O terceiro mandato de Lula já começou com uma enorme crise. Sua resposta à invasão bolsonarista às sedes dos Três Poderes, no domingo (08), mostrou que está fragilizado frente à tentativa de desestabilizar o seu governo por parte da extrema-direita, já que não soube reagir à altura das forças políticas que querem a sua derrubada.
Para combater os golpistas, está apostando no fortalecimento do aparato repressivo do Estado, intervindo na segurança pública do Distrito Federal e, com isso, utilizando as polícias e o judiciário como principais aliados em sua luta contra os bolsonaristas.
Fato é que se as tentativas de desestabilizar o seu governo continuarem, o que parece ser a tendência, a extrema-direita pode tentar um golpe de Estado para derrubar Lula do poder. Caso ele abra as pernas para a direita, o que significaria adotar medidas antipopulares, não terá o apoio de quem mais precisa: os trabalhadores. Logo, nada impedirá que os militares lhe tirem do poder, pois, nesse momento, a direita tradicional já seria favorável ao golpe.
Esse é o maior erro de Lula. O aumento da repressão não significa o enfraquecimento da extrema-direita, mas sim, o contrário. Basta analisarmos o caso do trumpismo, nos Estados Unidos, que, nos últimos anos, apesar de todos os ataques que vem sofrendo por parte de Biden, está se consolidando como a principal força política do país.
O pior é que, para utilizar a repressão, Lula precisa, necessariamente, se aliar à direita dita “tradicional”, como é o caso de Alexandre de Moraes que, desde domingo, finge que vai punir os principais responsáveis pela invasão bolsonarista – que não reconhece serem os militares – quando, na realidade, se limita a prender os pé-rapados da turba bolsonarista.
Pelo lado da repressão e do aparelhamento do Estado burguês, a direita não irá salvar o governo Lula das ofensivas golpistas dos militares. Esse setor simplesmente não possui força política suficiente para tal, principalmente agora que o imperialismo passa por uma grave crise. Somente contribuirão para acelerar a crise e colocar o governo cada vez mais em risco. Ao mesmo tempo, à medida em que Lula adota políticas da direita, prendendo pessoas de maneira autoritária à torto e à direito, perderá o apoio do povo, que vê na polícia e no judiciário grandes inimigos.
No final, Lula só conseguirá ficar de pé se se apoiar na classe operária como sua principal aliada e principal arma política nesse momento de grande crise. Nesse sentido, ele deve levar adiante uma política popular a começar por várias medidas de impacto para combater o desemprego, a fome, as privatizações. Deve favorecer e fortalecer os trabalhadores que, com isso, serão mais fiéis ao seu governo e lhe defenderão quando o golpe chegar.
E mais: ao adotar medidas populares, toda a direita sabotadora que agora finge ser amiga de Lula vai tirar a máscara ficará contra o seu governo e à favor do golpe, o que vai polarizar mais ainda a situação política brasileira. Em outras palavras, a tentativa de golpe é praticamente inevitável e, portanto, torna-se central a preocupação em preparar o governo para combater tal golpe. Algo que só pode ser feito por meio da mobilização dos trabalhadores e de suas organizações.