No livro Pelé – A autobiografia, tem um trecho extraordinário que narra o seguinte:
“Verdadeira máquina de fazer gols, apesar de acossado com violência pelos zagueiros, Pelé, em setembro de 1961, em meras três semanas, marcou 23 vezes em seis partidas”. Um feito pra lá de improvável, o único jogador com essa capacidade na história do futebol é o Rei. Se Cristiano Ronaldo é uma “máquina”, e Messi um “extraterrestre”, Pelé seria um Deus.
É bom lembrar que em 1961, no jogo contra um time mexicano, Necaxa, o lendário camisa 10 havia sofrido uma lesão grave: ” O goleiro e eu saltamos e fui atingido no rosto ao mesmo tempo que era golpeado no ombro pelo defensor argentino Dalacho, caí desmaiado. (…) Percebi que algo estava errado com minha visão” – disse o craque. Neste jogo o Santos perdeu de 4 a 3, com a fala de Pelé, podemos ter uma noção de como ele sofria uma dura violência pelos outros jogadores, o que aumenta ainda mais seus créditos. Mesmo com essas adversidades, não impediu nem sequer um gol do gênio. Em um dos jogos, contra o Guarani, Pelé fintou dois defensores, antes de passar pelo terceiro e realizar um chute violento que bateu no travessão. O árbitro deu como gol: “Quer saber de uma coisa? Foi uma jogada tão bonita que eu vou dar o gol, mesmo que a bola não tenha entrado. Gol do Pelé, e fim de papo!”, disse o árbitro João Etzel Filho. Não houve contestações, inclusive, a torcida adversária aplaudiu-o, não se contesta a majestade. Nesse mesmo ano, foi realizado, contra o clube carioca, Fluminense, o famoso gol de placa: “Peguei a bola junto à nossa grande área e comecei a correr com ela na direção do gol do Fluminense. Um jogador veio tentar me desarmar, depois outro, um terceiro, um quarto, um quinto, um sexto… Eu driblei todos eles antes de passar pelo goleiro também.” “Foi o mais lindo gol” marcado no Maracanã, disse um jornal, que mandou colocar uma placa de bronze na entrada do estádio. “O gol ficou conhecido como ‘gol de placa’.”
O rei do futebol era imparável, incomparável e único, seus feitos dentro de campo logo chamaram a atenção do mundo todo. Logicamente, houve assédio por parte dos clubes estrangeiros como, por exemplo, a Inter de Milão, porém nosso craque era considerado um verdadeiro patrimônio brasileiro, o que impediu a realização de qualquer venda. O próprio arquétipo do futebol brasileiro recusou, preferiu dar esta honra apenas ao Santos e o Brasil. Quando o clube italiano fez uma proposta “irrecusável”, Pelé negou: “Não aceitei”, era muito dinheiro, o empresário italiano, Athiê Jorge Coury, ofereceu cerca de 1 milhão de dólares apenas para começar, depois fez investidas ainda mais impactantes, mas não teve negócio. O maior negócio era Pelé.