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Isaias Filho

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Traição

A OLP e os Acordos de Oslo

Os Acordos de Oslo marcaram a capitulação da OLP aos interesses do sionismo e do imperialismo

A assinatura dos Acordos dos Oslo, em 1993, pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP) representou uma capitulação vergonhosa do grupo palestino. Foi uma verdadeira traição à causa palestina.
Em 1991 se realizou, em Madri, uma Conferência Internacional de Paz, marco inicial das conversações diretas entre Israel e os países árabes acerca da Palestina. Até essa Conferência, a OLP era considerada pelos Estados Unidos e o conjunto dos países imperialistas como uma organização terrorista; da mesma forma Israel assim a considerava, até 1993, pouco antes da assinatura do novo acordo. 

Em fevereiro de 1992, Yitzhak Rabin foi eleito presidente do Partido Trabalhista. Depois de sua vitória eleitoral nas eleições gerais do mesmo ano, começou seu segundo período como Primeiro-Ministro e ministro da Defesa. Foi ele quem conduziu as negociações de “paz” do lado israelense.

“O plano de Oslo foi gestado por israelenses da esquerda sionista. Formavam parte do movimento trabalhista e haviam recebido instruções para ir mais além das posições tradicionais do movimento e buscar um acordo com a OLP a partir de uma solução que fosse aceitável para os partidos sionistas situados à esquerda do Partido Trabalhista”, afirma Ilan Pappé (Ilan Pappé, Historia de la Palestina Moderna, Ediciones Akal (2007), p. 332.)

De outro lado, o acordo era fruto da guinada à direita da Organização pela Libertação da Palestina, liderada por Yasser Arafat. A OLP chegou para a mesa de negociação com Israel partindo da premissa capituladora de que era inviável a proposta do estabelecimento de um Estado secular palestino baseado na totalidade do território da Palestina histórica. Antes da assinatura do acordo, e como parte mesmo da etapa de preparação dele, Arafat, em carta dirigida a Rabin, anunciou o compromisso de retirar da Constituição palestina o objetivo de instaurar o Estado palestino em toda a antiga região da Palestina, afirmando:
“A OLP reconhece o direito do Estado de Israel a existir em paz e segurança. A OLP aceita as resoluções das Nações Unidas do Conselho de Segurança 242 e 338. A OLP se compromete com o processo de paz no Oriente Médio, e com uma resolução pacífica do conflito entre os dois lados, e declara que todas as questões pendentes relacionadas ao status permanente serão resolvidas através de negociações. A OLP considera que a assinatura da Declaração de Princípios constitui um evento histórico, inaugurando uma nova época de coexistência pacífica, livre de violência e todos os demais atos que ponham em perigo a paz e a estabilidade. Assim, a OLP renuncia ao uso do terrorismo e outros atos de violência e assumirá a responsabilidade sobre todos os elementos da OLP e de seu pessoal para assegurar o seu cumprimento, e assim prevenir as violações e os violadores da disciplina” (Yasser, Arafat. Letter from Yasser Arafat to Prime Minister Rabin. 09/09/1993.)

O espírito de capitulação que governou os negociadores palestinos pode ser percebido pela seguinte anedota. Durante as negociações, o advogado Joel Singer foi enviado pelo governo israelita para fazer 100 perguntas aos negociadores palestinos. Uma das perguntas foi se os palestinos concordariam com a permanência dos colonos israelitas nas suas terras. A resposta foi “sim”. “Não fiquei surpreso ao obter 100 respostas para minhas 100 perguntas. Mas fiquei chocado por não receber em troca uma única pergunta palestina”, teria dito Singer. Terminado o questionamento, Singer teria dito a Shimon Peres, ministro das Relações Exteriores de Israel: “Senhor Ministro das Relações Exteriores, se não fizermos um acordo imediato com essas pessoas, seremos completos idiotas” (Ahmed Abu Artema, Camp David created Oslo, which killed the Palestinian struggle. AlJazeera, 18/09/2018.)

Em 13 de setembro de 1993, o presidente dos EUA, Bill Clinton, trouxe ao jardim da Casa Branca o chefe do governo de Israel, Yitzhak Rabin, seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, para concluir a assinatura de um documento que supostamente sinalizava o fim de décadas de conflitos: o “Acordo de Oslo”, negociado secretamente na Noruega durante vários meses entre representantes israelenses e palestinos. O acordo foi uma surpresa para o mundo inteiro. Em Israel, ainda há pouco, era proibido manter qualquer tipo de contato com a OLP.

Israel e a OLP acordaram que a maioria dos territórios ocupados durante a Guerra dos Seis Dias a oeste do rio Jordão seria devolvida aos palestinos e que estes organizariam neles uma administração própria. Arafat não deixou de prestar agradecimentos aos norte-americanos: “Gostaria de agradecer ao presidente Clinton e sua administração por terem possibilitado este acontecimento histórico esperado por todos. Aproveito para garantir ao grande povo norte-americano que meu povo compartilha os vossos ideais de liberdade, justiça e direitos humanos”. 

O acordo previa a retirada das forças armadas israelenses da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, assim como o direito dos palestinos ao autogoverno nas zonas governadas pela Autoridade Palestina. O governo palestino duraria cinco anos, de maneira interina, durante os quais o status seria renegociado. Iniciaram-se negociações nas questões referentes a Jerusalém, refugiados, assentamentos israelenses nos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, segurança e fronteiras. O mencionado autogoverno seria dividido em três setores: (i) áreas sob o controle total pela Autoridade palestina; (ii) áreas sob o controle civil pela Autoridade Palestina e controle militar pelo Exército de Israel; (iii) e áreas sob o controle total pelo governo de Israel. 

Os Acordos de Oslo tinham a intenção criar a ideia de que o controle dos 22% da Palestina histórica passaria gradativamente para as mãos dos palestinos, numa espécie de “Estado palestino” constituído. Mas qual era a viabilidade de um Estado sem recursos hidráulicos, sem indústrias, com a agricultura destruída, sem infra-estrutura de moradia, saneamento, educação ou transporte, e sem independência, sequer formal, para estabelecer relações comerciais exteriores? Em tais condições de coexistência entre os dois Estados, o chamado “Estado Palestino” não seria mais que a administração de um gueto, gerente de um bantustão.

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