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Esquerda pró-imperialista

A CIA e a esquerda: confundir para reinar

A operação da CIA junto à esquerda brasileira é responsável pela capitulação diante das ações revolucionárias do Hamas. A esquerda pede o cessar fogo sob Gaza, mas não tem plano B

Netanyahu afirmou em entrevista transmitida na noite de segunda-feira, que Israel manterá o controle de segurança em Gaza ‘indefinidamente’ após a guerra, e que o país terá “responsabilidade de segurança” sobre a Faixa de Gaza durante algum tempo após o fim da guerra. 

Em outras palavras, Israel nunca sairá de Gaza… 

Em termos práticos, como a esquerda espera que Israel saia de Gaza? 

Se chamar um esquerdista pequeno-burguês para responder a essa questão, a maioria dirá que as Nações Unidas devem resolver o problema, que é preciso ter “diálogo”, que bastaria uma “intifada” pacífica – como propôs a Esquerda Marxista do PSOL.  

Nenhuma dessas respostas é factível. Primeiro porque tentam responder a pergunta com base no território errado, ou seja, partindo do Brasil; segundo porque a ONU não tem capacidade de agir e o tal “diálogo” não considera a força real, que já matou mais de 10 mil palestinos em um mês. 

Concretamente, a única força capaz de parar Israel é a resistência armada. 

Mas, por que a esquerda brasileira é incapaz de pensar concretamente e apoiar o Hamas?  

Porque a esquerda brasileira está entranhada no sionismo e seu Soft Power, que inclui ONGs, fundações, escolas, institutos de pesquisa, imprensa e canais de televisão. O projeto sionista de fato alienou os brasileiros, e contou com uma péssima educação formal dos últimos 25 anos e um pouco mais. 

Hoje temos pessoas e organizações que se consideram revolucionárias, que condenariam a resistência vietnamita, coreana, o movimento 26 de julho, a revolução chinesa e todas as lutas de libertação nacional. Todas as lutas seriam consideradas como “terroristas”. 

A vitória do imperialismo no campo educativo/cultural/político, até aqui, se deve a uma das táticas desenvolvidas pelo Pentágono, logo após a queda do muro de Berlim, conhecida como “Domínio de Espectro Total”, que foi descrita em um livro chamado “Full Spectrum Dominance: Totalitarian Democracy in the New World Order”, pelo alemão F. William Engdahl.  

De acordo com o autor, o Pentágono, passo a passo, com cuidado, desenvolveu uma estratégia militar para dominar todo o planeta, o que nenhuma grande potência anterior havia alcançado, embora muitos tivessem tentado.  

O nome desse objetivo ficou conhecido como “Dominância de Espectro Total” e como o seu nome indicava, a sua agenda era controlar tudo, incluindo o alto mar, a terra, o ar, o espaço e até o espaço exterior e o ciberespaço. Essa agenda foi seguida durante décadas numa escala muito menor, com golpes de estado apoiados pela CIA em países estratégicos.  

Já em 1939, um pequeno círculo de elite de especialistas tinha sido reunido sob o mais alto sigilo por uma organização privada de política externa, o Conselho de Relações Exteriores de Nova Iorque. Com um financiamento generoso da Fundação Rockefeller, o grupo decidiu mapear os detalhes de um mundo pós-guerra. Na sua opinião, uma nova guerra mundial era iminente e das suas cinzas apenas um país sairia vitorioso – os Estados Unidos. 

A Dominância de Espectro Total viria apenas aperfeiçoar a estratégia de Estado dos Estados Unidos em avançar em novas frentes, ainda mais desafiadoras. Com a “Guerra ao Terror” dos EUA, toda essa operação foi colocada em prática. 

A propaganda da “Guerra ao Terror” dos EUA reformulou a ideia de guerrilha na Colômbia e líderes como Hugo Chávez foram demonizados por defender “terroristas”.  

De acordo com Engdahl, no final de 2008, a superpotência global, os Estados Unidos, assemelhava-se cada vez mais ao Império Britânico do final da década de 1930, ou seja, um império global em declínio terminal, pois passou a enfrentar oposição desde a Rússia à China, da Venezuela à Bolívia e mais além – estava a começar a pensar em alternativas melhores.  

Para o Pentágono, tais agitações tornaram o trabalho do Domínio de Espectro Total mais urgente do que nunca. O declínio do poder do Século Americano dependia cada vez mais do controle militar direto, através de uma rede mundial das suas bases militares e organizações de soft power. 

Para isso, a RAND Corporation desenvolveu o termo “Swarming” que se refere a “padrões de comunicação e movimento de abelhas e outros insetos e a aplica-se a conflitos militares por outros meios. Manifestam-se através de ações secretas da CIA para derrubar governos democraticamente eleitos, remover líderes estrangeiros e funcionários-chave, apoiar ditadores amigos e atingir indivíduos em qualquer parte do mundo. 

Com a propaganda e atividades do Fundo Nacional para a Democracia/ National Endowment for Democracy (NED), do Instituto Republicano Internacional/ International Republican Institute (IRI) e do Instituto Nacional Democrático/ National Democratic Institute (NDI) – representando ONGs, mas, na verdade, são organizações financiadas pelo governo dos EUA encarregadas de amotinar a democracia, desenraizá-la onde ela existe ou impedir a sua criação por meios criminosos de ruptura. 

Os métodos incluem greves não-violentas, protestos de rua em massa e usar a comunicação mediática para a mudança de regime. 

Além da guerra, várias táticas são sistematicamente utilizadas como propaganda, urnas sabotadas, eleições compradas, extorsão, chantagem, intrigas sexuais, histórias falsas sobre oponentes nos meios de comunicação mediática local, greves de transporte, infiltração e interrupção de partidos políticos opostos, raptos, espancamento, tortura, intimidação, sabotagem econômica, esquadrões da morte e até mesmo assassinato. 

Todo esse embaralhamento de operações acaba por convergir todos a problemas políticos comuns, mas sob uma única orientação. No caso do “terrorismo”, as redes de ONGs de esquerda atuam para condenar “ações violentas”, e no caso da direita, para reforçar o sentimento de segurança contra rebeldes do regime político. 

Toda a ação psicológica no caso brasileiro, com a entrada desse protocolo de ação, resultou na formação de uma esquerda completamente alinhada ao imperialismo, atualmente reféns de ONGs e políticos oportunistas como os políticos do PSOL, especialmente Guilherme Boulos, o que aproveitou melhor as brechas do sistema para entronizar como falso líder da esquerda.  

Hoje esses políticos do tipo PSOL, atuam para dissuadir um verdadeiro apoio internacionalista à causa palestina, e apoiar o Hamas, o partido mais representativo dos palestinos. A contaminação da política do PSOL afeta drasticamente o PT, que pelo que se viu até o momento, atua de modo sionista, com um falso apoio aos palestinos. 

Essa operação da CIA junto à esquerda brasileira será revertida com muita luta e atuação firme da militância anti-imperialista, junto às organizações de luta e movimentos sociais. A atuação das ONGs na construção de uma esquerda identitária, incapaz de saber situar cada luta política no mundo, precisa ser denunciada. 

Para que haja êxito nesta luta, é preciso conhecer as armas do imperialismo, suas táticas e seus truques. Saber como o inimigo atua, e como faz o uso dos instrumentos de guerra, tanto na atuação militar direta, quanto indireta, é fundamental para reverter esse quadro de profundo deserto intelectual da esquerda, que neste momento está quase que completamente dominada. 

Voltando às intenções de Netanyahu, parece mentira, mas a esquerda, até o momento, acredita que abrir uma roda de ciranda em Gaza, pode acabar com a guerra. E essa falta de inteligência se deve às ações bem-sucedidas até aqui, por parte de toda a rede de ONGs e fundações do imperialismo, que figuram na internet como sendo de esquerda. A ação da CIA e do Pentágono é confundir para reinar, pois hoje, sem dúvida alguma, a esquerda brasileira aplaudiria o assassinato de Che Guevara pela CIA.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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