O golpe contra o presidente peruano Pedro Castillo rende mortos e alianças com o imperialismo
Dina Boluarte já acumula mais de 50 mortes de manifestantes com medidas de repressão contra o levante popular contra o golpe
Manifestantes estão nas ruas contra a presidente Dina Boluarte.
A estabilidade política e a manutenção da ordem, ambas buscadas por Dina Boluarte, atual presidente do Peru, que assumiu após o golpe sofrido por Pedro Castillo em dezembro de 2022, estão longe de serem promovidas. Desde o golpe, o Peru enfrenta grandes protestos populares que denunciam a armação dos Estados Unidos com a burguesia local para destituição do presidente eleito democraticamente.
As bancadas de esquerda no Congresso, sob a liderança do partido peru Livre, do presidente deposto Pedro Castillo, apresentou um pedido de destituição contra Dina Boluarte, alegando “incapacidade moral” e “execução” de manifestantes. O pedido foi arquivado ontem pelo Congresso, com 37 votos favoráveis e 64 contra, demostrando o alinhamento de Dina com a direita peruana.
Nas ruas, desde a deposição de Castillo, a população organiza manifestações. Há meses milhares de pessoas protestam contra o golpe e são reprimidas pesadamente pelo aparato policial, a mando de Dina Boluarte. Jornais informam que são mais de 50 mortos entre os manifestantes. Nem mesmo esse massacre impediu a continuidade das ações truculentas do estado para calar a população.
Assim como no Brasil, a desestabilização política foi criada artificialmente por uma operação lava-jato, que indiciou todos os presidentes de 2001 a 2016 e prendeu políticos e empresários sob o escudo do combate a corrução. Castillo, representante da esquerda no país, certamente não passaria incólume diante do rodo da moral e da lisura falaciosas.
O caso do Peru remete a fatos passados e atuais no Brasil. Dina Boluarte era vice de Castillo na chapa e se tornou seu algoz, apoiada pelos inimigos do ex-presidente. Assim como Temer, Dina assumiu a ponteira do golpe e hoje segue na linha de manutenção da ordem e de superação da crise política que foi instalada no país desde 2016.
O apoio da direita no Congresso ao golpe confirma o papel desta frente na destituição e governos de esquerda em toda a América Latina. A fórmula do sucesso, empregada no Peru, assim como no Brasil, é criar operações infundadas; provocar instabilidade política com prisões, indiciamentos, conduções coercitivas e a incitação de grupos da sociedade civil ligados à burguesia para figurara uma manifestação popular. Por fim, arrolar os congressistas para o impeachment e instalar uma nova ordem.
No entanto, cabe destacar uma importante diferença: no Peru, a população entendeu que só as manifestações nas ruas podem reverter a situação. Mesmo com dezenas de mortos, os enfrentamentos com a polícia continuam sem sinal de arrefecimento. Já no Brasil, os partidos de esquerda, incluindo o do Presidente Lula, sequer esboçaram reação contra a farsa da lava-jato e a prisão inconstitucional do então ex-Presidente. O Partido da Causa Operária, na época do golpe, ficou solitário na outra margem defendendo a mobilização popular. O tempo e a história mostraram que esta seria a melhor saída.
Atualmente, reacende a necessidade de organizarmos manifestações de apoio às decisões do governo Lula que favorecem o povo brasileiro. É urgente lutarmos pelo fim da independência do Banco Central, pela revogação das privações criminosas feitas por Bolsonaro e por uma política de emprego que envolva a industrialização e o crescimento econômico e soberano do Brasil.
Os militares e a direita estão apostos para atacar mortalmente o governo Lula. Os indícios são claros. A invasão no dia 8 de janeiro do Congresso e do STF com a anuência da PM do Distrito Federal e de pessoas ligadas ao setor de segurança nacional e as sinalizações negativas do Congresso em reverter as privatizações e a independência do banco Central são fatos que indicam a solidão do Governo em relação as instituições. Isto alça o povo brasileiro ao posto de principal apoio para garantir governabilidade e governança à atual gestão petista.
A história que está sendo construída com os levantes populares no Peru tem que ser mirada e aprendida, sob pena de assistirmos a repetição de farsas, com novos atores, mas com o mesmo alvo: a esquerda brasileira.
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