocar como um mediador, mas diz condenar as ações terroristas tanto de Israel quanto do Hamas. Trata-se de uma série de declarações feitas pressionadas pelo imperialismo, mas que denotam a tentativa de não atacar diretamente o sionismo. E, no fim, corrobora a posição do próprio sionismo e da imprensa internacional, que tenta justificar o genocídio dos palestinos por conta dos “terroristas”. Toda a imprensa mundial ataca os grupos armados que resistem à ocupação sionista e esse tem sido o cerne da questão, o que separa quem de fato defende os palestinos e quem só faz cena.

Sendo assim, o ato das centrais, que vai de encontro à posição defensiva de Lula, ressalta o papel de mediador de conflitos do governo brasileiro. O que não é verdade. A solução para parar o conflito e salvar a vida dos palestinos é o fim do Estado de Israel. É necessário levar adiante uma denúncia sistemática dos bombardeios israelenses, uma política para definitivamente parar o genocídio e os ataques a Faixa de Gaza. O fim da guerra e uma verdadeira paz passa primeiro pela dissolução deste Estado ilegítimo. É necessário, além disso, fazer uma defesa intransigente da luta armada dos palestinos, em defesa do seu próprio território. Sem concessões, sem acusar os grupos armados de terrorismo e sem defender uma paz abstrata.

A posição supostamente pacificadora de Lula é insustentável. As organizações de esquerda precisam intensificar uma campanha combativa nas ruas para pressionar Lula a ter uma posição mais incisiva contra o imperialismo e o sionismo.

Outra questão importante é a de que a CUT e os sindicatos deveriam estar na linha de frente, junto aos partidos, convocando todas as categorias de trabalhadores para saírem em defesa da luta dos palestinos. Das centrais de brinquedo como a Força Sindical e as demais, não se deve esperar muita coisa mesmo. O que se viu, na verdade, foi uma demonstração do esfarelamento dessa política fracassada dos sindicatos, das centrais e da esquerda, de uma forma geral. A falta de iniciativa das organizações de trabalhadores não é algo que vem de agora. E vimos muito recentemente, como nos atos “fora Bolsonaro” em 2021, quando a esquerda abertamente tentava sabotar os atos chamando PDT, PSDB e capitulando perante ao verde-amarelismo.

Um ato das maiores organizações reunir uma centena de pessoas é uma vergonha e é como um atestado de óbito da mobilização desses grupos. Convocaram um ato para o Teatro Municipal, uma espécie de cemitério da mobilização popular, pois é um local sem histórico nenhum de manifestação, onde poucas pessoas puderam ver o ato, inclusive.

Tudo isso fica muito evidenciado, em grande medida, pela falta de política do PT. O maior partido do Brasil, que está no Governo, não moveu uma palha para organizar uma campanha em defesa da Palestina. Amostras de solidariedade e manifestações de pena e condolências para com os palestinos mortos, não mudam nada a situação da vítimas do sionismo.

Lamentar pelo genocídio é uma posição absurda diante do que acontece. Como disse um porta-voz do grupo armado Hamas: “não chore por nós, pois nós estamos vivos e vocês estão mortos”. Quem chora pelas mortes e não atua no sentido de organizar uma luta real para apoiar os palestinos, já está derrotado pelo sionismo.

O ato vergonhoso das centrais, a tentativa da esquerda de desmobilizar as manifestações, a postura de atacar os grupos armados que defendem a Palestina e, finalmente, de atacar o PCO por conta de nossa posição intransigente, demonstram uma total capitulação da esquerda perante o imperialismo. A verdade é que a maior parte dos grupos quer posar na foto como humanitários e que sentem pena dos palestinos, para fim de se promoverem nas próximas eleições. A preocupação real com a luta dos palestinos deve ser levada às ruas, de forma combativa, com material, com campanha de rua, com uma discussão séria para mobilizar todos os brasileiros, como acontece na maioria dos países do mundo, que realizam manifestações gigantes.

A esquerda está completamente desorientada. Ainda assim, o movimento pró-palestina cresce no mundo inteiro. Os povos árabes e oprimidos do mundo inteiro estão se movimentando para apoiar essa importante luta. A capitulação da esquerda brasileira não acaba com as manifestações em defesa da Palestina, mas desmoraliza as organizações de trabalhadores que entram em decomposição pela falta de política. Independente da postura defensiva desses setores, a luta pela Palestina não irá cessar e o sionismo segue correndo um sério risco de sofrer uma derrota decisiva.

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