Durante seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Walter Delgatti informa que teve acesso ao sistema do TSE com auxílio do Ministério da Defesa, quando Bolsonaro ainda era presidente.
O hacker disse que a ponte entre ele e o ministério, através do ministro Paulo Sérgio Nogueira, foi feita pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, em agosto de 2022:
“A conversa foi bem técnica até que o presidente me disse: a parte técnica eu não entendo, vou te enviar para o Ministério da Defesa, por meio do general Marcelo Câmara, e lá você explica, a despeito da resistência de Marcelo Câmara em levá-lo”.
Conforme Delgatti, ele chegou a se encontrar cinco vezes com Paulo Sérgio Nogueira e com os servidores da área de tecnologia e informação do Ministério da Defesa, na própria sede do órgão.
Explica, então, como ocorria a ponte entre ele e o TSE, que era feita pelo ministro e pelos servidores:
“A ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, só que eles explicaram que o código-fonte ficava somente no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso a esse código. Então, eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando”, relatou Delgatti.
A ponte servia para recolher as informações necessárias para a elaboração do relatório das Forças Armadas a respeito das urnas eletrônicas, que fora entregue ao TSE no dia 9 de novembro de 2022.
“Então, tudo isso que eu repassei a eles consta no relatório que foi entregue ao TSE. Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais”.