O Gabão, situado na África Central, encontra-se em meio a uma reviravolta histórica após um golpe militar que resultou na queda do presidente pró-imperialista Ali Bongo Ondimba. Esse evento marca o fim de uma dinastia que perdurou por mais de por 14 anos, liderada exclusivamente por Omar Bongo e seu filho, Ali Bongo, em um país considerado uma semi-colônia francesa.
O governo gabonês, por muito tempo, esteve sob o comando de figuras alinhadas ao imperialismo francês. Contudo, o recente golpe revela uma mudança drástica na situação política do Gabão, que agora enfrenta as primeiras sanções internacionais por parte da União Africana (UA) e da França.
Em 31 de agosto, o Conselho de Paz e Segurança da UA emitiu um comunicado anunciando a suspensão imediata da participação do Gabão “em todas as atividades da UA, de seus órgãos e instituições”. O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, havia condenado vigorosamente, 24 horas antes, o que ainda chamava de “tentativa de golpe de Estado”, ao mesmo tempo em que instava a junta militar a “garantir a integridade física” de Ali Bongo.
O comunicado do presidente da Comissão da UA destacou que essa ação representa uma violação flagrante dos instrumentos jurídicos e políticos da União Africana, incluindo a Carta Africana sobre Eleições, Democracia e Governança. Mahamat fez um apelo às forças armadas e de segurança nacionais para que se mantivessem estritamente fiéis à sua vocação republicana, assegurando a integridade física do presidente e dos membros de seu governo.
Então a França, que mantinha atividade militar no Gabão, precisou responder às recentes mudanças políticas suspendendo a cooperação militar. O ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, anunciou a suspensão da cooperação militar entre os dois países em 1º de setembro. Isso afeta cerca de 400 soldados franceses que estavam permanentemente estacionados no Gabão, principalmente envolvidos em atividades de formação.
O clima no Gabão se tornou cada vez mais hostil em relação à França desde que a junta militar tomou o poder por meio do Comitê para a Transição e Restauração das Instituições. Grandes empresas, como a francesa Eramat, do setor de mineração e metalurgia, já anunciaram o encerramento de suas operações no país.
A União Africana também tomou uma medida drástica ao suspender o Gabão como membro da entidade. As reações em países vizinhos, como Camarões e Ruanda, que realizaram um expurgo em seus exércitos, demonstram uma preocupação da população contra os governos fantoches africanos.
O Gabão, outrora uma peça-chave na política africana, agora enfrenta uma mudança política significativa.