Na última quarta-feira (03), a Ministra da Igualdade Racial do governo Lula, Anielle Franco, publicou, em seu Twitter, que estava indo para os Estados Unidos.
A ida, em conjunto com a ministra dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, se deu em conjunto com o anúncio da retomada do projeto Japer (Joint Action Plan to Eliminate Racial and Ethnic Discrimination and Promote Equality), o “acordo de cooperação bilateral que tem como objetivo a eliminação da discriminação racial e étnica nos dois países”, conforme o portal de notícias Mundo Negro.
“O presidente Biden me escolheu para ser a face dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Estamos aqui em Salvador, o coração do Brasil negro, porque essa cidade representa tanto o passado de racismo quanto o futuro otimista que queremos”, afirmou Linda Thomas-Greenfield.
“É muito histórico o que a gente já tem feito. Um acordo que foi assinado em 2008, que fica parado, mas que tem muita potência para crescer e para transformar vidas de muitas pessoas negras”, disse Anielle Franco.
“O encontro com a Representante Especial para Igualdade Racial e Justiça do departamento de Estado Americano foi importante para selar a retomada do Japer como acordo de cooperação que prevê parcerias técnicas, transferência de tecnologia e investimento em ações e programas coordenados pelo MIR que atuem na promoção de mecanismos de justiça e oportunidade para a população negra”, contou Anielle ao Mundo Negro em fevereiro, ao se encontrar com a Representante Especial de Estado para Justiça e Igualdade Racial do Departamento de Estado Americano, Desirée Cormier Smith para selar a retomada do Japer.
É impressionante como, independente de quanto tempo passe, a esquerda pequeno-burguesa não consegue perceber a ameaça do imperialismo ao Brasil, bem como não consegue ver as toneladas de demagogia que habitam em todas essas ações.
O identitarismo é uma das maneiras do imperialismo de se infiltrar na esquerda pequeno-burguesa e qualquer tipo de conciliação que o envolva deve ser vista com desconfiança. De todos os problemas que podem ser observados tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, qual a diferença de uma ou outra política racial?
Finalmente, o país que mais prende pessoas negras no mundo, os Estados Unidos, quer dar uma lição ao Brasil sobre como combater o “racismo”. Termo que, inclusive, não possui grande valor já que, para a esquerda pequeno-burguesa, por exemplo, é muito mais importante lutar pela censura que pelo fim das polícias para acabar com o “racismo”. Uma política que não leva em consideração a real situação do negro no Brasil e que é, como fica mais claro agora, diretamente importada dos Estados Unidos.
O que devemos observar é que esse tipo de interação, sobretudo vinda dos EUA, é muito suspeita. Não é como se o país imperialista não tivesse histórico de sabotar e de fazer com que países pobres se submetam a ele, econômica e politicamente. E uma das maneiras de fazê-lo é justamente por meio de seus agentes infiltrados no País.
Isso se torna ainda mais importante na medida em que o atual governo Lula tende a comercializar com a China e esteja bem mais à esquerda do que todos os governos anteriores em questão de política externa.
Os EUA estão perdendo seu poder externo e vão fazer de tudo, mesmo nos mais pequenos espaços, para tentar manter as boas maneiras. Não só isso, mas a esquerda pequeno-burguesa também se recusa a ver esse fator, criando cenas ridículas como essa de Anielle Franco, que vai se divertir nos Estados Unidos com a ilusão de que a sua interferência vai ter alguma importância real na vida de alguém, seja nos EUA ou no Brasil.