A esquerda pequeno-burguesa está muito acuada com a propaganda imperialista contra o “terrorismo do Hamas”. Embora a maioria da esquerda tenha uma posição correta em relação à defesa da resistência palestina, falta ser coerente com a posição e apoiar as ações do Hamas.
O MRT, do portal Esquerda Diário, fez um artigo chamado “A guerra de Israel contra o povo palestino e a política externa do Governo Lula”.
No texto, se aproveitam da posição errada de Lula no caso para fazer uma campanha contra o governo. O MRT quer parecer muito revolucionário. Mas na hora H, eis que eles mostram que não são:
“Estamos ao lado da resistência do povo palestino, sem que isso implique compartilhar da estratégia e dos métodos do Hamas, que visa estabelecer um Estado teocrático de caráter burguês. Defendemos o direito à autodeterminação nacional do povo palestino e lutamos por uma Palestina operária e socialista onde árabes e judeus convivam em paz.”
Precisaria explicar como ficar realmente do lado da resistência do povo palestino sem apoiar as ações do Hamas.
Uma explicação, que o MRT nunca vai dar, é simples. A ideia fajuta de que o Hamas não representa os palestinos está sendo amplamente divulgada pela imprensa capitalista pró-Israel. O MRT apenas dá a sua versão para a mesma política.
Para o imperialismo é importante desvincular o povo palestino do Hamas porque impede uma radicalização no mundo todo. As ações de Israel, por mais propaganda favorável que o imperialismo faça, são muito impopulares entre os povos do mundo. É preciso, então, ao menos retirar o teor de radicalização, tentando desvincular o Hamas da resistência palestina.
Outro ponto importante é que, ao falar que o Hamas não representa o povo palestino, o imperialismo dá carta branca para as ações genocidas de Israel.
Voltando ao MRT, o grupo nem se pergunta, se não “compartilha os métodos do Hamas”, qual deveria ser o método correto numa situação como a dos palestinos. O MRT pode até não querer pegar em armas, mas qualquer condenação aos métodos do Hamas é pura desonestidade intelectual.
A condenação ideológica também é pura desonestidade intelectual. O Hamas lidera uma revolução na Palestina, representa os anseios da população mais massacrada do planeta. Se o Hamas quer um Estado teocrático ou não isso é o que menos importa. Sem contar que a colocação é caluniosa. O MRT deveria saber, por exemplo, que o Hamas é um partido e que em sua coligação está até mesmo o Partido Comunista da Palestina.
O MRT abandona a luta de classes e adota uma concepção idealista sobre o que está acontecendo.
Tudo isso, como dissemos, serve para disfarçar o fato de que não apoiam as ações do Hamas, ou seja, de que seu apoia à resistência palestina é apenas algo platônico, sem consequências.