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40 anos da CUT

A CUT após a eleição do PT em 2002, por Rui C. Pimenta

Companheiro Rui explica como foi a política da central sindical após a primeira eleição de Lula e sua relação com o golpismo.

 Na Análise Política deste sábado 16, o companheiro Rui Costa Pimenta fez a última exposição sobre a CUT, em razão dos 40 anos desta, que é uma das maiores organizações operárias do mundo.  

 Nas últimas  três semanas, Rui falou sobre a fundação, o desenvolvimento, a crise no interior da CUT e o congresso de 1988, que acabou com as oposições sindicais e resultou na dominação da organização por uma burocracia.

 O tema desta semana foi a política da CUT após 2002, com a vitória eleitoral do PT e as consequências para a própria organização e os trabalhadores.

 Sobre o problema, o companheiro expôs:

 “ Em 2002, muito depois do congresso de 1988, o PT finalmente conseguiu ganhar as eleições, depois de ter sido derrotado em 3 eleições anteriores. Com a vitória do PT, logicamente, a maioria da direção da CUT, que é uma direção petista. Ela se adaptou completamente a política do governo,uma coisa absurda de se fazer. Uma central sindical na verdade, mesmo quando seu governo, o governo que está lá é do seu partido, ela deve redobrar o esforço para conseguir coisas para os trabalhadores, pra isso é que serve eleger um governo finalmente.”

 “O que nós vimos naquele momento tem muito a ver com o golpe de 2016 depois, porque foi criando as condições e o clima para esse golpe.Dirigentes sindicais da CUT encararam o governo não como uma oportunidade para conseguir conquista para os trabalhadores, mas como uma oportunidade para conseguir emprego para eles mesmos. Nas categorias estatais, inúmeros sindicalistas se transformaram em administradores das empresas estatais.”

 Para exemplificar a crítica em relação aos dirigentes da CUT após a eleição presidencial de 2002, Rui falou sobre a própria política do PT em relação aos trabalhadores do Correios:

 “ Vou citar um caso muito importante que é o caso dos Correios. No caso dos Correios, cem dirigentes sindicais se transformaram em dirigentes dos Correios. A política do PT para os Correios, foi uma política péssima, basicamente eles continuaram com a política que existia anteriormente, arrocho salarial. Eles assumiram a direção da empresa e trataram da seguinte maneira: a empresa precisa dar lucro. Como se não fossem mais gente de esquerda, não fossem sindicalistas e estivessem no papel de capitalistas que administram uma empresa. Isso aí gerou uma enorme revolta nos trabalhadores, gerou uma crise no PT e nos Correios e depois os trabalhadores dos  correios foram estigmatizados por gente do PT que não conhece a história, que não sabe de nada, não sabe o que aconteceu, como se os trabalhadores dos correios fossem todos bolsonaristas.”

 “Na verdade quem empurrou uma parcela, os trabalhadores dos Correios não são todos bolsonaristas, isso é absurdo. Mas quem empurrou parcela dos trabalhadores dos Correios para o Bolsonaro foi o próprio PT, com essa política desastrosa.

“ Eu menciono isso porque a coisa está voltando a acontecer. O Bolsonaro deu 9% para os trabalhadores dos Correios, a atual administração, a administração do governo Lula deu 3%. Não sei porque o Lula permite que o pessoal faça isso aí. Eu acho que ele deveria olhar essa situação. Por que vai arrochar o salário do trabalhador? aumenta o salário desse povo! Eles estão no governo, eles têm condições de fazer isso, não precisa de aprovação do congresso.”

“ Os Correios é uma empresa totalmente estatal, não é como a Petrobrás. A direção da empresa pode se reunir e falar: Vamos dar 15% de aumento para os trabalhadores, vamos melhorar as condições dos trabalhadores, vamos diminuir ou acabar totalmente com a terceirização. Por que não?É uma coisa elementar.”

 “ O PT teve que dar o ministério das comunicações para um vagabundo da direita para fazer acordo. Tudo bem,  mas isso não quer dizer que o governo não possa dizer pra esse vagabundo: dá aumento para o trabalhador. Você quer o ministério, mas aqui vai ter que tratar bem os trabalhadores.”

 “ Eu digo isso porque amanhã, os trabalhadores dos correios, que não é pouca gente… são trinta mil trabalhadores, juntando uma camada de terceirizados e família, nós temos  mais de meio milhão de pessoas, que estão em contato com muita gente.”

 “Um carteiro, ele é querido pela população, ele tem um relacionamento humano com as pessoas. Agora você vai tratar os trabalhadores dos Correios mal? Não venha reclamar que o trabalhador dos Correios é bolsonarista. Se você tratar um cachorro a pontapé, ele vai se voltar contra você, e o trabalhador dos Correios é um ser humano, não um cachorro.”

 “É bom deixar isso bem claro, nós estamos na verdade advertindo o governo do PT, pra não fazer a mesma loucura que fez no passado.” “Nós não estamos como o Gregório Duvivier tentando botar o governo do PT numa sinuca. Não! Deixo claro aqui minha posição: Lula, trate bem os trabalhadores dos Correios! Trate bem o trabalhador da Petrobrás!É uma base de sustentação das melhores políticas que podem ser aplicadas nesse país.”

 “ A CUT não conseguiu fazer isso aí. No interior da CUT, isso deu lugar a uma política que se revelou como parte da política golpista.” “ Apareceu um grupo muito esperto, muito malandro, que é ligado ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, que passa sabe-se lá deus porque como trotskista, a gente até gostaria que eles mudassem, que eles falassem que são outra coisa, porque queima o filme do trotskismo as coisas que eles fazem. Eles apareceram com a seguinte ideia: tem que romper com a CUT!”

 “ Ora, qualquer marxista que tenha participado do jardim de infância do marxismo, não precisa ser catedrático. Sabe que uma lei de ferro da política marxista, da política revolucionária: é que você não vai romper com a direção do sindicato, se a direção do sindicato está agindo mal. Isso simplesmente não existe. Se a direção do sindicato está agindo mal, você luta contra aquilo que a direção do sindicato tá fazendo, luta para mudar a direção do sindicato.”

 “ Eles (PSTU) inventaram uma história que a CUT não era um sindicato, o que é meio absurdo. Eles atraíram um monte de gente para criar uma coisa que existe até hoje, é a Conlutas, que de lá pra cá, não só não aumentou de tamanho, que já era ultra pequena, como diminuiu, hoje em dia deve ser 25%, um terço do que era no passado. Mas eles conseguiram atrair alguns sindicatos para essa política totalmente equivocada. Eles estabeleceram que a luta no momento, era a luta contra o governismo, não se deram conta que era um governo de esquerda, que você tem que criticar, mas não pode transformar o governismo em alvo principal. Eu também não ouvi nenhuma conversa de governismo no governo Temer e Bolsonaro.”

 “ Depois esse pessoal foi ponta de lança do golpe de estado falando que a Dilma tinha que sair, depois pra dourar um pouco a pílula, falaram que todos tinham que sair, mas quem estava no governo era só a Dilma.”

 “ Eu relato esse acontecimento aqui porque é muito importante. Primeiro porque tem que ter uma política correta em relação aos sindicatos e a CUT, a política correta é lutar para que os sindicatos seja um instrumento dos trabalhadores, não lutar para dividir os sindicatos.”

 “ A nossa política que é a única política correta é atuar no interior da CUT, pressionar os dirigentes da CUT para que eles tenham uma política correta, combater a política errada, mobilizar os trabalhadores contra a política errada, mobilizar os trabalhadores pela política certa. Tudo isso aí dentro da CUT.”

 “Ninguém disse que a luta revolucionária é uma coisa fácil, você vai enfrentar um monte de problemas.”

 Com esse retrospecto e esse alerta para o futuro próximo na política nacional, o companheiro Rui encerrou as exposições sobre os 40 anos da CUT.

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