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Autoridade Palestina

Ação libertadora do Hamas aprofundou crise da OLP

A ANP e OLP estão entre a cruz e a espada. Como lacaios de Israel, não podem desagradar seu patrão e se juntar à resistência

Após mais de um mês da ação da resistência palestina, já há um grande número de indícios que torna seguro dizer que se tratou de uma ação revolucionária.

Colocou o imperialismo e o sionismo de ponta a cabeça, demonstrando a profunda debilidade de ambos, em especial do último. O Estado nazista de Israel, mesmo após bombardeios genocidas contra Gaza e a invasão terrestre com suas tropas, não conseguiu objetivos militares significativos e foi forçado a um acordo, libertando prisioneiros palestinos que estavam encarcerados há anos.

Agora, outra prova de que ação do Hamas e da resistência em geral foi revolucionária é a crise em que se encontra a chamada Autoridade Nacional Palestina. Ela é tão grande que, já no dia 17 de outubro, apenas dez dias após o triunfo da resistência, protestos por parte de palestinos já irromperam na Cisjordânia ocupada, pedindo a renúncia de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Tendo em vista o termo incomum, cumpre esclarecer rapidamente o que é a ANP e quando ela surgiu. A autoridade é oficialmente o governo palestino das Áreas A e B da Cisjordânia. Até o ano de 2006, também o era da Faixa de Gaza, mas perdeu o controle para o Hamas, em especial por conta das eleições daquele ano. Também teria perdido no restante dos territórios palestinos, não fosse seu conluio com o imperialismo e com o sionismo.

Mostrando sua natureza intrinsecamente corrupta e capituladora, a ANP nasceu dos Acordos de Oslo, os quais foram capitaneados, do lado palestino, pela OLP (Organização pela Libertação da Palestina). Datado dos anos de 1993-1995, tais acordos previam a criação dessa “Autoridade Palestina” como governo de transição para um eventual Estado Palestino independente. Em troca, a liderança palestina deveria reconhecer a legitimidade de Israel sobre 78% do território palestino. O povo originário, portanto, ficaria apenas com a Cisjordânia e com a Faixa de Gaza. Uma profunda capitulação, que foi aceita pela OLP e por sua organização dirigente, o Fatá, da qual já fazia parte Abbas.

Uma outra condição dos Acordos de Oslo era que Israel se retirasse completamente destes territórios que devessem ser palestinos. Tinham o prazo de cinco anos para fazer isto, o que nunca ocorreu, tornando-se uma das causas da Segunda Intifada e em uma mais profunda desmoralização da Autoridade Nacional Palestina.

E essa desmoralização só vem se acentuando ao longo dos anos.

Em 2021, uma pesquisa revelou que 78% dos palestinos queriam a renúncia de Abbas, como presidente, enquanto que apenas 19% queriam que ele permanecesse no cargo. Tal pesquisa veio na esteira da morte de um militante palestino, assassinado pela polícia da Autoridade Nacional quando estava sob custódia. O ativista, Nizar Banat, morreu sufocado com spray de pimenta. Nos protestos que se seguiram, inúmeros palestinos foram presos.

Enquanto isto ocorria, os “colonos” israelenses, ou seja, milícias fascistas sionistas a serviço da expansão territorial de Israel, seguiram dia após dia avançando sobre as terras e casas de palestinos na Cisjordânia. Com a total conivência e ausência de qualquer oposição da ANP e de Abbas.

Agora, após o dia 7 de outubro, Israel ordenou suas tropas fascistas a escalar sua ofensiva, sendo que os “colonos” já estão promovendo centenas de assassinatos, além da expropriação dos palestinos. Se neste ano já foram 400 palestinos mortos pelos “colonos” sionistas, 200 foram apenas após 7 de outubro. Tudo com a conivência da ANP e de Abbas, aumentando sua desmoralização perante os palestinos.

Mas não é só isto. Para além dos assassinados, mais de 3.200 palestinos já foram presos na Cisjordânia desde o início do mês passado, sendo que essa repressão contou inclusive com o auxílio das forças de segurança que estão sob o comando da Autoridade Nacional Palestina.

E, para piorar a situação de Abbas, e demonstrando a profundidade da crise em que a Autoridade Nacional Palestina, ela, que deveria ser o “Estado Palestino” (na medida em que se possa dizer que isto exista) na Cisjordânia, não declarou guerra a Israel. Por outro lado, antes mesmo da ação revolucionária do Hamas e da resistência, Mohammad Shtayyeh, o primeiro-ministro da ANP, foi forçado a reconhecer que os Acordos de Oslo falharam. Segundo ele:

“É claro para todos nós que os Acordos de Oslo desapareceram em todos os aspectos: segurança, político, jurídico e financeiro”.

Lembrando que tais acordos foram capitaneados, no lado palestino, pela OLP e o Fatá, as organizações que estão à frente da ANP. Se eles mesmos são obrigados a reconhecer que a própria capitulação falhou, é um sinal de crise da própria autoridade.

Assim, Mahmoud Abbas, a ANP e a OLP estão entre a cruz e a espada. Como lacaios de Israel, não podem desagradar seu patrão e se juntarem à resistência palestina no enfrentamento consequente ao sionismo. Por outro lado, dado o caráter revolucionário da ação da resistência, não podem seguir reprimindo os palestinos da forma como Israel deseja, o que configura uma situação de crise da qual dificilmente a ANP conseguirá se desvencilhar.

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