Desde a ação revolucionária desatada pela resistência palestina contra o Estado nazista de Israel no dia 7 de outubro, toda a imprensa a soldo do imperialismo vem condenado como “antissemita” todos aqueles que apoiam o Hamas e demais organizações que fazem parte da resistência palestina, e mesmo aqueles que simplesmente que condenam as atrocidades do sionismo.
Aliás, a condenação de antissemitismo já vem de muito antes.
Já há décadas que o imperialismo coloca sua imprensa e seus porta-vozes para acusar de antissemitas todos que lutam contra o genocídio que Israel comete diariamente contra o povo palestino. De forma tremendamente oportunista e mau caráter, utilizam-se do crime que foi o holocausto judeu cometido pela Alemanha nazista como justificava para isentar Israel e o sionistas de seus crimes.
Diante disto, é necessário esclarecer que aqueles que defendem a Palestina não são antissemitas. Pelo contrário. “Israel” e seus defensores é que são. Afinal, esse Estado terrorista vem realizando uma limpeza étnica de uma população semita (os palestinos) há quase um século.
Além disto, o próprio antissemitismo está por trás da consolidação do sionismo na Palestina e da fundação do Estado de “Israel”.
O sionismo foi fundado pelo judeu austro-húngaro Theodor Herzl, como uma iniciativa em resposta à perseguição sofrida por judeus na Europa. Em 1896 ele publicou o panfleto “o Estado Judeu”, em que é delineada a doutrina sionista. Como o nome indica, Herzl entendia que os judeus precisavam de um Estado nacional exclusivo só de judeus para que não fossem perseguidos. Uma ideia absurda, embora bem intencionada.
Contudo, a ideologia sionista só começou a prosperar de fato como política quando passou a ser apoiada pelo imperialismo britânico. Um dos eventos mais importantes desse apoio manifestou-se através da Declaração de Balfour, de 1917, feita pelo então ministro das relações exteriores do Reino Unido, Arthur Balfour.
Em uma curta declaração de 67 palavras, Balfour basicamente apoiou que “o povo judeu tivesse uma casa” na Palestina.
Foi basicamente uma declaração de intenções do império britânico em relação ao projeto sionista, à Palestina e ao futuro estado judeu.
Deve-se ter em mente que a Inglaterra ainda era a principal potência imperialista, daí a importância da declaração.
À primeira vista, uma declaração normal. Onde se encontraria, então, o antissemitismo por trás do triunfo do sionismo e do Estado de “Israel”?
Ora, Balfour, que já havia sido primeiro-ministro do Reino Unido, era notoriamente um supremacista branco e um antissemita.
Para ele, o sionismo caiu como uma luva para resolver o “problema judeu” na Grã-Bretanha.
Primeiramente sobre Arthur Balfour ser um supremacista branco. É fundamental para caracterizar o antissemitismo por trás da consolidação do Estado de Israel. Afinal, a população que havia na Palestina era de pele escura.
No ano de 1906, Balfour se manifestou a favor de que os negros nativos da África do Sul fossem privados de direitos. Isto se deu durante debate na Câmara dos Comuns da Grã Bretanha. À época, a África do Sul era colônia inglesa. Conforme exposto no sítio Palestine Studies, a privação dos direitos foi defendida apenas por ele.
Em que se refere ao antissemitismo, ele já o havia manifestado em 1905, enquanto primeiro-ministro. Durante seu mandato, aprovou a Lei do Estrangeiro, impondo restrições migratórias para a Grã-Bretanha. Mas seu interesse não era qualquer migração, mas a judaica especificamente. Afinal, eram judeus os principais migrantes. Grande número migrava para a ilha e também para os Estados Unidos, em decorrência da perseguição desatada na Europa continental, em especial no Império Russo, onde se davam inúmeros pogroms contra judeus, em especial na Zona de Assentamento Judaico.
Essa onda de imigração judaica para a Grã-Bretanha e para os EUA gerou o histórico antissemitismo em ambos os países, que só passou a ser mal visto após o holocausto.
A Lei do Estrangeiro aprovada por Balfour deu-se em razão desses clamores. Tanto é assim que há historiadores que relatam que ele chegou a proferir discursos inflamados contra a entrada de judeus no país, fugidos do Império Russo.
Dessa forma, a Declaração de Balfour, fundamental para a consolidação do sionismo e a fundação de “Israel” na Palestina, apesar do aparente apoio aos judeus que sofriam perseguição, na verdade era impulsionada pelo antissemitismo de Balfour e pelos interesses do imperialismo britânico na região do Oriente Médio e contra o Império Turco-Otomano.
Como representante do imperialismo britânico, tinha o interesse político em dominar o Oriente Médio, assumindo uma posição estratégica na região, tanto no que tange a ações militares, a reservas energéticas e rotas comerciais.
E, pessoalmente, Balfour tinha interesse em enxotar os judeus da Grã-Bretanha e da Europa. O sionismo, como doutrina supremacista, facilitou seu trabalho.
O resultado? Um Estado que diz representar todos os judeus do mundo (mas não representa) fundado sobre o antissemitismo, e que realiza uma política genocida há quase um século contra um povo semita (os palestinos).
E depois quem defende a Palestina é que é antissemita.