O futebol brasileiro está a um jogo de conquistar a Copa Libertadores. O Palmeiras joga contra o Boca Jrs. quinta-feira, no Allianz Parque, e tem grandes chances de confirmar sua vaga, porque já conseguiu um empate sem gols na selvageria do estádio La Bombonera, usualmente a única ferramenta de que dispõe o mais baixo entre os já sujos times argentinos. A Argentina, principal adversário do Brasil no continente, se com a seleção alviceleste já se move a pancadaria e trapaças como a água batizada de 1990, no futebol de clubes utiliza-se de recursos ainda mais sombrios, como acosso a hotéis e ônibus de jogadores, racismo e possivelmente até compra de arbitragem (vide o juiz Carlos Amarília, em confronto entre Boca e Corinthians em 2014).
Do outro lado da chave, Fluminense e Internacional fizeram aquele que, até agora, foi o melhor jogo deste campeonato, mostrando um futebol bem jogado, bola no chão, diferentes variáveis para resolução do jogo, dois grandes atacantes (Cano e Valência), um grande estádio como o Maracanã, uma torcida de apoio forte e incondicional (Inter) e outra de absoluta elegância em seus gritos e músicas (Flu). O placar, um 2×2 com placar aberto pelo Fluminense, virada do Inter e novo empate do Flu, os dois do Flu marcados pelo goleador Germán Cano (a cultura brasileira lapida os bons argentinos) mostrou o quanto o futebol praticado no Brasil é de alto nível e, para esta quarta-feira (4), está tudo aberto.
Para Palmeiras x Boca, espera-se um jogo traiçoeiro. Na bola, depois de um empate no misto de curral com ringue de galos de Buenos Aires, a tendência é uma vitória tranquila do Palmeiras, devendo este estar preparado para a pancadaria se a autoridade da vitória for assimilada como humilhante pelos argentinos. Porém, sempre é possível que o jogo se arraste, que é o que o Boca vai buscar. Faltinha cavada aqui e ali, dedo na cara, empurra-empurra, deboche do goleiro sobre o atacante que perdeu o gol, e os argentinos ganham tempo e vão minando a confiança dos brasileiros e deixando o jogo em aberto. Se um gol sair, estando zero a zero, tudo se modifica e o jogo acontece de igual para igual. Ou seja, para que o jogo ocorra tranquilamente e mostre em campo a diferença real entre os dois times (o Boca não estaria entre os dez do Brasileirão), o Palmeiras precisa fazer o primeiro gol no primeiro tempo.
A saber… Nessa semana de libertadores, teremos, possivelmente, mais uma afirmação da superioridade do futebol brasileira na América Latina. O que é muito bom, deve ser celebrado contra os detratores do futebol brasileiro, mas não traduz o tamanho do Brasil no futebol. O futebol brasileiro é o melhor da América como consequência tautológica de ser o melhor futebol do mundo, mundo este do qual faz parte a América.