Segundo reportagem publicada pelo portal Brasil 247 no último dia 10 de julho, Jilmar Tatto, deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo em 2020 pelo PT, teria afirmado que acha um “erro apoiar uma candidatura do PSOL na cidade de São Paulo”.
Ainda segunda a matéria, o apoio a Boulos está “longe de ser consensual” no PT. O Partido está dividido entre uma ala que diz ter havido um acordo com o PSOL e Guilherme Boulos para que este apoiasse a candidatura de Fernando Hadadd para o governo em 2022 em troca do apoio do PT a Boulos em 2024. A outra ala, liderada por Tatto, afirma que não há acordo nenhum e se coloca abertamente contra esse apoio.
Jilmar Tatto disse, em entrevista à Rede Brasil Atual, que “apoiar uma candidatura do PSOL é o caminho da derrota”, referindo-se ao suposto acordo. Segundo informações, deve haver uma reunião do Diretório Nacional do PT para uma resolução a respeito do problema.
A preocupação de Tatto acredita que Boulos não é um bom candidato porque seria muito “esquerdista”. Para nós, no entanto, o problema é o oposto. O petista está certo em dizer que o apoio a Boulos é o caminho da derrota, mas é preciso explicar a coisa de um ponto de vista mais amplo.
Primeiro, o esquerdismo de Guilherme Boulos é apenas uma fachada. As relações do psolista com setores da direita são estreitas. Aqui, não estamos apenas falando de sua íntima relação de amizade com personagens da direita (o melhor seria dizer etrema-direita) como José Luiz Datena. Suas relações vão além disso.
Boulos é um pseudo-esquerdista alugado por capitalistas ligados a organizações imperialistas, como demostrado mais de uma vez por este Diário. O psolista é o esquerdista de estimação de Valfrido Warde, domo do IREE, instituto que agrupa figuras da direita golpista como o general Sérgio Etchegoeyen, o ex-ministro de Temer, Raul Jungmann e o ex-chefe da Polícia Federal durante o golpe de Estado, Leandro Daielo. Tudo isso, acrescido de um aberto financiamento ou ligações políticas com organizações imperialistas como a Global Americans e o NED.
Boulos é o “esquerdista” escolhido pela burguesia mais pró-imperialista para ser um substituto do PT e de Lula. Se ainda há dúvidas, basta analisar a cobertura sempre positiva dos jornais capitalistas sobre ele, sua participação no movimento “Não vai ter Copa”, que iniciou o movimento de rua contra Dilma Rousseff.
Isso apenas para ficar em alguns exemplos mais gritantes. Fato é que Boulos está longe de ser um “esquerdista”.
Em segundo lugar, um apoio do PT a Boulos não seria apenas o caminho da derrota. Para o partido seria um erro quase fatal. O PT abriria mão de ter um candidato próprio na principal cidade da América Latina, cidade onde nasceu o PT e onde o partido mais forte.
Os que defendem esse apoio estão entregando a base do PT de presente para Guilherme Boulos. Já seria ruim se Boulos fosse o esquerdista que pintam, mas é muito pior. O PT pode cometer um erro que cometeu em outras cidades, a principal delas o Rio de Janeiro, onde uma política como essa arruinou o partido eleitoralmente. As alianças do PT no Rio acabou resultando numa dissolução do partido.
Esse é o maior perigo de um apoio a Boulos. O PT está pavimentando um caminho para sua dissolução na mais importante capital do País. Entregando sua base eleitoral para um aventureiro político, uma pessoa sem nenhuma ligação real com o movimento popular, sem base eleitoral e a serviço da direita que quer acabar com o PT. Não à toa é essa direita, por meio de seus jornais, que dá pilha no “acordo selado com Boulos em 2020”, como se Lula e o PT realmente precisassem do apoio eleitoral do PSOL.
Para os trabalhadores, pode haver uma última questão. Entre o PT, partido reformista e oportunista e um Boulos oportunista qual a diferença? É simples. Com toda a política errada, o PT é um partido com uma ampla base social apoiada em vários setores do movimento popular e dos trabalhadores. Boulos é apenas um instrumento do imperialismo para colocar no lugar do PT um elemento de confiança que se passa por esquerdista.