A ação revolucionária do Hamas no último dia 7 foi comemorada de forma efusiva, e com razão, pelos árabes e muçulmanos de todo o mundo. Grandes manifestações foram registradas em especial nos países de origem desse povo oprimido, contando inclusive com manifestações oficiais de certos Estados, como o Irã.
No mesmo dia iniciou-se bombardeio de Gaza por Israel, incessante até o presente momento. As bombas foram acompanhadas por um bloqueio total do enclave, com o sionismo impedindo o fornecimento de água, comida, combustível, eletricidade, insumos hospitalares etc. Uma medida genocida. Não demorou, e as forças fascistas de Israel, nelas inclusas os militares e os colonos, passaram realizar ataques contra os palestinos da Cisjordânia.
Os ataques fascistas e genocidas de Israel serviram para impulsionar mais ainda as manifestações do mundo Árabe. Mas, também, e principalmente, levaram às ruas dos países imperialistas dezenas de milhares de árabes e muçulmanos, em gigantescas manifestações em prol da Palestina e do Hamas, e contra Israel.
Desde o primeiro momento após a ação do Hamas, o imperialismo deu o tom através de sua imprensa: o Hamas e os palestinos são terroristas, e Israel e os sionistas são vítimas inocentes dos árabes bárbaros.
Aqueles que vêm ousando a apoiar o Hamas e os palestinos estão sendo taxados de apoiadores do terrorismo. Jornalistas e políticos burgueses pedem a repressão do Estado contra essas pessoas, a fim de censurar a única posição favorável à luta dos oprimidos: a defesa da resistência palestina.
No Brasil, já no dia 8, em resposta à nota do Partido da Causa Operária declarando apoio incondicional ao Hamas à resistência palestina, uma jornalista na Jovem Pan chamou o partido de “organização criminosa”, proferindo a calúnia de que “[o partido] está fomentando genocídio, está fomentando crimes”, e pediram a responsabilização criminal e “extinção do partido”. Ou seja, uma clara tentativa de censura. Outro jornalista tentou a velha intimidação sionista: disse que por trás da posição do PCO existe antissemitismo. O apresentador Ratinho foi além e pediu a prisão de todos os membros do partido. Claras tentativas de censura e intimidação.
Houve também outro alvo da censura do imperialismo. O jornalista Breno Altman, do Opera Mundi, teve parte de seu canal no youtube desmonetizado, em razão de sua posição pró-palestina e contra o sionismo. Não demorou, e foram divulgadas conversas em um grupo sionista do whatsapp, em que um dos participantes chegou a propor “arrancar os dentes” e “cortar os dedos” de Altman. Outro membro elaborou uma lista de organizações e pessoas que defendem a palestina, para que o lobby sionista as boicote financeiramente. Dentre os listados estava Altman e, também, o PCO.
De forma que a censura do imperialismo e de seu aliado, o lobby sionista, está a todo vapor. Para impedir que a verdade sobre o caráter genocida e nazista de Israel, e sobre a justa luta do povo palestino e do Hamas, seja difundida.
Embora tenha se intensificado com a ação do Hamas, essa onda de censura em prol do sionismo já é antiga. Em caso mais recente, dois militantes judeus do PCO estão sendo processados por um sionista, por terem dito que o Estado de Israel é nazista. Censura. Felizmente, as recentes ações de Israel contra Gaza apenas servem para confirmar o que foi dito pelos militantes.
Saindo dos países oprimidos, e indo para os países imperialistas, em especial os da Europa Ocidente, a ditadura lá já está em um estágio mais avançado.
Na maioria desses países, tais como a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha, Portugal, o norte da Europa e mesmo a Inglaterra, grande parte da classe operária é composta de árabes/turcos/muçulmanos em geral e seus descendentes. Todas pessoas pobres e trabalhadores que tiveram que emigrar de seus países em razão das guerras e destruição neoliberal perpetuada pelo imperialismo durante décadas. O imperialismo aproveitou-se dessa migração para transformar esse povo oprimido em mão de obra barata, (o que inclusive ocasionou a diminuição do valor da mão de obra dos próprios trabalhadores europeus)
Com ação do Hamas, protestos irromperam e vêm crescendo, podendo gerar graves crises dentro dos próprios países imperialistas, levando inclusive à derrubada de governo.
Na França, o presidente Emmanuel Macron, propagandeado como democrata, novamente se mostra como um fascista. Proibiu, por decreto, manifestações em prol da palestina, na tentativa de contê-las. Além disto, declarou que irá deportar todos os árabes que participarem de manifestações. Uma clara ditadura, afinal, o direito de reunião, à manifestação, é um direito democrático básico.
Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha, país com grande população turca muçulmana, também proibiu as manifestações.
É claro, em nenhum dos casos o povo se intimidou. Estão saindo às ruas mesmo assim. Em resposta, as ditaduras francesa e alemã estão jogando o aparato de repressão contra os manifestantes, com agressões da polícia e mesmo prisões. Em vídeos que correm as redes sociais, é visto a polícia francesa perdendo pessoas simplesmente por portarem bandeiras da Palestina. Ditadura é a palavra para descrever isto.
Na Inglaterra, a censura ditatorial do imperialismo segue a todo vapor, contando com suspensões de jornalistas, demissão de cartunista e inclusive prisão de ex-embaixador.
Conforme noticiado pela RT (Russian Today) nessa segunda (16), a rede britânica de televisão BBC suspendeu seis de seus jornalistas e abriu inquérito interno para investiga-los. Por que razão? Pois, manifestaram apoio à Palestina e ao Hamas em suas redes sociais, mostrando o quanto estas são vigiadas e o quanto o imperialismo busca conter a ampla divulgação de informação e manifestação de opinião que se dão nas redes. Além disto, um colaborador freelancer foi demitido pela mesma razão.
No mesmo sentido, o The Guardian demitiu o chargista Steve Bell, que trabalhava para o jornal há quatro décadas. O motivo? Ele fez uma charge de Netanyahu. Por isto, acusaram ele de antissemita. Novamente, o imperialismo e seus agentes utilizam a acusação de antissemitismo para exercer censura em prol do sionismo. Uma oportunista e que sempre falsifica a realidade. Afinal, ser contra o sionismo não é ser antissemita. Nunca foi e nunca será.
Por fim, o Reino Unido prendeu Craig Murray, ex-embaixador britânico no Uzbequistão, por ele ter manifestado seu apoio ao Hamas e ao Hesbolá, dois partidos políticos que estão à frente da luta palestina de libertação nacional, e participado de um ato em defesa dos palestinos e contra os crimes de Israel. Aqui o caso é mais grave, pois o prenderam como base na Lei de Prevenção ao Terrorismo. Assim, a ditadura britânica não apenas considera como terrorista aqueles que estão à frente da luta dos povos oprimidos por sua libertação nacional, mas considera terrorista também aqueles que manifestam apoio a essa justa luta. Duas curiosidades sobre Murray: ele também luta pela libertação de Assange e é um nacionalista escocês (a Escócia ainda é colônia da Inglaterra, assim como a Irlanda do Norte).
A ditadura se aprofunda rapidamente em toda a Europa, no coração do imperialismo, contra todos aqueles que ousam lutar pelos povos oprimidos, em especial aqueles que pegam em armas contra seus opressores.
Já vimos uma prévia do fim da “democracia” europeia com a operação militar russa, em 2022. À época, tudo o que era russo era censurado, até mesmo a arte. Embora a participação dos países europeus na guerra, apoiando a Ucrânia, fosse profundamente impopular, ainda era possível confundir as massas. Afinal, Rússia é o maior país do mundo e, em razão de peculiaridades históricas, uma das principais potências militares. Assim, embora não seja um país imperialista, o imperialismo conseguiu ser relativamente bem sucedido na propaganda de que a Rússia estava oprimindo a Ucrânia, e não reagindo à tentativa do imperialismo de destruir o gigante do leste europeu.
Contudo, em relação à Palestina, é impossível atualmente falsificar a realidade para pintar os palestinos e suas organizações como opressores, e Israel e o sionismo como vítimas inocentes, como oprimidos. As gigantescas manifestações, e a velocidade com a qual elas ocorreram e com a qual vêm crescendo e se intensificando, mostram claramente que a falsificação da realidade é inviável. De forma que os governos imperialistas precisam partir para medidas ditatoriais mais diretas, como as relatadas acima.
Assim, estamos diante de mais um efeito extremamente positivo e profundamente revolucionário da ação do Hamas. Ela está servindo para aprofundar a crise nos países imperialistas, e para expor a real natureza deles perante suas respectivas populações.
Por isto a ação do Hamas deve ser comemorada. Por isto o partido e resistência palestina ao imperialismo e ao sionismo deve ser apoiada 1000%. Pois, eles estão aprofundando a crise do imperialismo, podendo resultar na derrubada de governos imperialistas e, quem sabe, em situações revolucionárias nesses mesmos países.