Quem lê a mais nova entrevista de Guilherme Boulos ao jornal O Globo tem a impressão de que o psolista já é um consenso em toda a esquerda paulistana nas eleições municipais de 2024:
“Eu serei, sim, candidato pelo PSOL, mas não serei candidato de um partido. Espero ser o candidato de uma frente com PT, PCdoB, PV, Rede, PDT e, eventualmente, com outros partidos que podem se somar”.
Não há dúvidas de que Boulos está confiante. Mas a questão é: de onde vem tanta certeza de que irá reunir uma constelação de partidos à sua volta?
Não vem, obviamente, do Partido dos Trabalhadores (PT), o maior partido de esquerda do Brasil e que já governou São Paulo por três dias. O partido tem evitado definir apoio ao petista oficialmente. Internamente, há muita resistência a candidatura de Guilherme Boulos, especialmente entre os setores mais conscientes, que participaram da luta contra o golpe e que acompanharam todas as manobras da burguesia em que Boulos esteve envolvido.
A confiança de Boulos de que será o candidato da esquerda vem de fora da esquerda. Vem da burguesia. O que lhe faz achar que será o candidato do conjunto da esquerda são as pesquisas de opinião da imprensa golpista, as matérias elogiosas e as fofocas que, coincidentemente, sempre são favoráveis ao psolista e desfavoráveis aos setores petistas que não querem a candidatura de Boulos.
Boulos se sente confiante porque o apoio da burguesia é grande. Prova disso é o fato de que a pessoa no PT que mais se opunha publicamente à sua candidatura, Jilmar Tatto, se tornou alvo de uma operação da Polícia Civil – uma clara retaliação às suas declarações.
O apoio da burguesia a Boulos é a principal prova de que o psolista não merece apoio algum da esquerda. Boulos é um cavalo de Troia da burguesia, uma figura que está sendo infiltrada para confundir a esquerda e submetê-la aos planos do imperialismo.