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A única posição revolucionária

Abaixo a intervenção no Níger!

O fracasso da intervenção antes mesmo de começar seria um duro golpe contra o imperialismo, aprofundando sua crise, abrindo mais perspectivas de libertação para os povos oprimidos

Continua a todo vapor a crise política no continente africano, decorrente do golpe militar no Níger, ocorrido nos dias 26 a 28 de julho, golpe este de caráter nacionalista que derrubou do poder um governo capacho do imperialismo francês.

Na esteira dessa crise, está programada para os dias 17 a 19 de agosto (quinta e sábado, respectivamente) nova reunião dos chefes de Estados dos países que compõem a CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental).

Conforme já exposto por este Diário, a CEDEAO é uma organização através da qual o imperialismo realiza seu controle sobre o continente africano, em especial sua região ocidental.

Na reunião que está prevista para acontecer no final dessa semana será sediada na cidade de Acra, capital de Gana. Nela, os países CEDEAO buscam preparar a intervenção militar no Níger.

Ou seja, a intervenção militar ainda permanece sendo uma opção por parte do imperialismo.

Muitos podem se perguntar por que o golpe no Níger está levando a uma crise de tão grande proporção?

Para se chegar a essa resposta, é fundamental ter em conta a situação política internacional atual, na qual o imperialismo encontra-se em uma espiral de crise da qual não consegue se desvencilhar.

Levando em conta apenas o período mais recente, os países imperialistas entraram nessa espiral com a crise capitalista de 2008. Tal crise resultou em profundas turbulências nos regimes políticos europeus e, é claro, no norte-americano, que se viu dividido desde então.

Essa crise interna, por sua vez, afetou a própria dominação imperialista dos países oprimidos.

A título de exemplo, os EUA foram forçados pela necessidade a se retirar do Iraque em 2011. Depois foram expulsos do Afeganistão em 2021. Ambos os fatos, em especial o último, revelaram a fraqueza do imperialismo, já abalado por crises sistemáticas.

Diante disto, e estimulada pela demonstração de enfraquecimento no Afeganistão, a Rússia pôs em prática a operação militar especial, invadindo a Ucrânia para evitar que ela virasse uma base da OTAN. O imperialismo, em especial os EUA, tentou vencer os russos através de sanções. Contudo, esse tiro saiu pela culatra, e, ao barrar a exportação de petróleo e gás russo, os países imperialistas, em especial os da Europa, viram-se diante de um aprofundamento de sua crise econômica.

Essa última crise, por sua vez, acabou por gerar (e continua gerando) uma série de outras crises ao redor do mundo. Uma delas é a atual crise na África Ocidental.

O primeiro governo imperialista a cair por um golpe nacionalista foi o do Burquina Fasso. Depois veio o Mali, e agora o Níger. Essa sequência de reveses acendeu um alerta no imperialismo. Afinal, caso não ponha um freio na situação, corre o risco de perder seu controle sobre todo o continente africano.

Diante dessa situação, eles estão sendo obrigados pelas circunstâncias a tomarem medidas mais drásticas. Daí a intervenção sendo capitaneada pela CEDEAO, como preposto do imperialismo na África.

Embora a invasão não seja certa, a ameaça existe. Contudo, caso invadam, o cenário mais provável seria um de aumento da crise.    

Em outras palavras, uma crise que foge ao controle do imperialismo obriga-o intervir de uma maneira que tende a aumentar a própria crise. Como foi dito, é uma espiral da qual ele não está conseguindo se desvencilhar.

E por que a intervenção tende a aumentar a crise? Ora, eventual reação do imperialismo contra o Níger dará lugar a outras reações. Países africanos (Burkina Fasso, Mali, Guiné Argélia) tendem a reagir, fortalecendo o movimento nacionalista. Mas não apenas eles. A Rússia e a China também irão reagir, afinal, o triunfo do imperialismo na África é uma derrota para todos os países atrasados (dos quais Rússia e China fazem parte).

Assim, nesse redemoinho de acontecimentos, a crise capitalista vai se tornando uma de características revolucionárias, o que acaba por ir contra os interesses imperialistas.

Apesar disto, o imperialismo não tem alternativa. A situação objetiva o obriga a reagir. Caso não reaja, estará mostrando um enorme sinal de impotência contra esses movimentos de caráter nacionalista, e dará aval para que outros países oprimidos se insurjam contra a ditadura imperialista.

Assim, precisam realizar a contenção por meio da força, da guerra, a qual, por sua vez, tende a fazer a crise se expandir para o restante da África e, até mesmo, para a Europa e os EUA.

O imperialismo vai tentar começar a guerra utilizando a Nigéria como bucha de canhão, mas isto não significa que evitarão a crise, afinal, Níger e Nigéria são uma só nação (dividida artificialmente pelo imperialismo britânico), sendo a população de ambos em sua maioria composta pela etnia Hausa, de forma que a intervenção militar seria basicamente uma guerra civil impulsionada pelo imperialismo.

Os horrores de uma guerra poderiam levar a uma sublevação da população nigeriana, passando a fazer parte do mesmo movimento nacionalista que derrubou o governo do Níger. Poderia unificar os dois países contra o imperialismo.

Vê-se, então, que se trata de problema de dificílima resolução para o imperialismo, seja o francês, seja o norte-americano.

Nesse sentido, cumpre fazer apontamentos sobre o fato de que esses movimentos nacionalistas na África estão sendo direcionados especialmente contra o imperialismo francês. Essa perda de território da França no continente africano é um problema gravíssimo para todo o bloco imperialista. E por quê?

Bem, primeiramente deve ser lembrada a enorme crise por que passa a França. Apenas nessa ano de 2023 houve enormes manifestações da classe operária francesa, as quais, com uma direção correta, poderiam ter se tornado mobilizações revolucionárias.

Em segundo lugar, deve-se ter em mente que a União Europeia é uma coligação entre a França e a Alemanha. Esta é a segunda maior potência industrial do mundo. Já a França não. Contudo, o país que detém uma posição política e militar importante é a França, afinal, a Alemanha foi desmilitarizada após a Segunda Guerra Mundial. O imperialismo da Europa Ocidental, então, tem como ponto chave a união entre esses dois países, de forma que se a França cair, a tendência é que a Alemanha também caia.

Vê-se, então, que a crise na África já começa atingir o bloco imperialista.

Nesse sentido, é fundamenta compreender que o imperialismo não é uma mera união de países.  É um bloco intrinsecamente interligado, de forma que a crise de um dos países tende a gerar um efeito em cadeia. É necessário que seja mantido um equilíbrio.

Assim, vendo que a França não está conseguindo conter a crise na África, esta sendo necessário ao EUA intervir. Contudo, a atuação dos norte-americanos para barrar a onda nacionalista na África tende a resultar em que ele se sobreponha à França no continente,  fazendo com que ela cai para uma posição secundária, aprofundando a crise na Europa, situação que inclusive poderia levar a um conflito entre EUA e UE.

Ademais disto, deve-se atentar ao problema principal de todos os países imperialistas: o caráter avançado de sua classe operária, e o nível de politização da população em geral (inclusa as classes médias).

E como esse problema principal se manifesta na atual crise? Bem, é através da mais valia os países imperialistas extraem dos países oprimidos que é possibilitado o funcionamento de seus próprios países. Afinal, essa riqueza saqueada é que permite à burguesia realizar uma contenção temporária dos trabalhadores, mantendo a estabilidade do regime.

Por essa lógica, com a França perdendo terreno na África, sua situação interna ficaria periclitante, pois, sendo um país imperialista, sua estabilidade econômica é mantida através do saque sistemático dos países oprimidos (como o Níger). E, por estabilidade econômica, entende-se também a situação da classe trabalhadora e da classe média francesa. Com seu domínio neocolonial enfraquecido, e com menos dinheiro entrando, a burguesia francesa não teria recursos suficientes para manter certa qualidade de vida da população, como forma de adiar a revolta popular. Para se manter na posição de imperialista, a burguesia teria que realizar ataques aos trabalhadores e às classes médias. O que certamente levaria a mais explosões populares, e ainda mais intensas.

Essa desestabilização do regime Francês poderia gerar um efeito em cadeia no bloco imperialista, dada a interligação entre os países.

Em suma, é essa a importância da situação atual no Níger: uma crise na África Ocidental pode levar a uma crise no coração da Europa, pois o imperialismo precisa de suas colônias para sobreviver como imperialismo.

Daí a necessidade de se apoiar o golpe de Estado nacionalista que houve no Níger e o novo governo que daí surgiu, na medida em que esse lutar contra o imperialismo.

E, ao que tudo indica, a junta militar não está se curvando. Diante da ameaça de intervenção militar, o governo anunciou que irá processar Mohamed Bazoum (o presidente deposto) por crime de traição. Ou seja, esse fantoche do imperialismo pode muito bem ir parar em um paredão.

Além disto, nessa quarta (16), o governo nacionalista tomou uma decisão fundamental: decidiu armar parte da população. Deu início a um recrutamento em massa de voluntários para incrementar as forças do exército. Detalhe: essa medida ocorreu por pressão da própria população!

Portanto, é fundamental que toda a esquerda e todos aqueles que se dizem revolucionários e anti-imperialistas (ou nacionalista) que apoiem o Níger contra a iminente intervenção militar imperialista por parte da CEDEAO. O fracasso da intervenção antes mesmo de começar seria um duro golpe contra o imperialismo, aprofundando sua crise.

Abaixo a intervenção no Níger!

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