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Porta-vozes do imperialismo

A mando de seus patrões, Estadão ataca BRICS e países atrasados

Pouco original, Estadão segue linha editorial do Financial Times e acusa o BRICS de ser dominado pelos chineses

O ilustríssimo defensor da democracia e da paz, o jornal O Estado de São Paulo, repercutiu em seu editorial deste domingo que a expansão do BRICS e a união dos países “emergentes” só deixará o Brasil em maus lençóis. O jornal, insistente na defesa das opiniões mais exacerbadas da burguesia, além de criticar vagamente a organização dos países oprimidos, reforça a campanha que já vem feito de que o Brasil não só deveria defender o enfraquecimento do BRICS, como deveria sair definitivamente do grupo.

A discussão se dá frente às recentes discussões feitas no bloco em relação ao pedido de adesão de 22 novos países, como Argentina, Arábia Saudita, Cuba, Irã e Venezuela. Ainda em agosto, nos dia 22 e 23, a Cúpula dos BRICS pode decidir criar um processo formal para admitir tais novos integrantes e, assim, concretizar a tendência geral dos países oprimidos de se opor à ditadura do imperialismo norte-americano.

Mesmo que extremamente mal formulada, a preocupação do Estado de São Paulo com o fortalecimento do BRICS é bem fundamentada. Na medida em que ele cresce e a crise do imperialismo se prolonga, os jornais da burguesia precisam defender com unhas e dentes suas posições de submissão à dominação imperialista. Para isso, o Estadão busca convencer o leitor de que expandir o BRICS é na verdade expandir um novo tipo de imperialismo, o imperialismo chinês e o exército russo.

O argumento não é original, na verdade é um copia e cola do Financial Times que disse, na mesma semana, que o BRICS está se aproximando da China e que os termos que unem o grupo são “ressentimento” e “retórica desafiadora” contra o “mundo rico”. São argumentos ruins, mas que escondem completamente a realidade da situação.

O BRICS reúne países atrasados e explorados que querem se unir – apesar de suas diferenças – na luta contra o imperialismo, sendo um eufemismo barato utilizar o termo “emergentes”. Até mesmo a China e a Rússia não têm o domínio econômico, bélico, tecnológico e cultural do imperialismo norte-americano e europeu. Mesmo com a crescente economia chinesa e o poder do exército russo, o controle político e econômico sobre a grande maioria dos países está nas mãos dos Estados Unidos. 

E não, a união não é simplesmente por uma mágoa contra o “mundo rico”, mas sim a expressão de uma tendência de luta por soberania nacional e desenvolvimento dos países oprimidos. É engraçado ver que os veículos tão defensores da paz e da democracia pouco falam sobre os massacres, golpes e intervenções militares diretas orquestrados pelo imperialismo em todo o mundo. Pelo contrário, o Estadão opta por argumentos vagos contra o fortalecimento da união mais importante dos países oprimidos.

Conforme os nobres conhecimentos históricos do Estadão:

“Até o momento, o bloco foi mais simbólico do que concreto, mais econômico do que geopolítico, mais defensivo do que construtivo. A prevalecerem as ambições da China, que pressiona pela expansão, essas condições podem se inverter. Mas isso dificilmente serviria aos interesses do Brasil.”

Aqui, logo no começo da redação do editoral, o jornal se contradiz. Muito ele explica sobre a fraqueza do BRICS, mas logo em seguida, ao afirmar que a China quer fortalecer o bloco, ele alerta que isso “dificilmente serviria aos interesses do Brasil”. Ou seja, seria melhor para o Brasil que o BRICS permanecesse mais defensivo e simbólico? Por que então o país estaria no bloco? Seria para enfraquecê-lo? Para esclarecer, o Estadão cita Rubens Barbosa, diplomata que já foi embaixador do Brasil nos EUA e na Inglaterra, defensor voraz da entrega da base de Alcântara e da intervenção do imperialismo no Brasil. 

Ele explica: “num clube de dez ou quinze membros que votam exatamente como a China e a Rússia em questões como direitos humanos, democracia e guerra na Ucrânia, o Brasil vai ficar ainda mais isolado”. Para o Estadão: “O clube de economias emergentes não alinhadas se tornaria um clube geopolítico de orientação autocrática pautado pelos interesses chineses.”

Para o jornal, Argentina, Arábia Saudita, Cuba, Irã e Venezuela não passam de capachos dos interesses chineses. Não são países que também sofrem com a dominação imperialista e por isso, como tem feito o governo Lula no Brasil, optam pela desdolarização e a independência da moeda americana. Não. Para o Estadão, são meros fantoches que a China e a Rússia utilizam para fortalecer seu poder político.

“Em princípio, a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a intensificação da rivalidade entre China e EUA sugeririam que o grupo deveria se concentrar em questões de interesse comum, como o financiamento de projetos, e evitar a pauta da expansão. Mas justamente essas circunstâncias têm motivado a China a fazer uma campanha agressiva pela ampliação. Para Pequim, ela seria uma oportunidade de expandir sua influência política e econômica. Para a Rússia, por sua vez, seria um meio de se defender do crescente isolamento diplomático por parte do Ocidente.

Brasil e Índia sempre resistiram à ampliação, conscientes de que ela diluiria sua influência no grupo em favor da China. Declarações recentes do presidente Lula da Silva parecem favorecer uma inversão dessa atitude. Mas, na atual circunstância, a resistência é mais, não menos, importante.”

Aqui fica clara a posição do Financial Times e, portanto, do Estado de São Paulo. O Brasil não deve temer os EUA, mas sim a China e a Rússia. Lula não deve, de forma alguma, apoiar o fortalecimento dos países atrasados e oprimidos, mas se juntar aqueles que sempre exploraram o País para garantir que não só o Brasil, mas todos os países atrasados do mundo continuem sendo explorados, atrasados e não tenham condições econômicas de se desenvolver de forma autônoma.

Felizmente, o BRICS segue se desenvolvendo e indo à contramão do que seus inimigos desejam e expressam por meio de seus porta-vozes, como o Estadão e o Financial Times. O fortalecimento do BRICS é o fortalecimento da luta contra a dominação imperialista dos norte-americanos e europeus.

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