Neste sábado, 19 de agosto, foi ao ar no canal do YouTube da COTV o mais tradicional programa de análise política da esquerda brasileira: a Análise Política da Semana feita pelo companheiro Rui Costa Pimenta. A longo de pouco mais de três horas, o Presidente do PCO discorreu sobre diversos temas de política e cultura, além de responder às perguntas dos espectadores. Dentre os temas tratados, podemos separar quatro principais: a fundação da CUT, que completa 40 anos no fim deste mês; o filme norte-americano Oppenheimer; as prévias argentinas e a vitória esmagadora da Direita; e os processos contra o ex-Presidente Jair Bolsonaro.
A Criação da CUT
Devido ao aniversário de quarenta anos da fundação da maior central sindical da América Latina, e uma das maiores do mundo, o companheiro Rui reservará o começo de todos os programas do mês para contar um pouco a história da mais importante organização operária brasileira, que é, de modo geral, muito mal compreendida pela esquerda, em particular pelos setores pequeno-burgueses pretensamente revolucionários, especialmente depois da subida do PT ao governo em 2002.
Nesta semana, o companheiro contou um pouco sobre a criação da central, como foi a segunda iniciativa de criação de uma central sindical nacional única, após a abortada tentativa por parte dos anarquistas no começo do século passado, expondo em particular o papel crucial que a classe operária desempenhou. Como bem disse o companheiro Rui: “as organizações das massas são construídas pelas próprias massas”, e houve inúmeros obstáculos impostos pelo antigo PCB estalinista e o PTB varguista, além é claro da Ditadura Militar, no surgimento de um central dos trabalhadores.
Oppenheimer: uma apologia de crimes do imperialismo
É possível que o filme Oppenheimer seja muito premiado pela Academia de cinema. No entanto, trata-se de nada mais nada menos do que uma obra apologética de um dos mais horrendos crimes já cometidos pelo imperialismo. É difícil retratar uma monstruosidade hedionda como a completa destruição de duas cidades como algo “bom”, no entanto, como usual no cinema hollywoodiano, completamente controlado pela CIA, conseguiram criar uma espécie de contraponto. Tanto para salvar a imagem de Oppenheimer, afinal ele era contra a bomba de hidrogênio, quanto para escusar o bombardeio das cidades de Hiroshima e Nagasaki, caso contrário os japoneses não teriam se rendido e a guerra prosseguiria. O segundo é particularmente grotesco quando já se sabe que os japoneses pretendiam se render e que os americanos explodiram as bombas com o intuito de intimidar a URSS.
Argentina: espelho do futuro do Brasil?
Nesta semana vimos a derrota esmagadora sofrida pela esquerda argentina nas eleições prévias. Reina no meio da esquerda uma profunda incompreensão acerca da questão: muitos procuram dizer que Milei seria uma espécie de Bolsonaro argentino. Não é verdade. A Argentina já viveu o “fenômeno Bolsonaro”, verdade seja dita um governo mais direitista do que o governo deste. Estamos falando é claro do governo Macri.
A esquerda peronista voltou ao governo com um direitista, Alberto Fernandez, e não conseguiu realizar quase nada: o profundo retrocesso econômico e o esmagamento do povo argentino pelo neoliberalismo seguiu de vento em popa. As poucas, e muito moderadas, reformas do governo peronista em nada serviram para responder às demandas dos argentinos. O resultado é uma tragédia: a direita alcançou quase 70% dos votos nas prévias, que em geral representa de maneira fiel as eleições presidenciais, e o candidato mais votado é uma espécie de palhaço ultra-neoliberal, Milei.
A Argentina é uma espécie de espelho do que pode ser o Brasil, caso o governo Lula não consiga retirar o Brasil do curso do desastre. A esquerda será quase integralmente esmagada e pode ser que surja daí uma espécie de “Super Bolsonaro” para continuar a obra de destruição nacional de FHC.
O bolsonarismo será derrotado com condenações a Bolsonaro?
No mundo cor-de-rosa em que vive a esquerda brasileira, vale tudo para “vencer o bolsonariosmo”, inclusive apoiar o Estado capitalista, o maior instrumento da dominação burguesa (muito mais do que os próprios partidos burgueses). Primeiro ,é evidente que o bolsonarismo não será vencido com uma “canetada” judicial. Segundo, a “perseguição” contra o bolsonarismo está sendo levada a cabo por elementos da direita tradicional, com o apoio da esquerda; ou seja, não se trata em nenhum sentido possível de uma vitória do campo popular, mesmo caso Bolsonaro seja de fato condenado e preso. Além do mais, fica claro que Bolsonaro, ao contrário do PT que quase foi destruído pelo Mensalão e pela Lava Jato, tem amigos muito poderosos no Exército, que são determinantes na situação política nacional. Finalmente, o clima de profunda repressão que se estabelece no país rapidamente pode se virar contra os movimentos populares e contra a esquerda em geral
Convidamos todos os leitores a assistirem ao programa na íntegra. Ali os assuntos mencionados aqui foram tratados com uma profundidade muito maior pelo maior analista político brasileiro da atualidade. Convidamos os companheiros também a acompanharem os demais canais da rede Causa Operária e, àqueles na Grande São Paulo, a assistirem a próxima Análise Política da Semana no sábado, dia 26, nos estúdios da COTV, localizadas na Rua Serranos, 90, próximo ao metrô Saúde.