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"Machismo"

A cobertura identitária para atacar o futebol

Colunista e diretora do IREE acusa o futebol de ser machista

No último dia 4 de abril, Danielle Zulques, apresentada como Diretora para assuntos de política e sociedade do IREE, publicou artigo no sítio do instituto chamado “O machismo no futebol”.

“O futebol, além de pregar máximas patriarcais, se propõe a perpetuar o que há de mais tóxico dentro do referencial de masculinidade”, afirma ela.

Vejam só como o “futebol” torna-se, na linguagem da colunista, uma espécie de personalidade que se propõe a ser machista. Esse tal “futebol” realmente nunca foi flor que se cheire.

É assim que pensam os representantes da classe média que não tem relação com a cultura popular. “O futebol” virou um ente com personalidade e vontade própria. E “O Volei”? e “O Basquete”? O que poderíamos dizer de cada um dos esportes? Eles também são entidades capazes de “propor” uma determinada conduta?

“não à toa vimos inúmeros casos de acusações de estupros e até crime de feminicídio cometidos por jogadores, que são formados dentro dos clubes, onde as mulheres são vistas como seres inferiores, inclusive ao receberem menores salários como profissionais e terem seus corpos objetificados.”

O interessante nesse tipo de colocação é que os identitários acabam por trair suas próprias convicções. Vejam só. Segundo a ideia do identitarismo, a sociedade é machista porque há um “machismo estrutural”. Mas se toda a sociedade é machista qual seria a importância de acusar “O futebol”?

A importância está justamente que o objetivo da colunista é criticar o futebol porque para ela essa manifestação popular não tem a menor relevância.

Por isso, qualquer motivo é motivo para criticar. 

“Obviamente que não foi o futebol moderno que inventou os ataques às mulheres nos esportes, isso é estrutural e persiste por séculos, porém é certo que os dirigentes cultuam o sexismo dentro de seus times.”

Conforme ela afirma, o problema não estaria no “futebol moderno”, porque o problema é estrutural. Mas então, de que serve sua crítica? Poderíamos responder que não serve para nada, mas isso não é verdade.

Existe uma moda entre pretensos intelectuais e acadêmicos que é desprezar o futebol, em particular o brasileiro. Como sabemos, a classe média não resiste a uma moda, e aí está nossa colunista aproveitando a oportunidade para dizer que “O futebol machista”.

Melhor do que seguir uma moda é seguir duas: falar mal de futebol usando a pretensa defesa da mulher como justificativa.

A colunista afirma que os dirigentes dos clubes “cultuam o sexismo”. Ela só não explica de onde tirou essa constatação. Terá ela feito uma pesquisa nos alojamentos espalhados pelo País, onde ficam milhares de garotos das categorias de base? Muito difícil. Ela fala isso apenas por falar e atribui ao futebol uma característica que seria geral. De fato a educação das crianças, num mundo em que os homens possuem mais poder que as mulheres, não é lá muito favorável às mulheres, mas se é assim, o problema não é nenhuma conduta específica dos dirigentes.

Outra característica nefasta, segundo ela, e que contribui para esse “machismo no futebol” é a diferença de salários entre homens e mulheres. Diferença que também existe em todas as esferas da sociedade, mas que no futebol, isso devemos concordar, é muito exorbitante.

Mas daí a dizer que esse fato é um fator que impulsiona o “machismo no futebol” vão duas voltas olímpicas no Maracanã.

Não basta afirmar, é preciso mostrar. A autora parece ignorar que a diferença de salários, por mais reprovável moralmente que possa ser e é, é produto de uma história do futebol. O futebol praticado por homens tem uma história de mais de cem anos, passou por várias fazes até chegar no que é hoje.

As mulheres começaram a praticar esse esporte muito tempo depois. Seria um erro atribuir esse fato apenas ao machismo da sociedade. Há muitos outros fatores que interferiram aí e que a autora desconhece ou oculta.

Isso porque, como dissemos, o objetivo da colunista é falar mal do futebol.

“O futebol é o esporte de maior prestígio no cenário nacional e parte desse fascínio se associa ao fato do grande aporte midiático que o esporte recebe.”

A popularidade do futebol nacional não pode ser explicado pelo destaque recebido na imprensa. O futebol é uma manifestação da cultura popular e como tal tem uma grande dose de espontaneidade. A burguesia e seu aparato de propaganda se apoderaram dessa popularidade, como acontece, em geral com fenômenos similares.

Ao ignorar esse fato, a colunista pode se sentir à vontade para falar mal do futebol, o grande vilão machista da brasileira. É por esse motivo também que a autora fala com desprezo que milhões de crianças no Brasil sonhem em ser jogadores, para ela, isso não é importante porque não faz parte de seu meio. Se ela tivesse alguma empatia com a cultura popular, ela teria tal desprezo.

“Ocorre que a única preocupação dos clubes, quando esses jogadores chegam, jovens e crianças nas categorias de base, é de que eles tenham virilidade e se imponham fisicamente sobre os outros.”

Nesse trecho, a autora demostra que seu objetivo é pura e simplesmente detratar o esporte mais popular do País. Quer dizer então que nos outros esportes os jovens são educados a não se impor fisicamente sobre os outros? Só no futebol existe competitividade, nos outros esportes não? Mas ela vai além:

“E essa não é uma culpa apenas das instituições futebolísticas. As próprias torcidas pensam apenas nas vitórias dos atletas. Para muitos, o jogador de futebol não necessita de educação escolar.”

Vejam só essas massas de gente inferior, vejam essa ralé que torcem para os times, que querem ver seus times ganharem. Aqui, a colunista deixa de parecer uma universitária de classe média que já fica mais parecida com aquelas madames que sente total nojo do povo. Segundo, a autora, as torcidas deveriam parar de torcer, ou seja, parar de pensar nas vitórias, onde já se viu ficar por aí querendo ver seu time ganhar? Falar que os torcedores não ligam para os estudos do jogador é uma colocação totalmente sem sentido. Um jogador deve saber jogar bola, para isso, deve desenvolver seu intelecto para essa atividade. É isso, o que não tem nada a ver com deixar ou não deixar de estudar.

É como diz o samba do grande compositor paulista Geraldo Filme: “Garoto de pobre/Só pode estudar/Em escola de samba/Ou ficar pelas ruas/Jogado ao léu”. Não sabemos se o samba, outra manifestação popular do povo brasileiro, também é “machista” e desprezível” para a autora, mas no caso do futebol vale a mesma coisa. O filho do pobre também pode estudar num clube de futebol e esse estudo pode transformá-lo num gênio como foi Pelé e tantos brasileiros.

Mas qual é a importância disso para a colunista do IREE? Nenhuma. Afinal, ela escreve para um instituto que tem entre suas preocupações a levar adiante uma política anti-nacional. Um órgão, como já dissemos algumas vezes nesse Diário, ligado a organizações imperialistas como a Global Americans e o NED.

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