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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Imprensa burguesa

A voz do Lula

Burguesia tem medo do povo

O jornalista Merval Pereira, conhecido porta-voz dos interesses da Rede Globo e presidente da Academia Brasileira de Letras, veio a público externar sua preocupação com a possibilidade de o presidente Lula criar um canal de comunicação direta com a população. Segundo ele, essa seria uma atitude própria de governos autoritários. O correto, no sistema democrático, seria um porta-voz intermediar o contato do presidente com os jornalistas. Muito bonito na teoria, mas, na prática, a burguesia quer manter o controle da informação.

Há pouco tempo, o mesmo Merval Pereira acusou o governo de propagar fake news – e o fez apenas porque Lula tratou como golpe a deposição da presidenta Dilma Rousseff em 2016. Nem é preciso lembrar que o próprio Michel Temer, urubu que assumiu a presidência na ocasião, se referiu ao fato com essa mesma palavra. A burguesia, em sua imprensa, no entanto, insiste em usar o termo impeachment, que, sendo o nome da tramitação legal (“com Supremo, com tudo”) que camuflou o golpe de estado, omite o conteúdo político dos acontecimentos. Essa mesma imprensa, que apoiou o golpe militar de 1964, também demorou décadas para chamar esse golpe de golpe e o regime de ditadura.

A jornalista Vera Rosa, do Estadão, afirma que “Lula segue a trilha de Bolsonaro”. Merval compara o futuro podcast do presidente com o “cercadinho” do Bolsonaro. Segundo ele, “uma das principais armas do político Lula é a oratória, por isso o tratamento de sua doença teve de ser adaptado para ele não correr o risco de perder a voz”. É conhecida a capacidade de Lula de expressar-se oralmente de improviso, e Merval deixa transparecer um secreto e obscuro desejo de que a doença calasse a sua voz. Depois de explicar que “nos podcasts poderá desenvolver essa aptidão e também aparecer com imagens no YouTube durante a gravação”, conclui: “No final das contas, o formato é outro, mas o conceito é o mesmo: falar o que quiser, na hora que quiser, sem contestação”. 

Como se vê, os guardiães da democracia devem ser mesmo a turma da “terceira via”, que esperneia ante a possibilidade de perder o seu “protagonismo” na mediação entre o governo e o povo. Na opinião dele, o governo distorce os fatos, pois, afinal, não houve golpe. Dilma “foi impedida por questões fiscais e condutas ilegais”. A Rede Globo e seus colegas dos outros veículos, ao que tudo indica, acreditam em pedalada fiscal, coelho da Páscoa e Papai Noel.

Caso alguém se tenha esquecido de toda a campanha da imprensa que contribuiu para o golpe de 2016 e culminou na prisão do próprio Lula, basta abrir as páginas dos jornais da semana para rememorar o modus operandi do jornalismo profissional à prova de fake news.  

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, acusado de ter usado avião da FAB para ir a leilão de cavalos, é tratado em todos os títulos de notícias como “ministro de Lula”. A imprensa põe em prática a teoria lava-jatista do “domínio do fato”, ou seja, Lula sabia ou tinha de saber etc. etc. Antes que os mais afoitos queiram reviver o estigma do “petista corrupto” (ou do “petralha”, do arrependido Reinaldo Azevedo), é bom registrar que esse ministro é da União Brasil, um partido da mais velhaca direita que há no país. Essa mesma imprensa fez campanha pela frente ampla, defendeu que a escumalha política dividisse o palanque com Lula e fosse para o governo. Essa imprensa autodenominada “profissional” pode ser tudo, menos imparcial.

Lula tem mesmo de abrir um canal direto com o povo. Isso não significa, por óbvio, que estará imune à contestação, como nem mesmo o Bolsonaro esteve. Quem impôs censura aos meios de comunicação foram os militares, que se alojaram no poder por vinte anos e (até hoje) nunca foram incomodados. Merval e sua turma têm medo da voz do Lula, porque têm medo da voz do povo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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