O golpe no Gabão, que hoje completa uma semana, pôs em xeque a dominação da França sobre o país, dominação que se dá, principalmente, de maneira econômica. Um exemplo claro disso é em relação ao urânio do país centro-africano.
Por quase quarenta anos, de 1960 a 1999, o imperialismo francês explorou e minerou o urânio gabonês até esgotar todo esse recurso natural. Os primeiros depósitos do metal foram descobertos em 1958, na cidade de Mounana, por geologistas da Comissão de Energia Atômica Francesa (CEA). No mesmo ano, foi formada a Companhia das Minas de Urânio de Franceville (terceira maior cidade do Gabão, e localizada a menos de 80 km de Mounana).
Em 1968, foi descoberta o que seria a principal mina gabonesa de urânio. Os depósitos foram encontrados na região de Oklo. Para se ter noção da importância dessa região, no auge da rapina imperialista, o Gabão estava produzindo 28 mil toneladas de urânio, sendo que 14 mil delas, ou seja, metade, advinham de Oklo.
Durante os anos de saque do urânio gabonês, a COMUF foi a principal subsidiária da exploração e mineração do metal. Enquanto o governo do país africano detinha apenas 25,8% da companhia, o restante pertencia à francesa Cogema (Companhia Geral de Materiais Nucleares). Esta, por sua vez, eventualmente tornou-se a Areva NC e, então, a Orano Cycle, todas empresas controladas pelo capital imperialista francês, seja privado ou estatal.