Durante evento realizado no aniversário de um ano do início das operações militares russas na Ucrânia, representantes do primeiro escalão do governo Biden se juntaram a ativistas ucranianos ligados aos setores mais radiciais da extrema-direita ucraniana. Tiveram destaque as participações da administradora da USAid, Samantha Power, e Secretária Assistente de Estado para Relações Europeias e Euro-asiáticas, Karen Donfried. No melhor estilo identitário, o imperialismo escala duas mulheres para defender a manutenção da guerra no leste europeu. E justamente municiando grupos de extrema-direita ucranianos, incluindo os abertamente nazistas. Os militantes ucranianos presentes no evento vieram cobrar, por exemplo, o envio de jatos F-16 para “punir a Rússia”.
O grupo US Ukrainian Activists (Ativistas Ucranianos nos Estados Unidos), presente no dia 25 de fevereiro, foi fundado por Nadiya Shaporynska, que descrevia o Batalhão de Azov como “heroicos defensores da Ucrânia” e não como a milícia nazista que era de fato até se ver frente a frente com as tropas russas. Outro grupo importante presente foi o Ukrainian World Congress (Congresso Mundial Ucraniano), representado por seu presidente Paul Grod, que se propõe a coordenar internacionalmente as organizações públicas ucranianas fugidas do país desde 1967. Sua atuação é a de uma ONG que promove o nacionalismo ucraniano em contradição primeiramente com a União Soviética e agora com a Rússia.
Paul Grod é reconhecido por defender explicitamente o legado de colaboradores da ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, como a Organização de Ucranianos Nacionalista (OUN) e a divisão de infantaria da SS nazista 14th Waffen Grenadier. Ambos os grupos lutaram a favor da Alemanha e participaram de massacres como o de civis poloneses em Volhynia e Galícia do Leste, onde se estima um número de vítimas entre 50 e 130 mil. Um dos ramos surgidos da OUN, o OUN-B, teve como liderança Stepan Bandera, ídolo dos atuais nazistas ucranianos. Para Paul Grod, o líder de massacres contra civis é um símbolo da luta da Ucrânia por sua independência.
O grupo de Shaporynska é mais recente, sendo criado no ano seguinte ao golpe de Estado patrocinado pelos Estados Unidos. Sua função básica é a captação de recursos mundo afora para financiar as atividades dos grupos ultranacionalistas na Ucrânia. Isso significa que passaram anos ajudando a armar milícias do Setor Direito, o Batalhão de Aidar e o Batalhão de Azov, por exemplo. Agora, fazem lobby junto a membros do governo Biden para que os Estados Unidos invistam mais na sua guerra por procuração contra a Rússia. Shaporynska ajudou a levantar recursos também para a Legião Nacional Georgeana, um grupo mercenário que atua na Ucrânia e que já cometeu crimes de guerra registrados em vídeo, como a execução de prisioneiros de guerra.
Não deixa de ser irônico, pois a máquina de propaganda dos Estados Unidos promove insistentemente a ideia de que seu governo foi o grande rival do Adolf Hitler e do nazismo. Algo especialmente insistente no cinema de Hollywood. É cada vez mais difícil esconder o apoio irrestrito aos neo nazistas dada a falta de discrição dos saudosistas do nazismo que se apresentam como “nacionalistas ucranianos” e que não escondem o objetivo de apagar a cultura russa na Ucrânia, o que ignora a própria história do país. Além da presença de Samantha Power, que pode ser considerada a mais importante, esteve presente Mark Ordan, diretor da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, e Kimberly Bassett, Secretária de Estado do Distrito de Columbia. Enquanto o povo norte-americano amarga os efeitos da crise econômica mundial, seu governo investe pesado no lado nazista de uma guerra muito longe das suas fronteiras.
Top Biden officials address pro-war rally led by Ukrainian Nazi supporters
USAID’s Samantha Power appeared alongside a clique of Ukrainian activists describing themselves as “true Banderites” and “Right Sektor’s Washington DC branch”
By @RealAlexRubi https://t.co/kHHhQL82ew
— The Grayzone (@TheGrayzoneNews) March 4, 2023