Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Presidente deposto do Gabão

Ali Bongo, o “homem de Obama na África”

Artigo da revista imperialista Foreign Policy mostra que Bongo era, na prática, um espião dos Estados Unidos na África

Na quarta-feira (30), um golpe de Estado militar tirou o presidente do Gabão do poder, pondo fim a um regime de mais de 14 anos. Ali Bongo, agora ex-presidente, seguiu os passos de seu pai, Omar Bongo – que permaneceu mais de quatro décadas no poder -, trazendo uma imensa pobreza ao povo gabonês.

Surgiu, principalmente na imprensa burguesa, a versão de que o golpe no Gabão teria sido diferente daqueles no Níger, em Burquina Fasso, no Mali etc.: a tomada do poder teria favorecido o imperialismo, e não o contrário. O histórico de Bongo mostra, porém, que isso não é verdade, pois ele possuía profundas relações com os países imperialistas e entregava a maior parte das riquezas de seu país para as grandes potências.

Em 2016, a revista Foreign Policy (FP), porta-voz extraoficial do chamado deep-state norte-americano, publicou uma reportagem intitulada Conheça Ali Bongo Ondimba, o homem de Obama na África que escancara quão profunda é a relação de Bongo com o imperialismo. O texto revela que, durante seu governo, o Gabão se consolidou como um “aliado diplomático fácil dos Estados Unidos em uma região abalada por instabilidade”.

Em 2010, quando o Gabão ocupou um assento temporário no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSONU), o governo Obama tentou angariar o máximo de países possível para possibilitar a sua intervenção na Líbia que, naquele momento, era governado pelo líder nacionalista Muammar al-Gaddafi.

Naquele momento, o governo gabonês deu o sinal mais importante de que está do lado dos EUA: em fevereiro de 2011, o Gabão votou a favor de duas resoluções do CSONU, impondo sanções a Gaddafi e estabelecendo uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia. Mais tarde, em junho daquele ano, Bongo tornou-se o primeiro líder africano a publicamente pedir a derrubada de Gaddafi.

“Enquanto os outros países do CSONU foram mais reservados, o Gabão abriu o caminho e ajudou a administração a obter o voto africano para as resoluções de intervenção na Líbia”, disse J. Peter Pham, diretor do Centro Africano no Conselho Atlântico, outra organização importante do imperialismo.

Eric Benjaminson, embaixador norte-americano no Gabão entre 2010 e 2013, compartilha a mesma visão de Pham, ressaltando a importância do país centro-africano na região. O embaixador revelou, no artigo em questão, que funcionários do governo Bongo “podiam ligar para qualquer líder africano em seus números de telefone particulares”. “Eles conheciam Gaddafi e conheciam muito bem o seu chefe de gabinete, e estávamos tentando trabalhar através dos gaboneses para conseguir que Gaddafi renunciasse sem ação militar”, disse.

Apesar de isso não ter funcionado, Benjaminson reforça a importância do Gabão durante a intervenção imperialista na Líbia. De acordo com o diplomata, Bongo ofereceu a Obama quantidades impressionantes de informação sobre conversas reservadas que ele teve com outros líderes africanos. Ou seja, era, na prática, um espião norte-americano governando um dos países mais importantes da África.

Como se não fosse suficiente, o órgão de imprensa imperialista deixa claro que Bongo governava conforme ditava os Estados Unidos. Funcionários do governo gabonês conferiam, por meio da embaixada dos EUA, se suas decisões “se encaixavam na estrutura do que os outros membros ocidentais do Conselho de Segurança estavam fazendo. “Nós diríamos a eles e eles modificariam as coisas com frequência”, afirmou Benjaminson.

A colaboração de Ali Bongo com os EUA ocorreu até mesmo durante o governo de seu pai, quando era ministro da Defesa do país. Na pasta, ele reformou as Forças Armadas gabonesas para o que tanto Pham, quanto Benhaminson, ambos representantes do imperialismo, consideram como “profissional”.

Posteriormente, segundo o secretário da Marinha dos Estados Unidos da época da publicação do artigo, Ray Mabus, os norte-americanos chegaram a treinar soldados no Gabão com a justificativa de combater a caça.

Em relação a isso, Bongo também seguia a política dos Estados Unidos para o meio ambiente. Em 2014, 23% dos mares e mais de 10% do território do Gabão foram classificados como parques marinhos e nacionais.

Até o chefe de Bongo Obama, declarou seu apoio à medida, afirmando estar “muito impressionado com o compromisso de Ali com a conservação e proteção de espécies ameaçadas”. E não é à toa, já que quase 40% do território gabonês ficaria reservado para que o imperialismo pudesse explorá-lo mais tarde.

Com os fatos expostos, fica claro que Ali Bongo funcionava como um instrumento político dos Estados Unidos contra os governos que tivessem alguma contradição com o imperialismo. Isso enquanto atuava como uma marionete do regime francês, favorecendo a pilhagem do país africano pelos países imperialistas.

Não podemos ter dúvidas, portanto, de que o golpe no Gabão dessa quarta-feira enfraqueceu o domínio do imperialismo sobre a África.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.